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Tristeza de final de ano pode servir como um estímulo para mudanças

Quando só os aspectos ruins do ano são evidenciados a tristeza aparece - Thinkstock
Quando só os aspectos ruins do ano são evidenciados a tristeza aparece Imagem: Thinkstock

Marina Oliveira e Thaís Macena

do UOL, em São Paulo

16/12/2013 07h54

Para muitas pessoas, os últimos dias do ano não são apenas uma época de comemorações e alegrias. Nesse período, é comum fazermos um balanço da vida, para analisar conquistas, perdas, acertos e erros. E quando nem tudo saiu como o esperado, é normal bater uma tristeza.  

Nesse caso, os aspectos ruins é que ficam em evidência, como se nada de bom tivesse acontecido durante o ano. Essa percepção da realidade pode provocar uma mudança de humor.

"A curto prazo, pode até haver um isolamento social. A pessoa pode se sentir mais cansada, perder a vontade de fazer coisas que antes davam muito prazer. O sono e o apetite também podem aumentar ou diminuir", afirma a psicóloga Jessye Cantini, do Instituto de Psiquiatria da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
 
O período pode ser especialmente melancólico para aqueles que perderam entes queridos, recentemente ou não. "Como é uma época em que a maioria das pessoas se reúne com família e amigos para celebrar, quem perdeu alguém pode ficar mais sensível", diz a psicóloga. 
 
 

Tristeza e depressão são diferentes

 
Não há nada de errado em ficar triste de vez em quando, embora a nossa cultura condene a tristeza. "Hoje em dia, precisamos aparentar alegria e satisfação o tempo todo. Sentir-se triste é como fracassar", fala o psicólogo Aurélio Melo, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.

Porém, segundo os especialistas, a tristeza, quando temporária, tem, sim, um lado bom. Isso porque só quando nos sentimos insatisfeitos é que buscamos mudanças e renovação.

"Avaliar o que deu certo e o que não deu é um bom exercício de autoconhecimento. O sentimento de frustração é que ajudará a dar novo significado à vida", explica a psicóloga Denise Pará Diniz, coordenadora do setor de gerenciamento de estresse e qualidade de vida da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
 
O abatimento só deve ser motivo de preocupação se evoluir de intensidade e se continuar influenciando a rotina algum tempo depois das festas. "O choro fácil, a vontade de ficar sozinho, os problemas de sono e de apetite não podem durar mais de três meses. Nesse caso, pode ser depressão, problema que exige acompanhamento psicoterápico para ser vencido", diz Denise. 

 

Do negativo ao positivo

Algumas medidas objetivas ajudam a enfrentar a tristeza típica de final de ano. Quando o motivo do baixo astral é a morte de alguém, pode ser reconfortante tirar um tempo para relembrar a pessoa, organizando fotos antigas, visitar o cemitério ou fazer orações, por exemplo.

"Vale fazer esse exercício por alguns dias. Porém, passado esse primeiro momento, mesmo que sem muita vontade, é preciso se distrair com coisas de que gosta. Ceder ao desânimo pode abrir uma brecha para a depressão se instalar", afirma Jessye. 
 
Quando o desânimo é resultado de uma retrospectiva que constatou falhas, é preciso ser mais prático. A dica é analisar o que deu errado e a sua responsabilidade no processo todo.

"Tente fazer essa avaliação de uma forma racional, separando as expectativas e frustrações em relação ao outro e a si mesmo. Evite puxar toda a responsabilidade para si ou jogar tudo nas pessoas com quem convive ou em circunstâncias externas", explica Denise. 
 
A partir dessa análise, trace um planejamento, estabeleça metas possíveis e liste o que cabe a você fazer para chegar lá. "É assim que a pessoa aprende com suas insatisfações e se prepara para um novo ano diferente e muito melhor do que o passado", diz Jessye. 
 
Outra alternativa para sair do baixo astral é concentrar suas atenções no presente. "Já que pensar no passado entristece e imaginar o futuro traz certa dose de ansiedade, pense no hoje. É matar um leão por dia e ter em mente que fazemos sempre o melhor que podemos, dentro das condições que temos”, declara Denise.