Plano de parto lista os desejos da gestante; veja prós e contras
Você já ouviu falar em plano de parto? Trata-se de uma carta feita pela gestante para o dia do nascimento do bebê e os momentos subsequentes, com uma lista de procedimentos que ela deseja que sejam realizados ou não.
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- http://mulher.uol.com.br/gravidez-e-filhos/enquetes/2014/01/23/voce-concorda-com-o-plano-de-parto.js
No plano, a grávida pode manifestar seu desejo de ter um parto normal, receber ou não anestesia, a posição em que quer dar à luz e quem deve cortar o cordão umbilical do bebê, entre outras vontades.
Ana Garbulho, obstetriz formada pela USP (Universidade de São Paulo), consultora de aleitamento materno do Gama (Grupo de Apoio à Maternidade Ativa) e do ComMadre – Apoio à Gestação, Parto, Amamentação e Pós-Parto, ambos em São Paulo, sugere que tudo o que for conversado com o médico do pré-natal seja colocado em papel e assinado pela grávida e pela equipe que realizará o parto. Para ela, a mulher deve ter voz ativa em todo o processo de nascimento.
"O bom plano prevê as intercorrências também, como a necessidade de uma cesariana, quando a mulher deseja um parto normal", diz ela. "Os médicos que são seguros de suas práticas concordam em assinar o plano sem medo", afirma Ana.
Para a ginecologista e obstetra Flávia Fairbanks, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo, registrar por escrito não é recomendável, pois, na opinião dela, o profissional tem de ter liberdade para trabalhar.
"Além disso, a vontade da mulher na hora que está escrevendo o plano é muito diferente da que ela tem na hora do parto". Há casos de gestantes que escreveram não querer anestesia no parto normal. No entanto, no momento de dar à luz, não aguentaram a dor e pediram pelo medicamento. Depois, questionaram o médico porque ele atendeu à vontade dela se no documento constava o oposto.
Plantão de dúvidas
Apesar de contrária a um plano de parto por escrito, a obstetra Flávia diz que, durante o pré-natal, é importante que a grávida exponha todas as suas dúvidas e expectativas para avaliar se o profissional que a está acompanhando é o mais adequado.
"Ainda mais porque vivemos tempos de bombardeio de informações", diz a médica. "Porém, a mulher deve compreender que nem sempre o que deseja pode ser feito. A decisão final sempre é do médico", afirma.
A ginecologista e obstetra deixa claro que a gestante não deve acreditar que pode dar ordens ao profissional. "Da mesma maneira que os passageiros não dizem ao piloto do avião como ele deve proceder no controle da aeronave, a paciente não pode querer conduzir a prática médica. Se as expectativas da mulher não coincidirem com o discurso do médico, recomendo buscar outro profissional. Há excelentes médicos que seguem diversas linhas".
Sobre o que conversar com o médico?
Flávia sugere questões a serem discutidas para que a mulher conheça em detalhes a forma de atuação do obstetra. Veja:
- O que o médico pensa sobre aplicação ou não da anestesia?
- Qual é a sua tolerância em relação à data do parto (ele aceita ultrapassar 41 semanas se o bebê não se manifestar?)
- O médico estará disponível para fazer o parto na época prevista (não estará de férias, por exemplo)?
- Em relação ao trabalho de parto, nos momentos que o antecedem, a gestante pode andar, ficar de cócoras, na bola ou na banheira de hidromassagem, por exemplo?
- É comum o médico optar pela episiotomia (a incisão feita na região do períneo para ampliar o canal do parto, em caso de parto normal)?;
- Ele costuma aplicar ocitocina (a substância que promove contrações)?;
- Quem fará o corte do cordão umbilical?;
- O médico aplicará nitrato de prata nos olhos do bebê assim que ele nascer (indicado para prevenir conjuntivite, dentre elas, a causada pela gonorreia contraída pela mãe)?;
- Qual posição é a recomendada por ele na hora de dar à luz, se o parto for normal?;
- Qual será o destino da criança assim que ela nascer? O médico permitirá que o bebê vá imediatamente para o colo da mãe para mamar?
Itens que podem constar em um plano de parto:
- "Complicações podem acontecer. Peço que, nesse caso, a equipe médica discuta comigo os procedimentos e medicamentos antes de administrá-los, se possível";
- "Durante o trabalho de parto, opto por fazer (ou não fazer) a tricotomia (raspagem dos pelos pubianos)";
- "Não deve ser oferecido ao bebê qualquer tipo de alimento, fórmula, água ou chupeta. Ele deve receber exclusivamente leite materno via amamentação";
- "A placenta deve ser expulsa espontaneamente da parede do útero. Não deve ser efetuada nenhuma tração ou injeção de medicamentos para acelerar a saída, a menos que haja necessidade";
Acompanhante é um direito
A presença de um acompanhante antes, durante e depois do parto, escolhido pela gestante, é uma garantia legal. A lei vale para todos os hospitais do país, sejam públicos ou privados. A futura mãe pode optar por uma doula –pessoa que dá aconselhamento e assistência não médica (física, emocional, informativa etc.) a parturientes.
- "Caso a cesárea seja necessária, desejo anestesia peridural, sem sedação";
- "Quero ver a hora do nascimento, com o rebaixamento do protetor ou por um espelho";
- "Após o nascimento, o bebê e eu estando bem, desejo que o coloquem sobre meu peito e que minhas mãos estejam livres para segurá-lo. Quero amamentá-lo o quanto antes".
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