Os g0ys (com o número zero no lugar da letra a) são homens que gostam de se relacionar entre si, com envolvimento que pode ir desde uma simples demonstração de afeto até a prática do sexo oral. Também costuma ser bastante comum entre eles a masturbação em grupo. Apesar de apreciarem a intimidade com alguém do mesmo sexo, os g0ys não se consideram gays.
Dentro dos preceitos desse novo movimento, definem-se como homens mais liberais, que curtem amizade e “brincadeiras sacanas” com outros homens, porém condenam o sexo anal. “Sexo e penetração exclusivamente com mulheres” é um dos slogans destacados pelo Hetero G0y, principal site sobre o movimento no Brasil.
“G0y é uma condição intermediária, seria um meio termo entre os extremos do homem totalmente heterossexual para o homem totalmente homossexual”, explica Master Fratman, um dos precursores do conceito no País, que prefere não se identificar. Apesar de ser algo recente por aqui, a identidade g0y já existe desde o início dos anos 2000 nos Estados Unidos.
Além do termo g0y, há também a palavra bromance (a junção de brother – irmão, camarada – com romance, em inglês) para designar essa relação entre homens heterossexuais. O clipe da música em inglês Bromance já passou dos 25 milhões de acessos no YouTube, reforçando no refrão que "não há nada gay nesse amor".
Para o psicólogo Klecius Borges, especialista em terapia afirmativa para gays, lésbicas e bissexuais, é difícil dizer se os g0ys também são ou não homossexuais, já que recusam a identidade gay, mas apreciam a prática afetiva e sexual com homens. “Me parecem mais uma versão conservadora da conhecida categoria de homens que fazem sexo com homens, nesse caso com algumas restrições”, declara.
Fora do arco-íris
Por rechaçar os estereótipos ligados à imagem dos gays, os g0ys criaram até uma bandeira própria, em tons de azul e branco. Nos Estados Unidos, essa repulsa do movimento à cultura gay é mais forte do que no Brasil. Para Master Fratman, as críticas de homofobia que os g0ys vêm recebendo são infundadas.
“Não entendo como a comunidade LGBT ( Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) tem coragem de chamar de homofóbico alguém que beija uma pessoa do mesmo sexo”, defende.
Um dos principais elementos valorizados pelos g0ys gira em torno da exaltação da masculinidade. Nos sites g0ys, imagens de corpos bem esculpidos e atividades tipicamente masculinas ganham destaque. É também por essa razão que a penetração não se encaixa, já que na visão deles essa seria uma forma de submissão.
“O sexo anal passa a ser uma coisa degradante porque se torna sinônimo de uma feminilização do outro, de coloca-lo em uma posição humilhante e isso não é compatível com o ideal de masculinidade que estão pleiteando”, explica o sociólogo Felipe André Padilha, integrante do grupo de pesquisa “Corpo, Identidades e Subjetivações” da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).
Padilha também observa que o movimento g0y no Brasil ganhou uma conotação um pouco diferente da que existe nos Estados Unidos, onde o viés histórico e religioso tem mais importância. Os norte-americanos remontam à Grécia Antiga e até ao Velho Testamento para justificar esse comportamento. Essas ideias também são reproduzidas nos sites brasileiros, porém com menos ênfase. “No discurso dos g0ys americanos, o afeto entre homens é natural e sempre existiu na história da humanidade”, ressalta.
Fraternidade masculina
A busca por uma nova denominação vem também do anseio de fugir dos estigmas negativos associados aos gays pela sociedade. “De certa forma, não desejam abrir mão da identidade heterossexual e de seus privilégios sociais, mas querem se permitir vivenciar desejos e afetos homoeróticos”, analisa Klecius Borges.
Existem gays que também não gostam de sexo anal, são os chamados gouines. Segundo Master Fratman, a diferença entre os gouines e os g0ys está na forma de agir. “Além de não praticar sexo anal, o g0y deve ter atitude e postura masculina”, explica.
Os g0ys defendem uma relação entre homens que vá além do sexo. Isso é o que busca Ricardo (nome fictício), 31, empreendedor do Rio de Janeiro (RJ). “Desde cedo, sentia atração por outros homens, mas não tanto sexual, algo mais afetivo que quase parecia erótico”, lembra.
Apesar de ser noivo de uma mulher, Ricardo gosta da cumplicidade que encontra no relacionamento com homens. “O amor entre g0ys é construtivo, sinergético e libertador”, afirma.
Os ideais dos g0ys são influenciados pela cultura norte-americana das fraternidades masculinas, grupos fechados de universitários. Neste sentido, de maneira geral, os eles preferem namorar e casar com mulheres, mas sem abrir mão de uma amizade mais íntima com outros homens.
“O movimento g0y preza mais pelos contatos, mostrando que o amor e o afeto são questões superiores e mais amplas que o sexo”, fala Master Fratman. Apesar desse ideal, ainda é comum na página Espaço G0y e Afins, no Facebook, postagens de homens em busca de parceiros e perguntas sobre preferências sexuais.
Conheça os principais slogans dos g0ys:
- Sexo e penetração exclusivamente com mulheres.
- Não à prática do ativo x passivo, somos todos iguais, devemos nos relacionar nos respeitando como iguais.
- Não insista nem importune a sua esposa, se você não gosta de sexo anal, por que ela deveria gostar? Tudo deve ser consensual.
- Confiança e respeito são fundamentais.
- Os gays-zero (ou gouines) são também nossos brothers!
- Não nos identificamos com estereótipos que são promovidos pela comunidade LGBT e amar outros homens não tem nada a ver com jogar o papel feminino para o parceiro.
Existem formas de prazer sexual que você nem imagina; conheça 22 curiosas
Você já ouviu falar em parafilia? É uma forma de obter desejo, excitação e prazer sexual de modo incomum, pelo menos para a maior parte das pessoas. Não se trata de perversão nem de doença, mas de um comportamento específico que nem sempre envolve a relação sexual como ela é tradicionalmente conhecida. Há quem as utilize como um tempero no sexo e quem só alcança o clímax com essas práticas. No segundo caso, especialistas dizem que os indivíduos devem buscar ajuda se desenvolverem uma fixação ou se a forma exclusiva de obter satisfação começar a causar sofrimento ou prejudicar as atividades cotidianas. Há parafilias que ferem a moralidade e são tidas como psicopatologias, como a pedofilia. As descritas a seguir são variações sexuais que envolvem práticas diferentes e não colocam a vida dos envolvidos (lembrando que a consensualidade é primordial) ou de terceiros em risco. Por Heloísa Noronha, do UOL, em São PauloLeh Latte/UOLFETICHISMO: o termo tem sido usado para designar os indivíduos que utilizam objetos inanimados (em geral, roupas ou sapatos) ou atentam apenas para uma determinada parte do corpo de outra pessoa para obter excitação ou satisfação sexual. É o caso de quem curte mulheres com saltos altos ou homens barbados, por exemplo. Segundo os especialistas, todos nós somos fetichistas em algum grau --afinal de contas, cada um tem suas preferências. O fetiche passa a ser um problema quando se torna a única forma de se alcançar o prazerLeh Latte/UOLSADOMASOQUISMO: nessa situação o casal (ou grupo) tem um jogo que envolve produzir e receber dor ou humilhação com significados sexuais. Mandar ou se submeter e ordenar ou obedecer são as principais brincadeiras, sempre consensuais e com regras bem definidas em relação a limites. Nem sempre o uso de objetos como chicotes e algemas faz parte da "cena", como é chamada a prática em ação --em muitos casos, os participantes investem em jogos psicológicos. O figurino (roupas de couro ou vinil, botas, saltos do tipo agulha) tem papel fundamental nessa parafiliaLeh Latte/UOLTRAVESTISMO: não tem a ver com orientação sexual, como muitos pensam, e é mais praticado pelos homens, também chamados de "cross dressers". Os praticantes usam roupas do sexo oposto para se excitar ou excitar a outra pessoa. Muitos vestem tais peças apenas para si mesmos, na própria intimidadeLeh Latte/UOLCISVESTISMO: usar uniformes ou roupas próprias de determinadas atividades ou profissões com a finalidade de fazer jogos sexuais. Exemplos: fardas, aventais de empregadas domésticas, jalecos, trajes de enfermeiras, aeromoças, bombeiros, mecânicos, médicos etc. Dificilmente o traje faz parte do cotidiano dos envolvidos. E também não precisa ser "real" ou verossímil --não é à toa que as sex shops oferecem múltiplas possibilidades. O que diferencia a parafilia de uma brincadeira, porém, é a necessidade de trazer com frequência a roupa para a excitação surgirLeh Latte/UOLCLAUSTROFILIA: nesse caso, as pessoas se sentem excitadas por estarem confinadas em espaços pequenos, claustrofóbicos. A claustrofilia pode fazer parte de um jogo sadomasoquista, em que o confinamento (em gaiolas ou jaulas) é parte de uma possível punição erótica e com finalidades sexuais para o casalLeh Latte/UOLINFANTILISMO: é uma forma de obter prazer sexual por meio de ações que imitem bebês e crianças pequenas. Usar mamadeiras, fraldas ou roupas infantis, brincar com bonecas ou bichos de pelúcia e receber alimentação com colher, por exemplo, são algumas das atitudes apreciadas pelos infantilistas --e podem ser realizadas a sós ou em parceria. Se houver uma segunda pessoa envolvida na prática, provavelmente ela assumirá o papel de cuidadora ("mamãe" ou "papai") do infantilistaLeh Latte/UOLPODOFILIA: trata-se do desejo e da excitação obtidos com os pés --e, por extensão, a determinados tipos de sapatos (retifismo) para algumas pessoas. É uma parafilia com uma gama diversificada de opções: há podólatras (a maioria é do sexo masculino, vale frisar) que curtem pés pequenos, outros gostam dos grandes, há os que preferem os com unhas curtas e bem cuidadas, os que ficam loucos com solas sujas e/ou suadas... Os pés nem sempre participam, de fato, da relação sexual --que nem sempre acontece, aliás. A simples observação dos pés já pode provocar tesãoLeh Latte/UOLCOMPUTER SEX: inclui desde teclar em algum chat erótico até usar web cam e excitar-se ao conversar com alguém (conhecido ou não) por programas de mensagens instantâneas. A troca de mensagens e fotografias ou imagens eróticas também faz parte dessa parafiliaLeh Latte/UOLFLATOFILIA: mais comum entre homens, é o prazer que surge ao sentir odores de gases intestinais --dos próprios, do parceiro ou de outras pessoas, durante o sexo ou nãoLeh Latte/UOLESPECTROFILIA: é o uso da ideia de um fantasma, um espectro, para se excitar. Pode acontecer através de histórias fantasiosas, filmes de terror ou até mesmo da simulação de sombras em um espelho, por exemploLeh Latte/UOLHOMIFOFILIA: consiste em ouvir ou fazer sermões como estímulo sexual. O hábito de frequentar igrejas desde criança pode permitir que algumas pessoas aprendam a se excitar ouvindo sermões do padre. Outra justificativa é a vivência de sempre ouvir broncas dos pais na infância, aprendendo a sobreviver a tais situações sem sofrimento, transformando a situação de punição em prazer sexualLeh Latte/UOLEROTOGRAFOMANIA: deleite proporcionado pela ação de escrever ou ler cartas e poemas de amor. Algumas pessoas lançam mão desse recurso para se excitarem com as palavras e, na sequência, transaremLeh Latte/UOLNASOFILIA: é o fetiche com nariz --gostar de pessoas com narizes grandes, por exemplo. Também denomina a prática de usar o nariz como principal objeto de desejo e excitação sexual, o que inclui vê-lo, tocá-lo, lambê-lo ou chupá-lo, fora e dentroLeh Latte/UOLHIRSUTOFILIA: muitas pessoas preferem (e até precisam) que a parceria sexual seja muito peluda pelo corpo todo, e em especial nos genitais. Esse é o ponto que produz desejo, excitação e prazer sexuaisLeh Latte/UOLDACRILAGNIA: algumas pessoas se excitam ao ver outra chorando e buscam condições para que isso ocorra --até mesmo causando uma briga-- e, assim, possam selar a paz com sexo depois da "desavença"Leh Latte/UOLODAXELAGNIA: morder ou mordiscar para obter prazer sexual. Não implica em fazer o outro sofrer (não tem necessariamente a ver com sadomasoquismo, portanto) e geralmente não produz marcas nem lesõesLeh Latte/UOLTITTILAGNIA: embora não seja comum, já que as contrações musculares produzidas pelas cócegas impedem o relaxamento necessário para a excitação sexual, há quem as provoque ou busque através de brincadeiras com a finalidade de acionar o gatilho do prazerLeh Latte/UOLTRICOFILIA: aqui, os cabelos são o objeto de desejo e excitação. Quanto mais longos, melhor. Vale tocá-los, enroscar-se neles, sentir o toque no corpo, passá-los nos genitais para ampliar as sensações eróticas durante as preliminares...Leh Latte/UOLOSMOLOGNIA: significa usar os cheiros para se excitar. Para as pessoas que apresentam essa parafilia, o que é ruim e até nojento para as demais é extremamente excitante para elas: pés sem higiene, axilas suadas, cabelos oleosos... Os odores não precisam necessariamente ser ruins, mas, geralmente, são (para a maioria das pessoas)Leh Latte/UOLTESAUROMANIA: a excitação é obtida e mantida ao se colecionar roupas íntimas de pessoas que são guardadas (resultado de furtos, muitas vezes) como troféus e que servirão para o prazer futuro, geralmente durante a masturbação solitáriaLeh Latte/UOLMELOLAGNIA: excitação erótica obtida com música. Ouvir um som estimulante é muito comum nos jogos sexuais, mas algumas pessoas somente conseguem transar se a música estiver presente para produzir o estímulo. E não serve qualquer música, não: geralmente, é sempre a mesma ou algumas específicasLeh Latte/UOLFALOLAFILIA: prazer que vem do fato de falar sobre o pênis, com atenção especial aos detalhes da anatomia e do funcionamento, não importa qual seja o sexo do interlocutorLeh Latte/UOLConsultoria: Adriano Zago, psicanalista e mestre pelo IP USP (Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo); Arlete Girello Gavranic, terapeuta sexual e coordenadora do Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática (Isexp); Oswaldo Martins Rodrigues Jr., terapeuta sexual, diretor do Instituto Paulista de Sexualidade (Inpasex) e autor do livro "Parafilias -- Das perversões às variações sexuais" (Zagodoni Editora)Leh Latte/UOL