Gisele Bündchen deu à luz na água; entenda esse tipo de parto
Relaxar durante o parto parece impossível? Não se você estiver dentro de uma banheira com água quente. É que a água diminui o peso da barriga, facilita a movimentação, acelera o trabalho de parto e alivia as contrações e as dores nas costas.
Para o bebê, nascer na água pode funcionar como uma transição mais tranquila para o mundo, já que ele passou nove meses "nadando" dentro do útero, mergulhado no líquido amniótico.
- 27803
- http://mulher.uol.com.br/gravidez-e-filhos/enquetes/2014/05/12/o-que-voce-acha-do-parto-na-agua.js
Essa prática existe há muitos anos e era comum entre os índios, que faziam partos no mar e no rio. Um dos primeiros relatos oficiais é de 1983, quando o obstetra francês Michel Odent publicou um artigo na revista científica “The Lancet” contando sua experiência ao usar a água em mais de cem partos, tanto no trabalho de parto quanto no momento do nascimento.
A modelo Gisele Bündchen usou esse recurso em seus dois partos. Depois de pesquisar muito, ela decidiu ter Benjamin, 4 anos, e Vivan, 1, na banheira de sua casa.
“Vi parto no mar, na água, na floresta, no hospital e de todos os jeitos. Sabendo de mais informações sobre formas diferentes de parir, pude optar com mais segurança de qual maneira queria ter meus bebês”, disse a über model em entrevista ao programa “Parto pelo Mundo”, exibido no canal pago GNT.
Uma das acompanhantes de parto de Gisele foi a apresentadora do programa, Mayra Calvette, que é enfermeira obstetra e neonatal e visitou 25 países para saber como era o nascimento dos bebês em cada lugar.
Mayra percebeu em suas viagens que o parto na água era muito difundido no exterior. “Nos países desenvolvidos, como Inglaterra, Alemanha, Holanda e Nova Zelândia, há banheiras disponíveis em hospitais do sistema público.”
A enfermeira conta que tem feito cada vez mais partos na água. “As mulheres estão procurando mais a banheira. Elas se sentem mais seguras e confortáveis na água."
Os médicos confirmam o aumento na procura. “É uma modalidade que vem crescendo, porque traz muita satisfação para a paciente”, afirmou o obstetra Marcos Tadeu Garcia, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.
O Ministério da Saúde ainda não tem dados sobre esse tipo de parto no Brasil, mas afirma que o cenário deve mudar em breve. Há planos de instalar banheiras nos Centros de Parto Normal, que estão sendo implantados pela Rede Cegonha, uma estratégia que apoia a mulher e o recém-nascido no momento do parto.
“Só teremos uma real estimativa da quantidade de partos na água quando os gestores começarem a monitorar esses indicadores nos Centros de Parto Natural”, informou o Ministério.
Efeito anestésico
A principal vantagem do parto na água é o seu efeito anestésico. "A imersão é uma analgesia natural bastante eficiente, que abrevia o trabalho de parto e diminui a necessidade de intervenção médica", declarou Garcia.
A ausência da gravidade e a pressão da água fazem a musculatura ficar menos contraída e, consequentemente, alivia as dores do trabalho de parto. Ficar embaixo do chuveiro também produz um efeito semelhante.
E as pesquisas comprovam esses benefícios. Um grande estudo feito, em 2004, na Suíça, comparou o parto na água e o parto terrestre de quase 10 mil mães.
As que tiveram partos na água perderam menos sangue, usaram menos anestesia e tiveram menos machucados na vagina durante o parto, a chamada laceração. O risco de infecção permaneceu igual nos dois tipos de parto e não houve casos de morte do bebê ou da mãe.
A bióloga Maria de Fátima, 31 anos, passou pelas duas experiências e conta que o parto na água foi muito mais tranquilo. “Não tem como descrever a diferença, mas é impressionante como diminui o desconforto e, principalmente, a dor nas costas”, contou a mãe de David, 5 anos, e Catarina, 7 meses.
Principais cuidados
Todas as gestantes podem usar a água durante o trabalho de parto, mas o nascimento na água só é recomendado para casos de baixo-risco, quando mãe e bebê não têm problemas de saúde. E o assunto causa polêmica entre os médicos. Alguns afirmam que há risco de infecção e afogamento do bebê.
“Os riscos são pequenos, mas existem, e a mãe precisa tomar providências para amenizá-los. Os batimentos cardíacos devem ser monitorados o tempo todo e é preciso manter a água sempre limpa”, disse o obstetra Julio Elito, professor do Departamento de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Logo que nasce, o bebê continua respirando por meio do cordão umbilical por alguns segundos, o que impede que ele se afogue. “Ele só vai aspirar o líquido se já não estiver bem antes, por isso não pode ter alterações de batimentos cardíacos. Se ele demorar muito para nascer, é preciso tirar a mãe da água.”
O ideal é que a banheira seja grande, para permitir a movimentação da gestante. A temperatura da água deve ser próxima da temperatura do corpo (aproximadamente 37ºC), e o nível deve ultrapassar o útero, cobrindo toda a pélvis. A hora certa de entrar na banheira é no início do chamado período expulsivo, quando as contrações estão mais fortes e a dilatação está entre cinco e sete centímetros. Se a mulher entrar muito antes desse momento, a água pode desacelerar demais o trabalho de parto.
Foi o que aconteceu com a médica Ilka Yamashiro Murakoshi, 37 anos, mãe de Beatriz, 6 anos, e Mariana, 4. “Na minha primeira gestação, eu entrei na banheira, mas relaxei tanto que perdi a força. Já estava com dez centímetros de dilatação e nada de ela nascer. Precisei sair para conseguir empurrar.”
Na segunda gestação, ela entrou mais avançada no trabalho de parto e deu tudo certo. “Entrei na banheira com nove centímetros e dei aquela relaxada final. Foi na hora certa. Minha caçula nasceu sereia!”
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.