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Recursos para evitar parto prematuro são mal utilizados

Um terço das mulheres em trabalho de parto prematuro recebe tratamentos ineficazes - Getty Images
Um terço das mulheres em trabalho de parto prematuro recebe tratamentos ineficazes Imagem: Getty Images

Catherine Saint Louis

Do New York Times

29/08/2014 07h25

Pesquisadores constataram que, todo ano, aproximadamente um milhão de crianças morre no mundo inteiro após nascer prematuramente, e que duas estratégias eficazes para impedir as mortes são em grande medida subutilizadas.

Antes do parto, injeções de corticoides ajudam os pulmões do feto a amadurecer e a reduzir a dor respiratória, mortalidade e infecções nas primeiras 48 horas após o nascimento. Remédios para retardar o parto podem conferir mais tempo para que os corticoides funcionem e permitam a transferência para um ambiente no qual o tratamento intensivo esteja disponível, se for o caso.

Contudo, o maior estudo a examinar a utilização desses medicamentos em âmbito mundial, incluindo dados de 359 unidades de saúde em 29 países, constatou que somente 18%  das mulheres em trabalho de parto prematuro espontâneo receberam os dois tratamentos, sendo que 42% não tiveram acesso a nada. O estudo foi divulgado, neste mês, na publicação "The Lancet".

"O emprego atual de corticoides neonatais é muito baixo, sendo necessária mais pesquisa para compreender por que e como esse pode ser aprimorado", afirma o médico Joshua Vogel, principal autor do estudo e diretor técnico do Departamento de Pesquisa e Saúde Reprodutiva da OMS (Organização Mundial de Saúde).



O uso de medicamentos para retardar o parto, conhecidos como tocolíticos, é mais controverso. "Apesar de um grande número de testes, não ficou claro se os remédios para evitar o parto prematuro melhoram o cenário para o bebê", diz Vogel.

O estudo constatou que a utilização dessas drogas era não frequente e, quando eram administradas, as menos eficientes ou potencialmente menos nocivas eram mais utilizadas.

Por exemplo, drogas betamiméticas, como a terbutalina, costumam ser dadas a mulheres em trabalho de parto prematuro, embora esses medicamentos tenham mais efeitos colaterais, como dor no peito e dificuldade respiratória. Já a nifedipina, bloqueador de canal de cálcio, é o medicamento recomendado,  de acordo com Vogel.

Ainda segundo o médico, igualmente preocupante é o fato de mais de um terço das mulheres em trabalho de parto prematuro terem recebido tratamentos ineficazes, como o repouso.