Na contramão do mercado, pequenas marcas investem na moda sem gênero
Enquanto a indústria da moda voltada ao grande público se mantém atrelada a convenções consideradas tradicionais da sociedade, uma parcela do mercado toma a dianteira na era do pós-gênero ao questionar a norma vigente. Segundo esses designers, as pessoas ainda relacionam sexualidade, que diz respeito às preferências quando o assunto é sexo, e identidade de gênero, que é a identificação de cada um com o mundo tradicional masculino ou feminino ou ainda uma visão sem definições pré-estabelecidas.
"As pessoas mais evoluídas já estão cientes disso, mas infelizmente a maior parte da sociedade ainda confunde gênero e sexualidade", fala a ex-modelo Kim Stolz, que foi a primeira participante gay no reality show "America’s Next Top Model". Durante o programa, ela chegou a ser criticada pelos jurados por ter aparência que eles consideravam masculina demais e, portanto, indesejado para uma modelo.
Entre quem deixou de entender o mundo segundo a dicotomia homem-mulher está o jovem cearense Cacau Francisco. "Não gosto de falar unissex, porque isso já quer dizer que é para dois gêneros. Eu quero fazer uma roupa híbrida, para pessoas híbridas, que vivem o agora e não se preocupam com essa visão que a sociedade tem sobre o que é masculino e o que é feminino", explica. Sua coleção tem acessórios como chaves, em alusão a portas de armários que se abrem. "A gente precisa levantar mais bandeiras, é uma coisa para acordar as pessoas da moda", afirma o estilista.
Nos Estados Unidos, marcas como a nova-iorquina Bindle & Keep ou a californiana Tomboy Tailors oferecem peças e conjuntos de alfaiataria feitos sob medida para as mulheres que gostam do tradicional visual masculino e para os homens transgênero. “Chegou a hora de as pessoas se orgulharem das suas identidades. A primeira onda é ter lugares como estes que deixam as pessoas confortáveis”, diz Rachel Tutera, da Bindle & Keep e dona do blog “The Handsome Butch”. O trabalho da Bindle & Keep chamou a atenção de produtores de séries como “Girls”, “Orange Is The New Black”, “Ugly Betty” e “Sex and the City”.
Quem não se enquadra nos padrões esperados pela sociedade enfrenta a todo momento situações de conflito, muitas vezes nem imaginadas por aqueles que estão confortáveis em seus gêneros. Rachel recorda as primeiras vezes em que começou a se vestir com roupas masculinas. “Eu me sentia como uma intrusa”, diz. Francisco é otimista com o futuro. “A moda poderia ser mais divertida se as pessoas se arriscassem mais, mas vejo que tem para onde ir”, finaliza.
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