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Nunca pintou os cabelos? Veja dicas para arriscar a transformação em casa

Seguindo as dicas de profissionais, o resultado caseiro pode surpreender - Getty Images
Seguindo as dicas de profissionais, o resultado caseiro pode surpreender Imagem: Getty Images

Isabela Leal

Do UOL, em São Paulo

24/03/2015 05h00

Se aventurar no mundo das colorações de caixinha pela primeira vez é tentador, mas requer cuidados. Não basta o desejo da transformação; mudar a cor dos fios virgens exige algum conhecimento e regras importantes.

A regra número um é a escolha da cor. “A cor mencionada na frente da embalagem funciona para os fios brancos, que não têm pigmentos. O tom dos fios que não estão brancos vai depender do tom natural do cabelo. Por isso, o melhor é se guiar pela tabelinha que vem na parte de trás ou na lateral da embalagem, que mostra as possibilidades de resultados a partir do tom atual do cabelo“, explica o colorista Junior Carvalho, do salão C.Kamura, de São Paulo, responsável pelo tom dos cabelos de Grazi Massafera.

Vale lembrar que, se a intenção é clarear os fios, as colorações de caixinha atuam em apenas quatro tons, no máximo. “Se a intenção for clarear mais do que isso, é preciso descolorir primeiro. Mas esse é um procedimento que se deve fazer no salão, em casa é arriscado e as chances de não dar certo são grandes”, avisa Carvalho, que esclarece ainda que, para escurecer os fios, não há limites na escala de cor. “É possível transformar fios cor de mel, por exemplo, em um cabelo preto, sem restrições”.

Se a ideia for apenas cobrir os brancos, o colorista Maurício Bracarense, do salão Yolo, de Belo Horizonte, dá a dica: “O mais indicado é escolher um tom que se aproxima do natural dos cabelos, assim fica garantida uma boa cobertura e diminui-se a necessidade de  retoques”.

Que tinta aplicar
O mercado de tinturas disponibiliza diversos tipos de colorações para uso doméstico; a escolha fica a critério de cada um. “Nos fios virgens pode-se aplicar qualquer coloração e sempre terá um bom resultado, pois não há incompatibilidade com químicas aplicadas anteriormente”, diz a cabeleireira e colorista Elza Pontes, do Rio de Janeiro. Veja a seguir como cada uma funciona.

 

Teste da mecha
Esse é o "pulo do gato" para ter uma noção de como ficará o tom escolhido. “O ideal é pegar uma mecha da região da nuca e aplicar a coloração, deixando agir como se estivesse tingindo o cabelo todo, e respeitando o tempo de ação do produto conforme indicações do fabricante”, explica Bracarense.

“Por ser feito com cabelos da nuca, uma área mais escondida, que não toma sol, deve-se considerar que o tom dos cabelos depois de pintados ficará, em média, 20% mais forte do que nessa mecha. Pois quando se aplica a tintura na cabeça toda, existe o calor natural da circulação e isso ajuda na reação química da coloração. A mecha não tem calor suficiente para isso, portanto fica com uma cor mais fraca”, explica Carvalho.

Para evitar alergia
Antes de partir para o espelho e começar a empreitada, é fundamental fazer um teste de alergia. É simples: aplique um pouquinho do produto, já preparado, pronto para usar, na região de trás da orelha e espere o tempo indicado pelo fabricante para colorir os cabelos. “Se causar vermelhidão, coceira, ardência na pele ou nos olhos, é melhor não usar”, avisa Carvalho.

Como aplicar
O sentido da aplicação --da raiz às pontas ou ao contrário --divide a opinião dos especialistas. Elza Pontes e Maurício Bracarense sugerem que o processo comece na raiz, em direção às pontas. “Dessa forma, as chances de manchar os cabelos são menores. Sugiro, ainda, manusear os fios para a cor ganhar movimento”, diz a colorista do Rio de Janeiro.

Carvalho indica que a aplicação seja feita das pontas à raiz. “A raiz é quente, por conta da circulação sanguínea no couro cabeludo, então a tinta atua mais intensamente, por isso deve ficar para os últimos 15 minutos de tempo de pausa”, argumenta. “Além disso, nos fios virgens a raiz tem mais queratina do que as pontas, o que favorece o efeito da coloração”, complementa.

Depois de aplicar o produto, nada de abafar os cabelos, eles devem ficar soltinhos. “No processo de coloração ocorre uma química de oxidação, por isso quanto mais solto e oxigenado o cabelo estiver, no tempo de pausa, mais uniforme ficará o tom”, justifica Bracarense. Elza destaca que o tempo de pausa para ação da tinta varia de acordo com a marca. “Comece a contar o tempo de ação da tintura ao finalizar a aplicação do produto, sempre seguindo rigorosamente as instruções do fabricante”, diz a colorista.

É preciso proteger a testa e as laterais do rosto com algum isolante, para evitar que a pele seja tingida também. Você pode usar creme barbeador, pomadas de assaduras ou máscaras próprias para este fim . “Comece a aplicar de trás para a frente; além de ser mais fácil para quem está passando a tinta, a parte de trás demora mais a pegar a coloração. A parte da frente geralmente é mais clara, toma mais sol, portanto, pode ficar para o final do processo”, explica Elza.  

A quantidade de tinta também influencia no resultado --o produto deve ser aplicado em abundância para um obter um tom vivo e uniforme. “Nos cabelos curtos pode-se usar uma caixa.  Se o comprimento for até o ombro, é preciso duas. E do ombro para baixo, pelo menos três caixas, conforme o tamanho dos fios. É comum as clientes chegarem ao salão com os cabelos manchados e na maioria das vezes o motivo é falta de tinta”, alerta Elza.

Bracarense ressalta que é importante usar algum tratamento específico pós-coloração. “Pode ser ampola ou sachê. Além de garantir maior fixação dos pigmentos, prolongando o tempo de duração da cor, vai manter os fios hidratados e com mais brilho”, diz ele. Lembrando que, a cada 30 ou 40 dias, é preciso retocar a raiz porque os fios crescem e começa a aparecer a cor natural. Para o retoque, geralmente uma caixa é suficiente.

Fios com alisamentos
A palavra de ordem é cautela. Cabelos alisados, relaxados ou com selagem exigem o triplo de cuidado para ser tingidos porque já foram expostos à química forte e ficam fragilizados. Portanto, para aplicar uma determinada coloração, seja ela permanente ou temporária, é importante consultar um cabeleireiro de confiança. “Existem fios que suportam e outros que não aguentam outra dose de química na sequência. Depois de um alisamento, os fios ficam como um ferimento que precisa cicatrizar”, destaca Carvalho. De um modo geral, é melhor não aplicar coloração pelo menos até 15 dias depois de alisamentos.

Dicas importantes
1) O tempo de ação da coloração deve ser respeitado rigorosamente. Deixar a mais ou a menos só vai comprometer o resultado;

2) Não utilize potes metálicos para o preparo da coloração, dê preferência para vasilhas de cerâmica, vidro, plástico ou borracha;

3) Evite lavar os cabelos com xampu de limpeza profunda, eles abrem as cutículas dos fios e mandam embora os pigmentos desbotando mais rapidamente;

4) Ao terminar o tempo de ação da tintura, lave os cabelos com o produto que acompanha a embalagem. Caso não tenha nenhum produto para este fim, lave os fios com xampu e em seguida aplique um creme hidratante e deixe agir por alguns minutos.

5) Tinturas não devem ser usadas em pessoas com menos de 14 anos de idade.

6) Não guarde o que sobrou da coloração (preparada com dois ou mais produtos) para usar em retoques futuros. O que não for usado, jogue fora. Guarde apenas o que sobra de produtos nas embalagens originais, devidamente fechadas.