Laser é opção moderna para tratar estiramento vaginal no pós-parto

Marina Oliveira e Rita Trevisan
Divulgação

Após a passagem do bebê pelo canal de parto, a mulher pode sentir que a região sofreu algum grau de estiramento. Em muitos casos, com o passar das semanas, a sensação pode desaparecer, já que a vagina tem uma condição natural de elasticidade, que permite que o órgão volte ao tamanho normal. No entanto, quando a distensão é consequência do rompimento de alguma fibra muscular, a mulher terá de recorrer a tratamentos para reverter o quadro.

A técnica mais moderna, considerada pelos médicos como a menos invasiva, é feita com um laser capaz de atingir camadas profundas do aparelho genital feminino. “A aplicação é feita dentro da vagina, por meio de uma ponteira especial. A emissão da luz estimula o epitélio vaginal e a formação de colágeno”, explica o ginecologista Eduardo Tomioka, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

O procedimento é realizado após a aplicação de um creme vaginal anestésico, 30 minutos antes da sessão, o que torna o processo indolor. “No período pós-laser, pode haver um leve desconforto, uma ardência semelhante à sensação de pele exposta ao sol. O incômodo pode ser controlado com o uso de pomadas e a realização de duchas higiênicas”, afirma o ginecologista Paulo Guimarães, membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina.

Os profissionais explicam que são necessárias, em média, de duas a três sessões, feitas com um intervalo de quatro a seis semanas, para chegar a um bom resultado final. “A experiência clínica mostra que mais de 80% das mulheres têm recomendação para duas sessões”, diz Guimarães. Cada sessão dura de 15 a 20 minutos e custa em torno de R$ 2.500 a R$ 3.000.

Dez coisas que ninguém te contou sobre o pós-parto

Durante a gravidez, a mulher passa por diferentes transformações físicas e emocionais. Mas e depois que o bebê nasce? O que acontece com o corpo, a mente e a organização geral da vida? A verdade é que outras mudanças virão, e é preciso estar ciente de cada uma delas. "O pós-parto já é uma experiência muito intensa, então criar expectativas erradas ou fantasiosas, para o bem e para o mal, dificulta muito o atravessamento dessa fase", explica a psicanalista Vera Iaconelli, diretora do Instituto Brasileiro de Psicologia Perinatal - Gerar. Saiba o que realmente acontece durante esse período. | Por Fernanda Carpegiani, do UOL, em São PauloDoki/Arte UOL
TEMPORAL DE PALPITES: prepare-se para ouvir dezenas de opiniões diferentes (e muitas vezes opostas) sobre os cuidados que você precisa ter com o seu bebê. Muitas vezes é com boa intenção que amigos e familiares fazem sugestões, contam como funcionou para eles e divulgam as últimas pesquisas sobre amamentação, chupeta, fralda etc. Mas é preciso respirar fundo, porque esse excesso de informação pode acabar deixando você mais ansiosa, insegura e apreensiva. Lembre-se de que, apesar de todo mundo ter uma opinião, não existe certo e errado, e sim o que você decide que é melhor para o seu filhoDoki/Arte UOL
E ESSA BARRIGA?: quando o bebê nasce, naturalmente o tamanho da barriga diminui um pouco, mas a pele e os músculos ainda demoram de 40 a 80 dias em média para voltar ao normal. Você vai ficar inchada, e isso é perfeitamente normal. "Essa recuperação está muito relacionada ao pré-natal, desde o tamanho do bebê, até quanto a mulher engordou e se ela controlava o peso e fazia exercícios durante a gravidez. A amamentação também ajuda a perder peso, porque tem um gasto calórico equivalente a 1 hora de academia por dia", explica o obstetra Julio Bernardi, da Maternidade Pro Matre Paulista (SP)Doki/Arte UOL
AMAMENTAR NEM SEMPRE É FÁCIL: parece natural e automático, mas dar o peito para o seu filho requer esforço, principalmente nos primeiros dias, até você e ele se acostumarem com essa atividade. E cada caso é um caso. Enquanto para algumas mulheres a amamentação é tranquila, para outras pode machucar bastante. Por isso, é importante não desistir e buscar informação para superar os obstáculos. "O sucesso depende muito da atividade mental da mãe, que precisa dirigir sua vontade para que isso aconteça. É um sacrifício físico, mas ela deve se preparar --e também a mama-- durante a gravidez", diz o obstetra Julio Bernardi. A recomendação é de que o leite materno seja exclusivo nos primeiros seis meses e complementar até dois anosDoki/Arte UOL
BABY BLUES: a expressão em inglês corresponde à leve tristeza que costuma acompanhar a mãe depois que o bebê nasce. "O humor depressivo aparece em 90% dos casos e está ligado ao processo adaptativo da maternidade. É inclusive desejável que isso aconteça, para que a mulher se volte para si, pare para pensar, entre em contato com o que sente e lide com esse momento de maneira saudável", afirma a psicanalista Vera Iaconelli, diretora do Instituto Brasileiro de Psicologia Perinatal - Gerar. É importante diferenciar esse sentimento normal e passageiro de algo mais sério, que é a depressão pós-parto. Se estiver sofrendo demais, sem conseguir dormir ou comer, e tendo pensamentos violentos contra si e o bebê, procure um especialistaDoki/Arte UOL
SEXO? OI?: os especialistas falam em 40 dias até a volta da vida sexual, tanto do ponto de vista da recuperação física e da retomada da produção de hormônios. Porém, cada mulher sente a libido de uma maneira diferente e muito particular. Ao mesmo tempo que suas energias e pensamentos estão voltados para o bebê, o que costuma inibir a vontade de fazer sexo, a relação com o parceiro pode até melhorar se houver compreensão, troca, carinho e diálogo entre o casalDoki/Arte UOL
BEBÊ MAIS MAGRO: você sabia que o bebê perde cerca de 10% do peso nos primeiros dias de vida? Essa perda fisiológica, como dizem os especialistas, é normal e esperada. "Muitas mães ficam preocupadas, acham que é porque não estão amamentando direito, ou porque o leite é fraco, mas não tem nada de errado. O bebê nasce inchado e vai perdendo isso aos poucos. Além do mais, ele recebia os nutrientes diretamente do cordão umbilical e agora a alimentação mudou, então existe um período de adaptação", explica a obstetriz Nathalie Leister, do espaço de apoio para gestantes Commadre, de São Paulo (SP)Doki/Arte UOL
TE CONHEÇO?: depois de uma monta-russa de mudanças da gravidez, e do intenso momento do parto, você finalmente tem seu filho nos braços e? não sabe muito bem descrever o que está sentindo. Cadê aquele sentimento de amor incondicional? Calma, nem sempre isso vem de bate-pronto. "Isso é um tabu, que quase ninguém comenta, mas a mãe pode estranhar o bebê, ficar confusa e não sentir nada do que estava esperando. Afinal, ela nunca viu esse bebê, então ele realmente é um desconhecido", diz a psicanalista Vera Iaconelli. A relação e o laço entre mãe e filho vão sendo construídos aos poucos, com o contato e a troca afetiva de todos os diasDoki/Arte UOL
MAIS UMA VISITA: você ainda nem se recuperou do parto, está cansada, descabelada, preocupada com a amamentação, e ainda precisa fazer sala para as pessoas. "Nos primeiros dias, as visitas atrapalham porque a mãe está tentando conhecer o bebê, está ali na dependência dele, e precisa parar tudo para receber as pessoas. Se for só um 'oi', tudo bem, mas, às vezes, elas querem conversar e até fazer perguntas do tipo: será que ele está com fome? ele não está com muita roupa?", diz a obstetriz Nathalie Leister. Peça ajuda para o seu par e abra o jogo com os mais chegados sobre suas necessidades, eles vão entenderDoki/Arte UOL
SAIBA QUANDO PEDIR AJUDA: se nos primeiros dias você precisa de tempo só com o seu bebê, ao longo das semanas seguintes surge a necessidade de ter gente por perto, seja para conversar ou simplesmente para ficar com seu bebê enquanto você toma um merecido banho. "Muitas vezes o pós-parto é um momento de isolamento e solidão para a mulher, o que é muito ruim, porque é quando ela mais precisa de suporte e apoio. É preciso buscar uma ajuda encorajadora, seja do parceiro, familiares ou amigos", afirma a psicanalista Vera IaconelliDoki/Arte UOL
ROTINA DE PONTA-CABEÇA: esqueça tudo o que estava estabelecido como padrão no seu dia a dia: a chegada de um bebê muda completamente a rotina da casa e da família. Nos primeiros meses, o bebê é totalmente dependente dos pais, principalmente da mãe, com relação à amamentação. O sono é uma das maiores e mais pesadas mudanças desse período. Se você estava acostumada a dormir oito horas, agora precisará acordar junto com seu bebê, e entrar na rotina de sono dele. Parece o fim? Fique tranquila, porque isso melhora conforme ele vai crescendo e ganhando mais autonomia. É só uma fase!Doki/Arte UOL

Embora a intervenção não tenha contraindicação, e possa ser feita 40 dias após o parto, o aval de um médico é fundamental para aderir ao tratamento. “O laser só não pode ser aplicado quando há sangramento ou infecções”, diz Tomioka. A recuperação exige um período de sete a dez dias de abstinência sexual.

Cirurgia e prevenção

De acordo com o ginecologista e obstetra Domingos Mantelli, da Maternidade Pro Matre Paulista, o laser costuma ser indicado para casos de estiramentos leves ou moderados. Quando o alargamento é maior, e é acompanhado de incontinência urinária, a cirurgia é mais eficiente.

O laser é indicado para quem sofre de estiramento leve ou moderadoGetty Images

Na chamada perineoplastia, os médicos fazem um corte dentro do canal vaginal para apertar a musculatura pélvica, de modo que seja recuperado o tônus apresentado no período anterior ao parto.

Segundo os especialistas, tanto o laser quanto a cirurgia podem ser evitados se, durante a gravidez, a mulher se submeter a sessões de fisioterapia pélvica. Por meio de exercícios cuja base é a contração muscular, o tratamento fortalece o assoalho pélvico que, por sua vez, ajuda na sustentação da bexiga, do útero e do intestino, além de controlar o fechamento do ânus, da vagina e da uretra.

“A fisioterapia durante a gravidez ensinará a mulher a fazer a expulsão do bebê durante o parto normal, de modo a evitar lesões no períneo e afrouxar os ligamentos e músculos que suportam os órgãos internos. Isso vai evitar tanto incontinências urinária e fecal quanto outras consequências negativas para a vida sexual”, diz a fisioterapeuta Maura Regina Seleme, diretora da Associação Brasileira de Fisioterapia Pélvica.