Modelo albina sul-africana se destaca na moda: "Sou negra com pele branca"
Refilwe Modiselle, ou Fifi, como gosta de ser chamada, nunca pensou que um dia se tornaria modelo mesmo tendo o cabelo loiríssimo e olhos azuis, características comuns entre tops que vão desde Gisele Bündchen até Candice Swanepoel. É que a jovem de 29 anos de Soweto é, com muito orgulho, a primeira albina a desfilar pela África do Sul.
Nascida em uma família negra, a pele alva de Fifi contrasta com os traços étnicos herdados de seus pais. E foi essa aparência exótica que a fez ser chamada para estrelar, aos 13 anos, um editorial de moda de cinco páginas da “Y! Magazine”, em 1999. Mas, além de lhe render uma carreira como modelo, a mistura também causa um dilema. “Sou uma negra sob uma pele branca”, fala ao UOL Moda. “Onde eu me encaixo?”
Fifi afirma que sempre recebeu em casa todo o apoio necessário para ter uma vida normal, ainda que levasse mais tempo nas tarefas que envolvessem desenhos e precisasse se sentar nas primeiras carteiras da escola por dificuldades na visão. Ela também não podia praticar esportes ao ar livre para não se expor tanto ao sol --tais cuidados eram necessários pois, por ter pouca ou nenhuma pigmentação na cútis, nos fios de cabelo e olhos, o albino é muito sensível à ação dos raios solares.
Além das questões diretamente relacionadas à condição congênita, Fifi sentia uma espécie de estranhamento por causa da cor de sua pele. “Tive que lidar com comentários por parecer uma pessoa branca em uma comunidade negra”.
Após posar para a “Y! Magazine”, dedicou-se aos estudos e só voltou a modelar quando já estava na faculdade. Ela foi descoberta internacionalmente em 2005, quando desfilou na South Africa Fashion Week para o estilista David Tlale. Hoje com 16 anos de carreira, a sul-africana explica que toda a experiência de ser uma albina no mercado da moda é difícil. “Não me encaixo no contexto tradicional de uma modelo, então eu ouvia que era feia, rosa, que era um macaco fantasma”, enumera. “Eu ainda passo por isso, mas sempre sigo em frente”.
O fato de se considerar uma negra com pele branca também dificulta na hora de conseguir trabalhos. “A marca pensa muito mais na hora de te escolher do que pensaria com uma modelo comum”, narra. “Sempre foi difícil ser classificada em vez de ser vista como uma pessoa que pode trazer algo de especial”. Mesmo se caracterizando como uma mulher “alto astral”, situações como estas ainda conseguem abatê-la. “Há momentos que este tipo de coisa dói, mas sempre me defendi. A cada passo que dou ajudo outras pessoas a se sentirem mais confortáveis em seus próprios corpos”, fala.
E tantas críticas não a fizeram gostar menos dos holofotes. A modelo tem apostado na carreira de apresentadora e pretende se arriscar como atriz. “Não importa o que eu faça, eu posso deixar um legado e sei que posso ser uma inspiração”.
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