Orquídea em vaso? Não, na árvore! Veja dicas de como afixar e cuidar
Orquídeas em vasos podem ser encontradas até em supermercados, mas árvores enfeitadas com uma dessas flores não são tão comuns. No entanto, usar um tronco como base para sua orquídea preferida pode ser mais fácil do quê se imagina. Basta seguir alguns cuidados básicos de cultivo, recomendados por especialistas.
A escolha
Primeiro escolha uma orquídea epífita, ou seja, que naturalmente se utiliza de outra planta para se desenvolver. Dentre as espécies mais comuns podemos destacar: Dendrobium, Oncidium, Cattleya, Miltonia, as micro-orquídeas e Phalaenopsis. As exclusivamente terrestres como a Cymbidiume paphiopedilum (sapatinho) devem ser evitadas.
Agora eleja a árvore: as orquídeas preferem as de casca rugosa e grossa, como flamboyant, ipê, cambará, paineira ou Erythrina (mulungu). Também apreciam as que perdem as folhas no inverno, como o jacarandá, e as frutíferas, como laranjeira, limoeiro, mangueira, cajueiro, abacateiro ou ameixeira. As árvores com copas muito densas como mangueiras e ciprestes atrapalham o desenvolvimento das flores e as que trocam a casca, como goiabeiras e jabuticabeiras, também devem ser evitadas.
Há variedades arbóreas que possuem componentes de autodefesa, a exemplo do tanino (ácido adstringente (C76 H52 O46)) e das resinas contra os ataques de insetos. Por isso, atenção: espécies que excretam tais substâncias em excesso são inadequadas, pois queimam as pontas das raízes das orquídeas.
O processo
Depois de escolhidas a orquídea e a árvore, amarre a flor no tronco, nas forquilhas ou nos galhos mais finos, no caso das orquídeas menores. Para prender a muda alguns especialistas recomendam a utilização de um material de apoio entre a flor e a casca da árvore, como o esfagno (tipo de musgo), mas outros preferem a amarração direta. Seja qual for a versão de fixação escolhida, o ideal é que a planta esteja emitindo raízes novas, que facilitam a fixação.
Para o transplante remova o exemplar do vaso, retire o excesso de substrato e vire o broto, que irá emitir novas raízes, em direção ao tronco. Fixe firmemente a orquídea com barbante, fio de lã ou corda de sisal, mas cuide para não apertar demais, deixando a brotação livre e as gemas sem obstáculos. O ponto de contato entre o broto e o tronco é a questão mais importante do cultivo de orquídeas em árvores, sem ele, as raízes não se fixarão.
Como regra geral a área escolhida para a amarração deve possuir mais umidade e matéria orgânica que o restante do tronco, estar exposta ao sol da manhã ou do fim da tarde e protegida pelo sombreamento proporcionado pelas folhas fora desses horários.
Outros fatores, porém, podem ser considerados para cada tipo de orquídea. Espécies que gostam de mais umidade ou que possuem pseudobulbos finos, devem ser colocadas em árvores que recebem bastante umidade vinda do solo. As variedades de sombra gostam de árvores com copa mais fechada, enquanto orquídeas que apreciam a luminosidade preferem copas mais rala, como a das palmeiras.
Sem trabalho
Não há necessidade de adubar ou regar sua orquídea na árvore, mas se quiser que a planta se desenvolva mais rápido e com mais vigor, faça uma adubação foliar uma vez por mês ou a cada quinze dias, mas somente durante a primavera e o verão, sempre no final da tarde, quando os estômatos (poros das folhas) estão mais abertos e recebem mais nutrientes.
Outro “plus” é a adição de uma trouxinha contendo adubo orgânico um pouco acima do exemplar, a fim de que o material seja levado até a orquídea pela água da chuva. A única obrigatoriedade para quem cultiva orquídeas em árvores são as inspeções regulares para o combate, logo de início, de alguma praga ou doença que possa se manifestar.
Fontes: Fábio Ferreira Santos, biólogo da Unidade de Botânica do Parque Zoobotânico Orquidário de Santos; José René Rocha, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autor do livro "ABC do Orquidófilo", e Lucia Morimoto, da Associação Orquidófila de São Paulo.
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