Seu filho dorme mal? Conheça o trabalho das consultoras de sono infantil
Quando o filho da bióloga Claudia Quadros Fagali, 40, estava com um ano e quatro meses, ela procurou ajuda para que ele parasse de mamar no peito durante a madrugada. No primeiro ano de vida, Caio criou o hábito de só embalar no sono no peito da mãe. “Ele já não sentia fome, era só para dormir mesmo”, conta. Fora isso, Claudia queria ensinar o filho a dormir sozinho no berço, sem que ela precisasse ficar em um colchão no quarto, outro hábito que ele adquiriu.
A solução para o problema de Claudia foi contratar os serviços da consultora de sono materno-infantil Patricia Dias, que fez uma avaliação da rotina da família e elaborou um minucioso planejamento.
A estratégia tinha quatro etapas: não deixar o menino adormecer enquanto mamava; deixá-lo dormir no berço com a grade abaixada, para que visse a mãe no colchão ao lado; colocá-lo para dormir no móvel com a grade levantada e, finalmente, colocá-lo para dormir sozinho. “Na primeira noite, ele não deu trabalho nenhum. Mas, na segunda, chorou uma hora sem parar”, conta a bióloga.
No dia seguinte e em outras vezes durante o processo, Claudia precisou do respaldo garantido pela consultora. “Dou suporte durante o período contratado para acompanhar a evolução, realizar ajustes no plano e tirar dúvidas”, diz Patricia, que cobra R$ 250 por consultas individuais, fora do pacote de serviços.
Queixas como a de Claudia são comuns, o que fez nascer essa nova categoria de prestadores de serviço especializada em consertar maus hábitos de sono, que, muitas vezes, foram criados pelos próprios pais.
De acordo com a consultora de sono infantil Sônia Cristina Sertório, que também é enfermeira obstétrica e neonatal, na urgência de fazer o bebê dormir, os pais tentam de tudo sem pensar nas consequências: balançam, oferecem o peito, dão chupeta e até saem de carro para a criança adormecer durante o percurso. “O problema se estabelece quando os pais repetem a estratégia nos dias seguintes. Aí se torna um hábito”, declara Sônia.
Os clientes dessas consultoras são pais de crianças até cinco anos agoniados com a bagunçada rotina de sono dos filhos. A partir do diagnóstico, que consiste em uma conversa inicial --pessoalmente, por telefone ou Skype-- e um levantamento sobre os hábitos do filho e dos pais, elas montam um plano de ação.
Os efeitos da consultoria para Claudia apareceram na primeira semana. “Depois que desmamei durante a madrugada, ele começou a acordar bem menos. E, mesmo quando despertava, não precisava amamentar a noite toda, o que era exaustivo”, conta. Ela e Caio atingiram com sucesso a quarta etapa em um mês, mas esse tempo não é uma regra. “Tudo depende de cada bebê, mas entre 15 e 30 dias os pais notam uma evolução”, fala Patricia.
Não basta contratar
As especialistas não garantem que o plano traçado será bem-sucedido, pois é preciso empenho por parte dos pais. “Tive dois casos de mães que desistiram, sentiam-se muito cansadas para encarar as etapas. Não tenho varinha de condão. Transmito a orientação, mas são os pais que executam a mudança de hábitos do bebê”, afirma Sônia, que cobra cerca de R$ 650 por três meses de acompanhamento.
Às vezes também é preciso realizar mudanças no ambiente onde a criança dorme. “A luminosidade, a temperatura, o barulho que vem de fora, elementos que possam causar alergia... Tudo pode interferir muito no sono do bebê”, diz Márcia Horbácio, que forma consultoras de sono pelo International Maternity and Parenting Institute (Instituto Internacional de Maternidade e Paternidade, em livre tradução do inglês), na Califórnia.
Residente em Toronto, no Canadá, Márcia ministra as aulas e também realiza consultorias à distância, cobrando cerca de R$ 800 por dois meses de acompanhamento. “Não é um remédio milagroso, mas um processo que enfrentamos juntos, eu e a família, eles de lá e eu daqui, dando suporte técnico e emocional. Posso garantir que uma média de 90% a 95% das pessoas que me procuram dizem que esse foi o melhor dinheiro que gastaram”, diz.
Segundo as profissionais, os métodos de educação de sono do bebê só devem ser realizados a partir de quatro meses de idade. “Mas a assessoria pode ser feita até na gestação. Trabalho com grávidas para preparar a família para o sono do bebê”, fala Márcia. Ela explica que, algumas vezes, não é o filho que dorme mal, são os pais que criaram expectativas erradas. “Bebês não dormem como adultos, têm padrões de sono diferentes, com ciclos mais curtos e sono mais leve”, afirma.
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