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"Cate Blanchett faz qualquer look funcionar", diz figurinista de "Carol"

Patrícia Colombo

Do UOL, em São Paulo

14/01/2016 19h01

Com três Oscars acumulados na prateleira, a figurinista Sandy Powell firmou-se como um dos grandes nomes da indústria cinematográfica. E o anúncio dos indicados à edição de 2016 da premiação acabou por estabelecer ainda mais esse status, já que ela concorre novamente na categoria pelos figurinos de “Carol” e “Cinderela”. Em ambos os longas foi a responsável pelos trajes de Cate Blanchett --por muitos considerada um dos grandes ícones fashion da atual Hollywood--, que, segundo a própria Powell, "faz qualquer look funcionar".

Indicada duas vezes no Oscar 2016 na categoria de melhor figurino, Sandy Powell assinou o design de mais de 40 longas e já ganhou três estatuetas - Getty Images - Getty Images
Sandy Powell recebeu duas indicações de melhor figurino no Oscar 2016
Imagem: Getty Images
A britânica de 55 anos já assinou o figurino em 44 produções, entre elas “O Lobo de Wall Street” (2013), “Os Infiltrados” (2006) e “Shakespeare Apaixonado” (1998). A parceria entre ela e a renomada atriz teve início em “O Aviador”, longa que lhe rendeu seu segundo Oscar em 2005. “Cate é muito fácil de vestir e não é só por causa de sua estatura e presença, mas porque ela tem um forte senso de estilo e, assim como as modelos, sabe segurar uma produção”, explicou a figurinista, em entrevista por e-mail.

Em “Cinderela”, Cate interpreta a madrasta Lady Tremaine, cujo guarda-roupa foi montado com peças cheias de informação de moda, resultando em looks que ajudaram a constituir a personalidade intimidante da personagem, como uma moldura criteriosamente escolhida. “Este visual 'high fashion' foi justamente pensado para fortalecer ainda mais essa imagem da madrasta má”, afirmou Powell.

Imagem do filme "Cinderela" - Divulgação - Divulgação
Cate Blanchett cheia de estilo no papel da madrasta de Cinderela
Imagem: Divulgação
Mas a figurinista afirma que os elementos mais desafiadores da produção foram o vestido azul de Cinderela e os conhecidos sapatinhos de cristal. A profissional começou a se dedicar ao projeto meses antes do início das filmagens. “Sabia que queria um vestido que se destacasse por sua simplicidade, mas que se movesse belamente quando ela [a protagonista, interpretada por Lily James] estivesse dançando ou correndo”, disse. “Passei muito tempo experimentando diferentes tecidos e cores até conseguirmos a combinação certa”.

Em relação aos sapatinhos, a criação do conceito foi muito mais difícil do que sua execução. “Tive a ideia de fazê-los em cristal para que pudessem refletir bem a luz. Abordei a Swarovski para desenvolvê-lo comigo e, após alguns protótipos, chegamos ao produto final”, explicou.

O luxuoso calçado e o vestido habitam a imaginação do público, uma vez que a obra figura entre os clássicos de Walt Disney. Powell, porém, afirma não ter se sentido propriamente pressionada por precisar lidar com grandes expectativas. “Foi o trabalho dos sonhos. É arriscado criar figurinos quando você realmente não quer desapontar ninguém, mas isso deixou tudo mais empolgante.".

“Carol”
Nomeado a seis estatuetas, “Carol”, dirigido por Todd Haynes, é uma adaptação do livro homônimo de Patricia Highsmith. A história se passa em Nova York e aborda o romance entre duas mulheres com grande diferença de idade e de origem. Com elenco capitaneado por Blanchett e Rooney Mara, o filme foi rodado logo após “Cinderela”, em 2014.

Emendar dois trabalhos estrelados pela atriz australiana facilitou a rotina de Powell até pela intimidade entre as duas profissionais. “Além disso, o interessante é que algumas referências são as mesmas em ambos os filmes”, contou. “‘Carol’ se passa no começo dos anos 50, cujo look ainda se parece com o dos anos 40, década que me inspirou para criar a madrasta de ‘Cinderela’”.

Ela também argumenta que seu trabalho no longa-metragem ficou ainda mais fácil graças ao bom relacionamento com Haynes. “Sempre mostro as imagens das provas e as escolhas de tecido e desenhos. Os melhores diretores são aqueles que te dão caminho e inspiração, e, em seguida, liberdade para que você possa fazer a sua própria interpretação da obra”, conclui.