Baba, vômito ou regurgitação? Entenda o que há com seu bebê
Diversos fatores contribuem para que os bebês babem, principalmente entre os três e 12 meses de vida. O médico José Gabel, membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), afirma que babar é normal e, em geral, não representa problema de saúde.
Segundo o pediatra, a salivação excessiva é causada pelo próprio desenvolvimento neurológico e bucal da criança, que baba por ainda não ter coordenação para deglutir a quantidade de saliva produzida.
Chamado de sialorreia ou ptialismo, o aumento da quantidade de saliva também pode ser causado pela erupção dental. Gabel explica que, preparando-se para o nascimento dos dentes, a gengiva do bebê produz uma reação inflamatória, ficando inchada, o que predispõe a uma maior salivação.
Problemas como refluxo gastroesofágico (doença digestiva em que os ácidos estomacais voltam pelo esôfago), aftas, resfriados, caxumba, amidalites e outras infecções, e ingestão de alimentos ácidos também provocam aumento da saliva.
Em casos mais graves, distúrbios neurológicos, funcionais e anatômicos podem aumentar a propensão para babar, causando a alteração no controle dos músculos orofaciais.
Refluxo natural ou patológico?
Diferentemente da baba, em que a criança expele apenas saliva, na regurgitação ou golfada há a eliminação do conteúdo gástrico, mas sem esforço nenhum dos músculos e, principalmente, sem sintomas. “As golfadas são muito comuns para a grande maioria dos bebês nos primeiros quatro meses de vida e não alteram o crescimento nem o ganho de peso."
Segundo o médico, não é necessário alterar a rotina da criança por conta da regurgitação nem dar de mamar novamente.
“O refluxo fisiológico deve ser tratado somente com medidas posturais e dietéticas, a fim de controlar a quantidade de vezes que a criança regurgita, evitando complicações.”
De acordo com Gabel, regurgitações frequentes podem levar a lesões erosivas dos dentes (desgaste do esmalte dentário pela diminuição do pH bucal). Em raros casos, podem provocar tosse ou náuseas e vômitos.
Como medidas preventivas, o especialista sugere fazer uma elevação da cabeceira da cama em um ângulo de 30º a 45º e colocar o bebê deitado do lado esquerdo.
Também contribuem para evitar a regurgitação o aleitamento materno exclusivo e o fracionamento das mamadas, que devem realizadas com a criança em posição semielevada.
Além disso, é importante fazer o bebê arrotar após mamar, evitar balançá-lo ou mesmo andar de carro.
De acordo com o pediatra, quando o refluxo esofágico é patológico, mesmo com fome, o bebê não consegue mamar. “Ele ganha pouco peso e tem dificuldade para dormir ou tem o sono interrompido por engasgos e dor.”
Nesse caso, durante a amamentação, a criança pode “brigar com o peito”, ou seja, mama apenas alguns minutos e depois se arqueia para trás e começa a chorar.
“Acontece também de o bebê querer mamar o tempo todo, porque o leite materno alivia o desconforto e a azia. Às vezes, a criança não elimina o leite que, no entanto, volta até uma parte do esôfago, causando dores e falta de apetite.”
Gabel explica que o diagnóstico de doença do refluxo gastroesofágico é complexo e não pode ser feito com apenas um exame. “Todos esses sintomas podem aparecer em conjunto ou isoladamente.”
Vômitos
Se na regurgitação a criança elimina o conteúdo gástrico com facilidade, no vômito, há esforço e desconforto. “Ele vem acompanhado de náuseas, sudorese, mal-estar e, em algumas vezes, de febre. Precisamos ficar atentos porque nem todo bebê que vomita tem refluxo, no entanto, muitos bebês com refluxo vomitam.”
Vômitos são eventuais e não devem acontecer frequentemente. “Casos recorrentes devem ser avaliados pelo pediatra para verificar a existência de doenças orgânicas e alterações anatômicas na criança.”
Após o vômito, o médico sugere aguardar 30 minutos e oferecer líquidos frios em pequenos volumes, aos poucos, à criança. “Depois disso, pode-se voltar à dieta habitual, oferecendo alimentos em pequenas quantidades.”
Os pais devem ficar atentos à existência de febre alta, manchas na pele, fortes dores abdominais, prostração, vômitos com sangue e sinais de desidratação, como língua e lábios secos, choro sem lágrimas, e ausência de urina por mais de seis horas. Na presença desses sintomas, é preciso procurar um pronto-socorro.
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