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Entenda o que é terapia de casal e como ela pode ajudar

A terapia de casal não tem como objetivo manter o casal junto a qualquer custo - Getty Images
A terapia de casal não tem como objetivo manter o casal junto a qualquer custo Imagem: Getty Images

Beatriz Vichessi

Do UOL, em São Paulo

29/03/2016 07h25

Isabella*, 32, é casada há quatro anos e meio com Pedro*, 48. Ela e o marido fazem terapia individual há cinco anos e, há cerca de um mês, sessões juntos também.

A ideia de procurar um terapeuta foi de Pedro. “Temos um filho de um ano e oito meses e começamos a discordar sobre algumas coisas a respeito da criação dele. Meu marido também começou a se sentir pressionado em relação à mudança que uma criança provoca no casamento. Tínhamos brigas desnecessárias”, fala Isabella.

Apesar do pouco tempo de terapia, ela conta que as sessões têm ajudado bastante o casal. “Estamos mais tranquilos, conseguimos nos entender, fazer combinados sobre a rotina de casal e sobre nosso filho.”

As discussões frequentes também fizeram com que Bárbara, 40, propusesse ao marido, Anderson, 41, a terapia de casal. “Ele trabalhava muito, dava aulas e ainda resolveu ser DJ. Eu ficava muito sozinha”, conta ela. Durante o processo terapêutico, as brigas diminuíram, mas voltaram a acontecer depois de um tempo. Casados há 11 anos, eles decidiram continuar juntos, mas em casas distintas.

“O investimento valeu a pena, acho que sempre é importante questionar as coisas para não entrar no automático”, diz Bárbara.

Durante as sessões, o profissional buscou colocar em evidência o lado positivo do relacionamento entre eles. “Ele fazia com que falássemos o que fez com que Anderson gostasse de mim e eu dele”, fala Bárbara. O terapeuta também propôs que escrevessem cartas um para o outro, contando o que precisavam melhorar em si mesmos.

*Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados para manter a privacidade do casal.

Como funciona

1 - A terapia de casal não tem como objetivo manter o casal junto a qualquer custo. O objetivo é cuidar dos indivíduos e da relação, mas se, para o bem-estar dos parceiros, a solução é o fim, que assim seja. No entanto, essa é uma decisão a ser tomada pelos pacientes, jamais pelo terapeuta. Ele deve auxiliar o processo de conversa.

2 - Alguns terapeutas estipulam um número exato de sessões para o casal realizar. Outros trabalham de forma que tudo depende do percurso dos encontros. Depende da linha seguida pelo profissional, é essencial se informar antes para não se frustrar.

3 - Quando uma das partes vai à terapia de casal a contragosto é importante analisar o motivo. A demanda pode ser apenas de um dos indivíduos e, nesse caso, é mais interessante que ele busque atendimento individual.

4 - É válido buscar a terapia de casal quando as questões têm a ver com o relacionamento ou resvalam nele. Por exemplo: o ciúme excessivo de um dos pares do casal. Por mais que seja um problema sério de uma das pessoas, é o caso de ser conversado em dupla com o terapeuta. Em casos como esse, nada impede que o ciumento faça terapia individual também, inclusive é o mais indicado.

5 - É importante que o casal tenha clareza do que o leva ao consultório para que as sessões de terapia não se transformem em conversas sobre o dia a dia. Aliás, a pergunta “o que os traz aqui”, feita pelo terapeuta, é uma das primeiras a ser colocada em cena.

6 - Além da terapia de casal, se uma das partes decidir fazer sessões individualmente, o terapeuta não pode ser o mesmo. Há o risco de a outra pessoa ficar desconfiada, temer uma conspiração. Além disso, o terapeuta pode cometer erros, privilegiar quem atende individualmente.

7 - Se as duas partes fizerem terapia individual, além de sessões de casal, pode ser interessante que os três terapeutas se conheçam para colaborar com todos os processos em andamento.

8 - Na primeira sessão, além de se inteirar do caso, é praxe o terapeuta explicar as regras de boas maneiras para as sessões. Consultório não é ringue de luta. É um espaço para falar e ouvir o outro, além de aprender sobre ele. Sempre que acontecer um conflito mais tenso, que passa dos limites, é papel do terapeuta intervir.

Consultoria: Nicodemos Batista Borges, professor e supervisor no curso de psicologia da Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo.