Nem todo cão precisa de roupa; use o bom senso para não prejudicar o bicho
Nos tempos em que cachorros são parte da família, todo mimo é pouco para alguns donos. Mas o excesso de cuidados nem sempre é positivo: no quesito roupinha, por exemplo, o limite entre zelo e exagero pode ser bastante tênue. Afinal, qual é a real necessidade dos animais na hora do "look do dia"?
Entre os especialistas, há unanimidade: ao vestir seu cão, use o bom senso. Não são todos que precisam de roupas e nem o tempo todo. A veterinária Tatiana Saleme aponta que o tremor, a busca por lugares mais quentes e posições encolhidas são bons indícios de que o bichinho necessita de uma proteção extra. Animais com pelos longos ou curtos, mas sem sub pelos (pelagem mais fina, comum em grupos como akita e lulu da pomerânia, responsável por criar uma "manta"), tendem a apresentar mais frio. Entre as raças que merecem atenção estão maltês, yorkshire terrier, daschund e pinsher.
Por outro lado, cães oriundos de países frios como os huskies, samoiedas, berneses e malamutes têm uma boa camada de gordura corporal e pelos adaptados (com sub pelos), que os protegem naturalmente do frio. Indivíduos dessas raças não precisam usar acessórios e roupas para enfrentar os dias mais frescos ou mesmo as baixas temperaturas do inverno.
"Dress code"
"Vejo muitas peças desnecessárias, como vestidos que não esquentam e só servem como enfeite para o bicho. Pode não prejudicar, mas também não tem uso prático", afirma a veterinária Viviane Matiazzo. Esses adereços são um capricho do dono, que deve estar atento às reações do animal: se o cão está desconfortável, não há razão para manter a indumentária. Segundo a especialista, os sinais de que a vestimenta incomoda são coceira, tentativa de tirar a roupa com os dentes, se raspar nas paredes, rolar no chão, ficar muito ofegante sem motivo aparente ou evitar se locomover após ser vestido.
Os veterinários recomendam, ainda, que a roupinha seja retirada todos os dias, pois a permanência da peça pode causar dermatites. Este cuidado é ainda mais necessário para os animais de pelagem longa, que também devem ser escovados diariamente.
Com que roupa ele vai?
Quanto aos tecidos, em princípio, não há contraindicações e os mais adequados para as roupinhas são os confortáveis como malha de lã, soft e algodão. "A análise é a mesma que se faz para pessoas, é preciso saber se o animal sofre de alguma alergia ou desconforto específico. Tenho um cliente, por exemplo, que ao usar peças de soft se coça muito. Outros podem ficar bastante incomodados com as de lã, por serem muito quentes", pondera Matiazzo. Além da coceira, os proprietários devem se atentar aos sinais citados acima: eles são, muitas vezes, indicadores de alergias.
Outro ponto a ser observado é o modelo: as roupinhas ideais para animais de pelos longos são as capas, pois não pegam embaixo da axila, o que evita nós. Já para os de pelos curtos, dá para variar entre capinhas e camisetas. De acordo com o veterinário Luiz Eduardo Bagini Lucarts, o mais importante é que a roupa seja fácil de vestir e não tenha botões ou detalhes que possam ser engolidos pelo cão. Também é recomendável evitar zíperes, uma vez que estes podem enganchar em cobertores e trazer risco de sufocamento para o animal, como também ser um incômodo quando o cachorro brinca e se movimenta com saltos. Além disso, a limpeza das peças precisa ser frequente e realizada com sabão neutro.
Fontes: Luiz Eduardo Bagini Lucarts, veterinário do hospital veterinário Pet Care e Presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV); Tatiana Saleme, veterinária do hospital veterinário Sena Madureira; Viviane Matiazzo, veterinária especialista em dermatologia pela Faculdade de Medicina Veretinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP).
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