Antes dos produtos chineses, decoração de Natal era artesanal e improvisada
Desde que os produtos chineses invadiram o mercado brasileiro, a decoração natalina nunca mais foi a mesma. Adornos de plástico, árvores artificiais e cordões de LED ampliaram as possibilidades decorativas e conquistaram espaço prometendo praticidade, baixo custo e exuberância. Você lembra como era a decoração de Natal antes da abertura das importações? Recorde a seguir:
Evolução estética - Nos anos 1960 os enfeites nacionais quase não existiam e os importados eram muito caros. Por isso, eram comuns as árvores de Natal confeccionadas com galhos secos ou com pinheiros naturais colocados em vasos revestidos de tecido ou papel. Na década seguinte, a decoração mudou, acompanhando a moda da época. A decoração natalina ficou mais ousada e ganhou muito brilho. “Foi a era das árvores prateadas com bolas de vidro e bolas de cetim”, diz a designer de interiores Tássia Pereira. Nos anos 1980, o Natal começou a ficar mais iluminado. Surgem os primeiros pisca-piscas brancos – até então só haviam os coloridos – mas que ainda piscavam em série.
Mãos habilidosas – Quando a oferta de adornos natalinos era mais limitada, a saída para ter uma casa bem decorada era arregaçar as mangas e partir para o "faça você mesmo". Com matérias-primas simples, como cartolina, papel laminado, tinta e lantejoulas, a criatividade falava mais alto. A decoradora Cecília Dale conta que fazia os enfeites natalinos em casa, costurando à mão. “Eu forrava bolas de isopor com tecido xadrez e usava pinhas que pegava no sítio. Os lacinhos eram feitos com gorgorão vermelho”, recorda.
Bolas de vidro – Muito comuns até os anos 1970, as bolas de vidro tinham um brilho inconfundível. Mas a fragilidade desses adornos provocava acidentes, especialmente em casas com crianças e animais. As bolas eram normalmente vermelhas, douradas e verdes, e as pessoas amarravam esses enfeites nas pontas dos galhos das árvores com lacinhos de cetim vermelho. A falta de praticidade e o alto custo fizeram com que as bolas de vidro perdessem popularidade. Mas nos últimos anos, alguns nostálgicos voltaram a utilizar esse material, agora associado a uma estética vintage.
Guirlandas – As guirlandas com folhas frescas e pinhas secas cederam espaço para os modelos mais resistentes confeccionados em tecido e materiais recicláveis. “No passado usavam-se muito as guirlandas de cipó, com musgo na parte de baixo, bolas e fitas de cetim”, recorda Cecília Dale. Também era comum encontrar guirlandas feitas de cedrinho pintado com anilina verde. “Ficava horrível, com aquele verde de quadra de tênis”, diz.
Presépios - Os presépios também deixaram de ser usados principalmente pela falta de espaço em casas e apartamentos. “Mas eles fazem muita falta porque ajudam a lembrar sobre o significado do Natal”, diz o decorador Eduardo Rodrigues, cuja avó tinha o costume de reproduzir a cena do nascimento de Jesus nos mínimos detalhes. Recentemente a decoração natalina passou a se apropriar de temas contemporâneos, como os personagens da Disney. Pode até ficar bonito, mas a tradição fica de lado nesses casos. “Até os anos 1980 os presépios eram tão importantes quanto as árvores de Natal”, conta a decoradora Amelinha Amaro.
Brilho alternativo - Os cordões com pisca-pisca existem há bastante tempo. Os mais tradicionais eram confeccionados com microlâmpadas incandescentes, muito frágeis e que queimavam com frequência, principalmente quando usados em área externa. Como alternativa aos piscas que falhavam muito, muita gente recorria os festões com acabamento metalizado para adicionar brilho às árvores de Natal.
Árvores – Por muito tempo, o mercado dispôs de apenas de dois tipos de pinheiro de Natal: a tuia, que tinha um formato bonito, mas não aguentava os enfeites mais pesados, e o tipo araucária, com os galhos muito espaçados. Nos últimos anos, a oferta e a qualidade dos modelos artificiais cresceram, permitindo o reaproveitamento da mesma árvore por anos seguidos. Se por um lado ganhamos praticidade, por outro perdemos os aromas típicos dos pinheiros naturais, tão associados às festas natalinas.
Fontes: Cecilia Dale, decoradora especializada em Natal e proprietária de rede de lojas com seu nome; Marcio Landim, diretor da Lumibrasil; Eduardo Rodrigues, designer de interiores; Tássia Pereira, designer de interiores; Amelinha Amaro, decoradora da Divino Espaço.
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