Relação aberta ajuda a reacender o romance? Veja casos antagônicos
A estudante Agnes Vencato, 20, estava há dois anos em um relacionamento exclusivo quando ela e o namorado começaram a conversar sobre conhecer outras pessoas. “Nós gostávamos muito um do outro e não queríamos nos separar”, conta. Foi um mês de diálogo constante, até decidirem transformar o namoro em um relacionamento aberto, que seria mantido enquanto os dois estivessem satisfeitos com a dinâmica.
“Nós conversamos muito para que ambos tivessem confiança plena no outro e para estabelecer acordos que mantivessem o equilíbrio da relação”, explica Agnes.
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Faz cinco meses que eles estão, oficialmente, em um relacionamento aberto. “Não vemos isso como férias da relação, mas um novo estágio do namoro”, diz. Agnes garante que a relação mudou muito: para melhor. “No relacionamento atual, nos comunicamos melhor do que antes. Nós trabalhamos a questão do ciúme de uma maneira bem mais madura do que antes e continuamos nos amando”, diz a estudante.
Diálogo e regras são importantes
Para o psicólogo Yuri Busin, doutorando em psicologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, o tempo que o casal dedicou ao diálogo foi essencial para que o relacionamento não acabasse sendo sacrificado. “Antes de tomar a decisão de ter um relacionamento aberto, o casal deve estar em sincronia”, afirma.
Porém, ele não acredita que essa seja a melhor saída para movimentar uma relação que caiu na rotina. “O sentimento de estagnação pode ser gerado porque ambos estão acomodados, e isso não irá mudar, necessariamente, com o relacionamento aberto”, diz. “Vale pensar o que está ocorrendo com o casal e conversar sobre isso para tentar solucionar a questão”, explica.
O relacionamento aberto só deve ser considerado se ambos manifestarem interesse. “As regras devem ser dispostas pelo limite de cada um. Como é uma situação que pode levar a brigas e até mesmo a términos de relacionamentos, é indicado que o casal comece aos poucos”, diz o psicólogo. Eles podem, por exemplo, ir juntos a um local com pessoas interessantes e solteiras – como uma balada - e ver como se sentem em relação a ficar com outras pessoas. “Na fase inicial, é importante ambos serem muito verdadeiros com aquilo que estão sentindo, se querem ou não continuar e quais serão os limites”, diz Busin.
O acordo de Agnes com o namorado incluía compromissos como não ficar com pessoas do mesmo círculo de amizades e também não entrar em detalhes do que fez e com quem. “Nossa combinação não é ‘sair pegando geral’, apenas criamos uma brecha para não transformar um simples interesse por uma terceira pessoa em um motivo de rompimento”, diz.
Evolução constante
A psicóloga Isabella Cassane, 22, afirma que abrir a relação só serviu para reforçar a confiança que já existia entre ela e o namorado, levando a convivência do casal a um novo patamar. “A gente foi realmente sincero um com o outro, pudemos nos abrir, assumir nossas vontades e realizá-las, sem nenhum prejuízo para a relação que havíamos construído até então”, diz. Depois de um tempo vivendo essa experiência - que ela classifica como “incrível e libertadora” - ambos resolveram voltar ao modelo tradicional, de exclusividade sexual. “Nesse momento, eu estou sendo chamada a ficar só com ele e vice-versa. Mas isso pode mudar daqui a pouco, ou não. O importante é que não estamos presos a tabus que poderiam nos impedir de viver plenamente”, diz.
Caso que não deu certo
De uma relação para outra, as regras podem mudar. Elas também podem evoluir conforme o romance amadurece. De qualquer forma, é importante que sejam sempre muito bem discutidas, para evitar problemas. O estudante Gabriel Ribeiro Menezes, 19, viu a relação degringolar por falta de sintonia entre ele e a namorada. Eles haviam decidido abrir o relacionamento por um período curto, para que ambos pudessem curtir separados uma viagem com os amigos. “O acordo foi que cada um faria o que quisesse e que não contaria nada para o outro. Mas ela voltou e contou tudo o que fez”, afirma Gabriel.
A princípio, a vontade da namorada de compartilhar as experiências não abalou Gabriel. No entanto, pouco tempo depois ela revelou uma preocupação. “Ela me contou que teve uma relação sem camisinha e talvez tivesse contraído HPV”, diz. “Na hora, eu fiquei muito bravo. Fiquei pensando como era possível alguém ser tão egoísta a ponto de colocar a vida de outra em risco. Mas não terminei com ela”, diz.
O resultado do exame acabou sendo inconclusivo e eles não apresentaram sintomas do vírus. Mas, nesse ponto, a relação já tinha chegado ao fim. “Terminamos três meses depois”, afirma. “Eu teria novamente um relacionamento aberto, mas teria de conversar mais e saber o que a outra pessoa entende como limite. Alguns atos podem machucar e comprometer a relação, sem chance de volta”, diz.
Para Yuri Busin, em um relacionamento aberto, seja definitivo ou temporário, até o que parece óbvio deve ser dito. Por exemplo, usar preservativo ao fazer sexo com outras pessoas. “É melhor pecar pelo excesso do que não falar nada e imaginar que o outro pensa como você”, diz. “Ter um relacionamento aberto exige uma grande parceria entre o casal”, afirma o psicólogo.
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