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Marcos não quer que Emilly beba no BBB; por que ele pode e ela não?

Emilly e Marcos conversam sobre bebedeira da sister - Reprodução/TV Globo
Emilly e Marcos conversam sobre bebedeira da sister Imagem: Reprodução/TV Globo

Thamires Andrade

Do UOL

07/03/2017 11h17

Sempre regada a muita bebida, as festas do "BBB17" muitas vezes acabam com os participantes passando mal. A festa de sábado (4) não foi diferente. Emilly quase entrou em coma alcoólico após exagerar na vodka e Marcos, seu namorado no reality, quer impedir que a sister beba nas próximas festas. "Mulher não tem que beber. É feio pra caramba ver uma menina da tua idade fazendo isso", criticou. Mas, afinal, por que o fato de as mulheres beberem é um tabu?

Na opinião de Carla Zeglio, psicóloga especialista em terapia de casal, isso acontece por vivermos em uma cultura machista que ainda categoriza comportamentos em femininos e masculinos. "Estamos em processo de transformação. Se isso acontecesse há 10 anos, seria pior, mas, ainda assim, existem certos comportamentos, como beber demais, que, se são feitos por homens, passam, mas quando são realizados por mulheres, a coisa é tratada de um jeito diferente", explica.

Carla explica que a sociedade machista tem uma visão muito mais moral sob o comportamento humano quando ele é executado por uma mulher. “Até bem pouco tempo, quem bebia até cair eram os homens e eles não recebiam rótulos por isso. Ainda não vivemos uma equidade de gênero”, fala.

Controle dos comportamentos femininos

Para Carla, essa moral presente na sociedade faz com que as pessoas ainda esperem certos comportamentos das mulheres. “Os rapazes lá dentro só reproduzem o discurso e o comportamento social daqui de fora. Nós temos uma educação social de suportar certos comportamentos quando eles vêm dos homens. As pessoas precisam entender que as mulheres têm sim a possibilidade de beber”, fala.

A tentativa de controlar a ingestão de bebida alcoólica de Emilly também é vista por Carla como o uso da moral sobre as mulheres. “Essa tentativa de controlar os comportamentos femininos pela ideia moral é ruim. Ele [Marcos] poderia ter sido mais bacana na argumentação. Poderia falar que não é legal beber até cair por causa da saúde, pela continuidade dela no jogo, mas ele foi mexer em um aspecto que talvez para ela também seja importante”, fala.

Ou seja, por se sentir culpada, Emilly pode até mudar seu comportamento depois de ouvir que é feio mulher beber. “Espero que não, mas como ela foi culpabilizada e ainda estamos em um processo de mudança, o social ainda modela o que a mulher pode ou não fazer, o que é o certo e o que errado. Não só na questão de bebida, mas em outros comportamentos, como ficar com quem quiser”, diz.

Parece, mas não é

Na opinião de Carla, muitas vezes, o homem se passa por bonzinho na relação, mas sua atitude é abusiva, como a de Marcos. “As mulheres ainda encaram maus tratos e ciúme excessivo como cuidado. Ainda temos um longo caminho para aprender sobre empoderamento e autonomia”, fala.

Para a psicóloga, quando as mulheres aprenderem que essas atitudes são uma forma de controle e não amor, não haverá mais espaço para que as pessoas falem de seus comportamentos. “A partir daí a opinião social não vai modelar o que espera mais das mulheres”, diz.