Vida de adulto faz Eleven de "Stranger Things" sofrer esgotamento
A atriz americana Millie Bobby Brown, 13 anos, a Eleven da série “Stranger Things”, usou seu Instagram para explicar o fato de ter tido de cancelar em cima da hora a participação em um evento na Flórida. “É algo que nunca, nunca tinha feito e pretendo não fazer novamente. Só acho que tenho trabalhado demais e tenho de descansar”, falou ela em um vídeo. Millie tem se dividido entre as gravações da segunda temporada da série e eventos de divulgação da atração.
“Crianças e adolescentes não foram feitos para ter profissão. Eles podem sofrer de esgotamento físico e mental, assim como os adultos”, afirma o pediatra e neonatologista Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).
Ejzenbaum fala que o cansaço sentido por Millie também pode afetar crianças e jovens que, além de estudar, têm o dia a dia repleto de atividades extras. “Vejo crianças que vão para a escola em período integral e, além disso, fazem aula de inglês, de alemão, de natação. É uma sobrecarga de tarefas.”
O pediatra afirma que, ao não dar ao filho tempo para não fazer nada, os pais colocam a criança e o jovem sob risco de ter o sistema imunológico comprometido e de ter problemas psicológicos.
Segundo Ejzenbaum, uma criança sobrecarregada dá sinais e os adultos devem ficar atentos a eles. “Ela fica mais irritada, chorosa, começa a ter problemas na escola.”
A psicóloga e terapeuta familiar Marina Vasconcellos diz que muitas crianças e jovens têm sofrido com a agenda adulta imposta pelos pais. “Ninguém tem mais tempo livre para brincar, para relaxar.”
Para Marina, o problema ainda é que há casos que a sobrecarga de compromissos é uma projeção do desejo do pai ou da mãe. “São os adultos querendo que a criança siga carreira artística ou pratique determinado esporte.”
Mesmo que as atividades extras sejam um desejo do filho, é responsabilidade dos pais impor limites para que elas aconteçam de forma saudável. “O cérebro pré-frontal só termina de ser formado por volta dos 21 anos. Essa é a área responsável pela tomada de decisões. Portanto, o filho não tem condições de julgar se está havendo exagero ou não. Cabe aos adultos impor limites, preservando um tempo de ócio para ele.”
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