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"Eu fui a rainha de verdade", diz Sula Miranda sobre mulheres no sertanejo

Bárbara Stefanelli

Do UOL, em São Paulo

05/04/2017 04h00

Sula Miranda acompanha empolgada a ascensão das mulheres da música sertaneja. Entre nomes estrelados como Paula Fernandes, Marília Mendonça, Simone & Simaria, Maiara & Maraisa, destaca Paula Mattos como sua preferida. Mas na condição de precursora dessas artistas, é enfática. "Eu fui rainha de verdade. Muitas cantoras dessa nova geração tem carreira meteórica, mas quero ver quem daqui há 30 anos vai dar uma entrevista para contar a trajetória", diz, citando seu tempo de carreira.  

A cantora é uma mulher bastante tradicional. Aos 18 anos, se casou virgem. Hoje, aos 53, vai à igreja de três a quatro vezes por semana e, apesar de ser uma vaidosa escorpiana, o signo considerado mais fogoso do zodíaco, está há dez anos sem sexo. "Para nós, cristãos, essa é a coisa mais normal do mundo", explica em entrevista ao UOL.

Namorando há cinco meses com um empresário do ramo automotivo que conheceu na igreja evangélica que frequenta, ela conta que só pretende transar depois do matrimônio. "As pessoas me perguntam: 'Como é que você pode casar sem ter intimidade?'. Mas se você conhecer o caráter da pessoa, não tem como dar errado", acredita. "O beijo, o cheiro e o abraço, se vive durante o namoro. Então, você sabe se você vai querer estar perto daquela pessoa. Caso contrário, não iria nem querer abraçá-la."

Para driblar o desejo, a cantora diz que malha e come bastante doce. Questionada se o relacionamento físico perde a importância com o passar dos anos, afirma que não. "O sexo continua sendo importante para mim, mas o que muda é o nível de prioridade. Hoje eu priorizo um homem de caráter."

O Thammy ou a Thammy?

Conhecida pela cor rosa, hoje Sula guarda o tom apenas para as ocasiões especiais. “Apenas para fazer shows, porque as pessoas esperam pelo momento em que eu apareço de rosa. Não sei de mais ninguém no Brasil que tenha a própria cor, o Roberto Carlos tem o azul, a Simone ficou com o branco e eu com o rosa.”

Hoje, no entanto, ela prefere o nude. Mesmo assim, rechaça essa tendência de gênero neutro e moda unissex, que ganhou força nos últimos anos. Para ela, menino é azul e menina, rosa. “Eu tinha um carro rosa na época que engravidei. Mas depois que eu soube que era menino, vendi, porque achei que ele iria pensar: ‘Que mico. Não quero minha mãe me buscando de carro rosa na escola’.”

Acho que isso não tem nada a ver. Tem que educar de acordo com o que a criança nasceu, porque aí vai causar mais confusão ainda, poxa minha a mãe não me disse o que eu era.

Sobre Thammy Miranda, filho de sua irmã Gretchen, que passou por um período de transição e assumiu a identidade masculina, Sula diz que ninguém da família estava preparado para lidar com a transexualidade de uma hora para a outra. A cantora afirma até que seria hipocrisia achar que qualquer família aceitaria a escolha com tanta tranquilidade.

“Falar que é normal, não é. Existe um período que só tendo muito amor que o relacionamento se estabiliza. E sabemos como a grande maioria das famílias não aceita e acaba botando para fora de casa.” Apesar do amor, Sula ainda tem dificuldade de chamar Thammy no masculino. “Ela não se incomoda. Serei tia de uma menina para o resto da vida. Não é o artigo que vai mudar a pessoa que ela é. E eu amo a pessoa que ela é.”