Mulher relata agressão de ex-marido e pede socorro em vídeo no Facebook
Mãe de duas filhas, Danila Areal foi agredida por mais de uma hora na calçada em frente à sua casa, pelo ex-marido no último sábado (27). Ele gritava por socorro enquanto uma amiga ligava 17 vezes para a Polícia Militar, que nunca chegou para socorrê-la. O caso, ocorrido em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, só teve repercussão, porém, depois que Danila fez um vídeo no Facebook clamando por ajuda. Desde então, mais de 5 milhões de pessoas já visualizaram a postagem.
O ex-marido é Douglas William Santos Moraes e, contra ele, não consta nenhum mandado de prisão. De acordo com Danila, ela abriu o primeiro boletim de ocorrência contra Douglas no dia em que os dois se separaram, em 28 de abril. Naquela noite, ela descobriu uma traição do antigo parceiro e pediu para que ele não entrasse em casa. A reação de Doulgas, segundo Danila, foi violenta e ela foi agredida em frente às crianças - cada um tem um filho de outra relação, e juntos eles têm uma filha de 11 meses.
"Eu pedi medida protetiva contra ele e não consegui. O juiz achou que não cabia. Foi uma agressão mais leve que essa, não deixou marcas", contou Danila ao UOL. De acordo com a advogada Marina Ruzzi, especializada em violência contra a mulher, para o juiz oferecer a medida protetiva, bastavam indícios de que a mulher estava em risco.
Sem uma medida protetiva, Douglas continuou atrás de Danila e encontrou-a em uma casa noturna na sexta-feira (26). Segundo o relato da vítima, ao sair do local ele se aproximou de seu carro e se ofereceu para guiar, uma vez que Danila precisava deixar uma amiga em um bairro distante. Ela ainda relata que, ao chegar na casa em moravam, Douglas tentou estuprá-la e os dois começaram uma discussão, que terminou em violência.
"Ele começou a me dar soco e só parou quando quatro rapazes passaram e fizeram ele parar. Ele respondia que era para eles não se meterem, que era briga de marido e mulher. Começou uma discussão e ele saiu correndo", conta Danila, que seguiu na rua à espera da polícia. "Imaginava que eu ia entrar no carro da polícia e prender ele em flagrante".
Mas, 10 minutos depois, Douglas, que segundo a ex-mulher tem dois revólveres calibre 38 em casa, voltou. Ela deu a filha de 11 meses para a amiga e trancou as duas dentro de casa. "Achei que ele ia matar todo mundo", relata.
"Ele me deu muito soco no meu rosto, e eu gritei por socorro. Apanhei por mais de uma hora. Ele só parou quando minha amiga, achando que eu estava morta, jogou um martelo no carro para ele fugir. Eu já estava desmaiada. Tinha vários homens na janela vendo e nenhum foi me socorrer", continua. Enquanto Danila apanhava, conta, a amiga ligou 17 vezes para o 190. A polícia nunca chegou para socorrê-la e prendê-lo em flagrante.
Danila só se lembra de acordar na cama, com uma equipe do SAMU trocando a roupa dela, que foi rasgada pelo ex-marido. Levada a um pronto-socorro, ficou sete horas em atendimento. Douglas, que não foi preso em flagrante, ainda pode ser condenado após investigação.
"Ele pode ser preso depois, se for condenado, depois de terminar a investigação e a ação penal. A não ser que ele cometa nova violência, acho difícil que ele vá para a cadeia", opina Marina Ruzzi.
Danila não confia na Justiça e tem medo do ex-marido. Enquanto estava no hospital, ela recebeu a visita de dois amigos dele, que foram ameaçá-la. De acordo com a vítima, Douglas ameaçou inclusive matar a filha - "não tem quem cuide depois que eu te matar" - e a amiga que tentou ajudá-la. Mas, após o ocorrido, ela perdeu o medo de contar que, nos oito anos de relação, apanhou dele incontáveis vezes.
Foi temendo pela vida que Danila fez um "live" no Facebook, na segunda-feira (29), denunciando a agressão. O vídeo já teve mais de 200 mil compartilhamentos e, depois da repercussão, o mesmo juiz que atendeu Danila na primeira vez, concedeu a medida protetiva que impede que Douglas se aproxime da ex-mulher. O UOL tentou contato com o acusado, mas ele não atendeu às ligações.
Danila já deixou o hospital, mas segue presa dentro de casa. "Minha filha mais velha está na casa da avó paterna, para poder ir para a escola. Eu não consigo sair na rua. Primeiro pela vergonha das marcas no meu rosco. Estou em pânico. Ontem (30) eu estava dentro de um carro da polícia civil, vi um carro igual o dele e entrei em desespero, comecei a chorar. Minha sensação é que ele pode voltar e ninguém vai fazer nada."
O UOL entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Militar do Rio, que passou a demanda para Secretaria de Estado de Segurança (SESEG). Essa repassou o caso para a Polícia Militar e também para a Polícia Civil. A reportagem não obteve resposta.
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