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A inveja é uma m... Mas dá para transformá-la em algo positivo!

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Heloísa Noronha

Colaboração para o UOL

16/06/2017 04h00

Todo mundo, em menor ou maior grau, já se incomodou ao ver um colega de trabalho ser promovido, a amiga comprar um carro incrível ou saber que um parente fez uma viagem dos sonhos nas férias. A sensação de injustiça, como se você fosse mais merecedor de coisas boas que a outra pessoa, vem à tona imediatamente. 

Mas é difícil quem admita que já sentiu o gosto amargo da inveja. Esse é um sentimento altamente condenável pela sociedade, tido como sinônimo de fracasso e maldade. 

No entanto, sentir inveja é normal. E o primeiro passo para que esse sentimento seja neutralizado, é trazê-lo à tona. Pode ser difícil, mas o resultado é recompensador. Veja quatro formas de fazer da sua inveja algo edificante para a sua vida!

1. Admitir a inveja ajuda a superá-la

Negar um sentimento nos torna mais vulneráveis a ele, porque vira algo mal resolvido dentro de nós e se transforma em uma mentira que toma proporções com as quais nem sempre conseguiremos lidar. Ao admitir que sente inveja, você pode pensar sobre o que vai fazer para superá-la. Que tal começar conversando com outras pessoas que também estão sentindo isso para saber como enfrentam a situação?

2. Dá para se conhecer melhor

Ao esquadrinhar a própria inveja, você vai mergulhar em um exercício intenso de autoconhecimento. Nem sempre aquilo que cobiçamos é o que, de fato, precisamos. Será que você quer mesmo ter um big apartamento como o da sua prima ou, na verdade, o que a incomoda é que ela tem um salário mais alto do que o seu?

Nesse caso, a inveja permite outro tipo de reflexão: você vem se esforçando o suficiente para alcançar seus objetivos? O que fez até agora que deu certo e em quais pontos pode melhorar? Não são raras as circunstâncias em que as pessoas alimentam a própria inveja olhando mais para as conquistas alheias do que prestando atenção em si mesmas. A inveja pode ser usada de uma forma produtiva, ajudando-a a entender o que gostaria de ter ou fazer que está invejando e, finalmente, traçar estratégias para correr atrás do que realmente deseja. Em vez de se perguntar “por que não eu?”, pergunte a si mesma “como posso eu…?”.

3. A inveja de alguém pode se transformar em admiração

Nem sempre a inveja é ruim; ruim é a maneira com que lidamos com ela. Em vez de desmerecer o que a outra pessoa tem de bom, por que não se espelhar nela? Independente se foi resultado de sorte ou esforço, tenha em mente que ela é merecedora - e que você também tem capacidade de conseguir o que quer. Esse sentimento tido como tóxico pode ser útil se, em vez de passar por cima dos outros ou tentar prejudicá-los, você aprender com o objeto da sua inveja. Isso não faz com que o sentimento de inveja seja positivo, é óbvio.

Ela continuará sendo algo negativo, a diferença é o que você faz com isso. Vale a pena tentar transformar a pessoa invejada numa espécie de modelo. Liste tudo aquilo que ela tem - desde bens materiais até traços positivos de conduta - que você gostaria de ter e, em seguida, tente descobrir como ela alcançou seus objetivos. Tome-a como um exemplo e siga seus passos.

4. Você passa a valorizar a si mesma e os outros

É fato: quem tem mania de achar que é alvo de inveja, no fundo está de olho no que é de terceiros. Para não admitir a própria cobiça, inconscientemente a projeta nos outros e assim se sente melhor. Outra artimanha comum é desqualificar qualidades e bens alheios para disfarçar o quanto, no fundo, deseja possuí-los. Como diz o velho ditado, quem desdenha quer comprar. Quem assume a própria inveja, porém, também passa a reconhecer as capacidades das outras pessoas. O sentido da crítica se perde e você se liberta para mirar olhar no que realmente importa: você mesma.

Fontes: Alexandre Bez, psicólogo e autor do livro "Inveja – O Inimigo Oculto" (Ed. Juruá); Marilena Bigoto, psicóloga e diretora ESEDES (Espaço Elaborado para o Desenvolvimento e Essência do Ser), de São Paulo (SP), e Yuri Busin, psicólogo e diretor do CASME (Centro de Atenção à Saúde Mental Equilíbrio), de São Paulo (SP)