Menos é mais? Silicone continua a toda, mas febre do peitão passou
Faz um tempo que a "era dos peitões" ficou para trás. Celebridades como Anitta, que diminuiu o silicone, e Victoria Beckham, que retirou as próteses, são apenas algumas das personalidades que vieram a público falar sobre o assunto. A ex-Spice Girl disse à revista "Allure" que o motivo que a levou ao procedimento foi "os seios turbinados não combinarem mais com seu estilo sofisticado".
O desejo de diminuir o volume das mamas e usar próteses mais naturais, anatômicas, que não têm aquele formato de maçã, não está apenas entre as famosas. O cirurgião plástico David di Sessa, membro da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), afirma que, de cada dez mulheres que entram em seu consultório para operar os seios, quatro querem diminuir a prótese.
Perfil do desejo
Mais do que qualquer coisa, o que manda é a estética e, sim, a moda: a tendência é anunciada no visual das celebridades e das mulheres nas ruas. E o perfil da mulher que passou por uma cirurgia aos 20 e poucos anos é diferente de uma que está com 40 e já passou por gestações, por exemplo.
A empresária Flavia Bozian, 44, fez sua primeira cirurgia em 2006, seis anos após o nascimento da filha. Na época, a prótese foi de 280 ml, porque, segundo ela, era o "auge de ter peitos grandes". "Depois que a gente tem filho, as mamas caem e meio que murcham, também. Eu quis corrigir isso".
Segundo ela, agora que o padrão de beleza mudou, não fazia mais sentido manter os seios turbinados. Há dois meses ela passou por um novo processo e reduziu radicalmente.
"Pedi o mínimo possível ao médico e fiquei com um implante de 190 ml. As mamas exageradas estavam me incomodando, principalmente porque eu faço corrida e senti que elas começaram a cair rapidamente. Além disso, queria ficar com o visual mais 'slim'".
"A gravidez mexe com o corpo como um todo, e os seios fazem parte dessa mudança. É natural que, após passar por esse período e por uma amamentação, eles fiquem mais flácidos e caiam mais rapidamente, principalmente com o peso da prótese e a idade”, fala Luciano Chaves, presidente da SBCP.
Tem problema?
Exceto em casos extraordinários de complicações com o silicone, não há nenhum risco à saúde que exija uma nova cirurgia, de acordo com os médicos. A troca é feita por estética. As próteses colocadas atualmente não precisam mais ser substituídas por causa do tempo. Antigamente, a validade do produto variava entre dez e 15 anos.
"Mesmo assim, há casos em que a prótese pode apresentar problemas como contratura capsular –perda de elasticidade do material que envolve o implante– ou outras complicações mais incomuns que podem exigir uma troca", explica o cirurgião plástico Thomas Benson.
Cicatrizes
Para fazer uma nova cirurgia nas mamas só há contraindicação para pacientes que tiverem um histórico de cicatrização ruim, a famosa queloide. Uma nova operação pode significar marcas maiores.
"Ao diminuir a prótese de silicone, o seio perde preenchimento e pode apresentar uma sobra de pele. Para corrigir o tamanho não é suficiente apenas reduzir o implante mamário. A mulher deve fazer, também, uma mastopexia, para retirar o excesso de tecido. E é isso que implica em mais marcas", explica David di Sessa.
Foi exatamente por esses procedimentos que Flavia passou: ela tirou 300 gramas de pele. No último sábado, a ela foi liberada para voltar a praticar exercícios físicos. "Ficou a cicatriz do T invertido, abaixo do mamilo, mas, como minha cicatrização é ótima, está quase desaparecendo. Eu me sinto mais confortável e feliz".
E dá para remover, como Victoria?
Esses casos são mais raros e a aprovação do procedimento depende de uma análise minuciosa. "Sempre é possível. Se a paciente ainda tem um pouco de tecido mamário próprio, o médico pode usá-lo para reconstruir os seios", fala Benson.
A tendência pela diminuição das mamas não significa que os implantes perderam procura. Ao contrário: continuam a toda. O relatório referente a 2016 do ISAPS (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética) mantém o Brasil na segunda posição do ranking de países que mais realizam o procedimento, atrás apenas dos Estados Unidos. Isso não significa, necessariamente, que a procura da mulher é por seios maiores. Muitas procuram a cirurgia por sustentação, principalmente depois de amamentar, e para a substituição por próteses menores.
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