Criança que bate nos pais? Veja como lidar com a agressividade dos filhos
Respirar fundo e apostar no diálogo. Essa é a receita de Mariana Clara de Souza Neves, 27, para controlar os ataques de raiva do filho Dimas, de 3, que sempre culminam em algum tipo de agressão física. “Ele me dá tapas na cara que chegam a arrancar meus óculos”, diz.
Quando esses episódios acontecem em lugares públicos, Mariana procura levá-lo a um local mais reservado e primeiro se acalma, antes de reagir. “A vontade que eu tenho é de revidar. Mas aí eu penso que isso faz parte do desenvolvimento dele, que ele está aprendendo a se expressar”, afirma. Então, ela explica à criança porque o comportamento foi inadequado, de uma maneira que o pequeno consiga entender. “Eu reconheço que ele está frustrado ou bravo, mas explico que ele não pode reagir assim. Aviso que doeu e reforço que ele não pode bater nem em mim, nem em ninguém”, diz a mãe.
Aprender a expressar sentimentos
Segundo os especialistas, Mariana age corretamente ao validar os sentimentos do filho, recriminando, no entanto, a maneira como ele os expressa. “É importante mostrar à criança que ficar bravo ou frustrado é algo natural, que todos nos sentimos assim. Ela deve aprender a identificar seus sentimentos e a expressar-se de forma mais adequada”, diz a neuropsicóloga Deborah Moss, mestre em psicologia do desenvolvimento infantil pela USP (Universidade de São Paulo).
A dificuldade de comunicar o que sente está, quase sempre, por trás dos episódios de agressividade e birra, que são mais comuns a partir do primeiro ano de vida da criança, mas podem se tornar frequentes até os quatro anos. “As crianças são mais emoção do que raciocínio. Em situações em que se sintam inseguras ou em risco de perder algo que lhes pertença ou, ainda, quando não conseguem algo que querem -- muitas vezes por problemas na linguagem --, elas podem recorrer a comportamentos agressivos”, explica o pediatra Tomaso Pina, especialista em homeopatia e acupuntura.
Cabe aos pais ensinar a criança a expressar o que o incomoda por meio de palavras. “Os pais também devem deixar claro que estarão sempre disponíveis para ouvir o filho, prontos para ajudá-lo a solucionar o problema sem violência”, diz Tomaso.
Estabelecer limites claros é estratégia eficiente
Na casa da empresária Érika Francine S. R. C. Chagas, 24, a filha Esther, de um ano e oito meses, costuma reagir de maneira agressiva ao ser contrariada. “Há uns três meses, ela bateu no prato de papinha e derrubou tudo no chão, de propósito. Quando dei bronca, ela me bateu. Voltou a fazer isso várias vezes, desde então, sempre que eu a repreendo”, diz.
Para evitar que os comportamentos inadequados da criança se repitam, a orientação é estabelecer limites e mostrar que ela estará sujeita a consequências ruins quando eles forem ultrapassados. “Suspender um passeio que a criança goste, deixá-la sem acesso à televisão ou aos jogos, ou mesmo colocá-la em um cantinho para pensar são táticas que costumam apresentar bons resultados”, diz a médica Marina Pimenta, especialista em pediatria pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
Antes de aplicar qualquer tipo de castigo, no entanto, é preciso estar seguro de que as regras da casa foram explicadas à criança, de forma clara. Segundo o neuropediatra Flavio Alves, médico assistente da disciplina de neurologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), uma causa muito comum de insegurança, nas crianças, é a percepção de que não há um consenso entre os adultos da casa. “Se a mãe fala A e o pai, B, a criança ficará confusa sobre qual orientação seguir. Outra coisa que reforça o comportamento agressivo é a criança perceber que, ao reagir dessa forma, consegue o que quer”, explica.
Violência gera mais violência
Os especialistas são unânimes em afirmar que os pais não devem, em hipótese alguma, conter o filho com agressividade. Ao fazer isso, vão reforçar o comportamento que estão condenando.
Quando a família tem dificuldade para controlar a criança, o acompanhamento de um psicólogo é bem-vindo. “Também é importante a criança passar pela avaliação de um pediatra e de um neuropediatra, para descartar um possível transtorno que seja a causa da agressividade”, afirma Flavio.
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