Perguntas que você não deve(ria) fazer para uma grávida
Vida de grávida não é fácil. Além de mudanças no corpo, na rotina e toda a ansiedade e incertezas da experiência, a gestante precisa aprender a dominar o autocontrole - e a paciência. Tudo para responder educadamente a perguntas de quem não sabe (ou não quer entender) o limite entre curiosidade e indelicadeza.
"Todos os dias a gente encontra alguém que faz uma pergunta extremamente inconveniente", diz a analista de marketing Bianca Xavier, 33, que há pouco mais de 1 mês deu à luz Lorenzo.
Para que você não seja esta pessoa indiscreta, conversamos com mulheres que vivem ou viveram uma gravidez recente que nos relataram quais questões prefeririam não ter ouvido. As respostas estão aí, bem às claras. Na próxima vez que encontrar uma grávida, nada de bombardeá-la com tais dúvidas, ok?
Vai ser cesárea ou normal?
Dez entre dez gestantes ouvem isso, inclusive de desconhecidos. O problema maior é que existe sempre um julgamento esperando pela resposta. "Eu falava que queria parto normal e diziam: 'Você é louca! Não vai aguentar de dor", lembra Érica Queiroz Fróes Canello, 32, psicóloga, mãe de Maria Eduarda, de 3 meses. Ou, ainda, as perguntas já presumem uma opção. "Me perguntavam: 'Já marcou o parto?", achando que era óbvia a cesariana. Quando dizia que iria esperar pelo normal, vinha a réplica: 'Nossa, mas você é doida de querer!", acrescenta Luciane Agnez, 36, professora de jornalismo e mãe do Heitor, 1 mês e meio de vida.
Por que demorou tanto?
O melhor momento para ser mãe… Só uma mãe mesmo é que sabe. Mas os julgamentos estão aí para provar que o bom-senso ainda precisa ser incentivado. "Essa pergunta me incomodou bastante. Tenho uma filha de uma relação anterior e dois pequenos do meu marido atual. Como somos casados há 10 anos, esperava-se que eu engravidasse o mais depressa possível para que a diferença de idade entre os irmãos não fosse tão evidente", comenta a psicanalista Carolina Oliveira, 38, mãe de Renata (20), Daniel, 2, e Vinicius, 4 meses.
Mas já está grávida?
Se para alguns a demora incomoda, para outros, a gravidez mais rápida também é motivo de perguntas indiscretas. "Engravidei depois de 2 meses de ter casado - e foi tudo planejado. Mas as pessoas se espantavam e queriam saber por que não esperamos mais. Ouvi até: 'Será que já não casou grávida?' Ainda que fosse em tom de piada, não vejo sentido nisso", avalia Luciane.
É do mesmo pai?
Algumas indiscrições quase dispensam comentários, não é? "É meu segundo filho e uma senhora perguntou se era do mesmo pai. Fiquei chocada, constrangida, respondi com educação, mas foi muito inconveniente", lembra Jennifer Mesquita Lima Frutuoso, 27, técnica de enfermagem, mãe de Sofia, que nasceu há 2 meses. E mesmo se não fosse do mesmo parceiro, ninguém tem nada com isso, certo?
Como você está magra! Será que está tudo bem?
Veja só: algumas mulheres engordam menos. E isso é normal. "Eu enjoei muito e, no início da gravidez, perdi 6 kg. Duvidavam do tamanho da minha barriga e até do meu médico. Foi uma coisa bem, bem inconveniente que durou toda a gestação. Ouvi até: 'Está grávida de 7 meses? Impossível! Tem que ver com seu médico porque a criança está muito pequena'", lembra Bianca. Mas pode ser pior. Jennifer, por exemplo, foi questionada: "Você tem passagem (para o parto normal)? É tão magra!". "Me sentia péssima, com medo da cesariana. Às vezes, perdia a calma e questionava se só pessoas gordas tinham filhos de parto normal", diz.
Que barriga grande! Já vai nascer?
Se a barriga está maior, a indiscrição também aparece. "Olham para a barriga e dizem: 'Que bonita, já está pra nascer?' Faço questão de dizer que faltam dois meses pra ver se a pessoa se liga que não foi conveniente, mas em geral vem o complemento: 'Nossa, sua barriga está grande mesmo, hein?'", comenta a gerente de produto Alessandra Brambilla, 38, que espera a chegada da primeira filha, Maria, para setembro.
Quantos quilos você engordou?
Taí uma pergunta que não vai mudar o mundo de ninguém - mas vai irritar a grávida. "É totalmente desnecessária. Eu estava me controlando muito, tomando bronca do meu médico, e sempre com fome. Parecia que as pessoas queriam esfregar na minha cara que tinham engordado menos", recorda-se Semira Nascimento, bancária de 28, mãe de Vicente, 15 dias de vida.
Você não vai comer mais?/ Vai comer tudo isso?
A "patrulha da comida", como Alessandra define, não dá trégua. "Me perguntam: 'Você não vai comer mais? Justo você que pode...', como se grávida fosse sinônimo de 'draga'. Mas também tem quem olhe e diga: 'Vai comer tuuudo isso?'" Difícil, né?
Prefere menino ou menina?
A mãe tem que ter preferência? Pois há quem insista nessa ideia. Luciane teve que argumentar várias vezes o contrário. "Me perguntavam se eu queria homem ou mulher. É meu primeiro filho, eu estava realmente feliz com o que viesse. Mas as pessoas ficavam: 'Você preferia alguma coisa, né? Vai, diz…'", observa a professora.
Outro menino? Que pena!!!
Carolina, que já era mãe de um garoto de 2 anos, comemorou muito com o marido a chegada de outro menino à família. Mas a notícia não deixava todo mundo satisfeito. "Isso me incomodava porque ouvir que esse filho tão esperado era 'uma pena' doía em mim como se estivessem afetando o meu filho emocionalmente", argumenta.
Você vai tentar uma menina depois?
É Carolina quem aponta outra pergunta indesejada sobre ter filho de sexo diferente. "Vejo a sociedade nos colocando na condição de atender ao que se espera de uma família normal, portanto, sair do normal acaba sendo mal visto ou recebido com menos alegria. Parece que a família só é perfeita se tem um casal de filhos e não dois do mesmo gênero", lamenta.
Vai amamentar?
Amamentação é um dos assuntos prediletos com as mães. "Me perguntavam se eu pretendia amamentar exclusivamente nos primeiros meses e, quando dizia que sim, falavam que eu iria cansar de ficar sentada, que dava muito trabalho e levava tempo, que era para dar um leitinho na mamadeira", relata Érica. Por sua vez, Jennifer foi questionada por ter seios pequenos. "Ouvia coisas do tipo: 'Será que terá leite?', 'Tem bico? Pois pode rachar e doer', seguidas de risos maldosos. Chorei bastante pensando em tudo aquilo", revela.
Nasce quando?
Está curioso? Segure as pontas. A grávida está muito mais ansiosa e não precisa ser confrontada o tempo todo com a expectativa. "Essa é a pergunta mais frequente, sempre acompanhada de 'Está perto, hein? Aproveita para dormir' ou 'Já não passou da hora? Cuidado!'", diz Jennifer, que cansou tanto de responder a essa pergunta que preferiu antecipar a licença médica.
Já nasceu?
Acredite: no fim da gestação, essa é uma das perguntas mais desgastantes. "Desde as 38 semanas as pessoas já me mandavam mensagens do tipo: 'E aí, nasceu?'. Essa reta final já é de muita ansiedade, você está desconfortável, tem preocupação, nervosismo, na expectativa do parto e as pessoas ainda ficam te questionando ou questionando os parentes próximos", desabafa Luciane.
Bônus: achou que era "só" isso que costuma irritar as grávidas? Tem mais, beeem mais! Acrescentamos outras perguntas que você deve evitar para não chatear a futura mamãe.
- Mas seu marido gostou?
- Outro filho, já?
- Mas você queria engravidar?
- Já está grávida de novo?
- Como está o umbigo? E a linha nigra?
- Vai fazer ensaio de gestante? E de newborn também, né?
- Foi planejado?
- Vai ter babá ou vai mandar pra escolinha?
- Você vai 'emendar' o segundo filho?
- Não vai querer filho único, né?
- Você não está sofrendo nadinha mesmo?
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