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Charlotte e George: Birra da realeza pode ser estresse; reconheça os sinais

Príncipe George e princesa Charlotte durante viagem oficial dos pais - AFP
Príncipe George e princesa Charlotte durante viagem oficial dos pais Imagem: AFP

Amanda Serra

Do UOL

27/07/2017 17h26

Nas últimas semanas, a birra da princesa Charlotte e a cara de “mau-humor” do príncipe George durante uma viagem oficial de seus pais - a duquesa de Cambridge e o príncipe William - à Polônia e Alemanha, chamaram atenção do público e as cenas viralizaram nas redes sociais. Muitos leitores comentaram sobre o cansaço e o estresse que viagens causam nas crianças, principalmente, se tratando de eventos da família real.

O UOL conversou com a psicóloga Silvia Maria Gonçalves, do Hospital da Criança, para entender os sinais que as crianças estão emitindo quando têm reações parecidas com a dos pequenos monarcas da coroa britânica, além de reunir dicas sobre viagens com os pimpolhos. Vale lembrar que tanto George quanto Charlotte estão de férias. Na Europa, o recesso dura entre 60 a 90 dias.

“Os adultos precisam pensar: as crianças cabem na viagem ou não? Tem viagem na qual não é preciso encaixar as crianças, mas também existem ocasiões em que não há opção, por isso é necessário integrar elas com algum programa interessante. Nas férias escolares, é necessário que os adultos escolham viagens atrativas para os pequenos. O que muitas vezes não tem a ver com o destino, mas com as atrações”, explica a psicóloga que também atende no Hospital São Luiz.

A profissional também alerta sobre o perigo de não saber interpretar os códigos transmitidos pelos filhos, que podem ser detectados no dia a dia. “A criança na birra pode estar querendo impor a vontade dela ou expondo alguma situação a qual ela não está conseguindo acompanhar. A birra muitas vezes ocorre não necessariamente porque a criança é mimada, mas porque está no limite de algo que ela não está suportando. É preciso saber diferenciar o que é uma birra, do que é uma crise de estresse. O adulto tem que tomar cuidado ao classificar tudo como birra”, orienta.

Ainda de acordo com Silvia, dimensionar o tipo de viagem que se pretende fazer e criar atividades de distração são primordiais, e isso não significa que viajar com os filhos seja cansativo ou que o roteiro precisa ser fabuloso.

“Dar atenção diariamente diminui a sensação de compensação que os pais criam com relação ao período de recesso. O adulto quer dar férias espetaculares, ir para Disney, Alpes Suíços e aí quando isso não acontece, virá um tédio. Não pode ser assim. Não precisa sentar e brincar todos os dias, mas acompanhar o filho (a) desenhando, por exemplo, já é um passo que pode ser inserido na rotina. Não é de hoje, mas a verdade é que os adultos não têm mais tempo, espaço e paciência com as crianças, aí elas acabam ficando sem lugar”.

Fora das férias 

A criança precisa mesmo ir a todos os eventos? “É preciso ver o tipo de lugar que você vai e ver se tem necessidade de levar os filhos (as). Exemplo, você vai a uma missa de sétimo dia, precisa levar o bebê? Não? Então, ele pode ficar com alguém”, diz Silvia.

Rotina

Ela é indispensável e além de facilitar a vida dos pais, também ajuda a controlar o horário da alimentação, do banho e do sono. Mas romper com um esquema preestabelecido ocasionalmente também é saudável. 

“Quebrar a rotina é importante, mas provoca um desconforto, claro. Principalmente para um bebê, que precisa mamar, dormir... No entanto é importante ir a uma festa, sair da bolha e quem sabe estabelecer uma nova rotina, a rotina das férias, que tem horários flexíveis e mais interação entre pais e filhos”, explica a psicóloga.

Períodos de sossego

Já com relação à rotina, a especialista também explica que momentos de tranquilidade e ócio são necessários para a criança. “Viver o tédio é importante, segundo psicanalistas promove uma interioridade, porque você procura pensar mais, estudar, ler... O adulto tem mania de entuchar diversas atividades na criança, inglês, natação, lutas e elas acabam ficando estressadas”. 

Não e sim

O tal do limite, ou seja, isso pode e isso não. Segundo Silvia, além de proteger a criança limites são necessários e provocam ensinamentos e respeito, o que evita a elevação do estresse e, consequentemente, as crises de birra.