Cordão umbilical enrolado no pescoço do bebê não é motivo de pânico
Na gravidez, muitas mulheres se preocupam com a possibilidade de o cordão umbilical se enrolar no pescoço do filho e com os riscos disso. Calma: esse quadro é normal. No útero, o feto tem espaço livre e se movimenta na bolsa amniótica. E, como o cordão é longo, o bebê pode passar várias vezes dentro dele ao mudar de posição, dando voltas -- as circulares.
“Isso acontece entre 20% a 40% dos casos. Atendendo há mais de 30 anos, já fiz mais de 20 mil partos e vi muitos bebês nascerem com o cordão enrolado. Nenhum teve problemas sérios”, diz a enfermeira obstetra Ivanilde Rocha, docente da pós-graduação do Unasp - Centro Universitário Adventista de São Paulo.
Antigamente, como não havia ultrassonografia, isso só era percebido no nascimento. Hoje já é possível descobrir no pré-natal, o que deixa muitas mães preocupadas. Mas, segundo a profissional, não é preciso ter medo: “Estudos mostram que grande parte dos fetos que têm circular na gestação não nasce com isso. Porque quando o bebê é menor, tem mais espaço para movimentar e se enrola, no tórax, nos membros inferiores e superiores, ou no pescoço. Mas não enforca, isso é um mito. E a maioria vai se desfazer até o trabalho de parto”, afirma.
Parto normal? Sim!
A médica Melania Amorim, autora do estudo “A falácia da circular de cordão”, explica que, assim como um bebê que estava com o cordão enrolado durante o pré-natal pode nascer sem isso, também existe o contrário: um que não teve circular detectada na ultrassonografia pode ter uma ou mais voltas na hora de nascer. De qualquer maneira, não há impedimento para o parto normal, segundo as profissionais.
A cesárea só é indicada quando, no trabalho de parto, há algum problema nos sinais vitais da mãe e nos batimentos cardíacos do feto, o que não necessariamente tem a ver com o cordão enrolado. Ivanilde explica que, quando ele é muito curto ou muito justo, o batimento cardíaco do bebê pode cair -- se isso acontecer, o obstetra vai verificar se precisa ou não da cesárea, para garantir o bem-estar fetal.
O cordão pode ficar muito justo na hora de nascer se estiver enrolado duas ou três vezes no pescoço. “Se o bebê já estiver nascendo, dá para tirar ou afrouxar. Antigamente se cortava ainda no pescoço, mas hoje temos manobras para fazer isso sem precisar interromper a circulação uteroplacentária imediatamente após o nascimento. O ideal é que isso seja feito três minutos depois de o bebê nascer”, finaliza Ivanilde.
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