Filho com ciúme do amor dos pais? Veja 9 dicas para lidar com a situação
Você está numa boa no sofá, vendo TV e "namorandinho" com o par. Eis que, de repente, um ser humaninho lindo se instala no meio de vocês, com a maior cara de inocência, pondo fim ao momento romântico-doméstico. Pela manhã, uma simples troca de beijos e abraços entre o casal antes de saírem de casa leva a criança a correr em disparada e a se enfiar no meio dos dois, atrapalhando o carinho. Se for um pouco mais velha, a criança ainda pode tentar justificar a atitude dizendo que o pai ou a mãe é só delas.
O fato é que o ciúme é uma emoção que todos nós sentimos ao longo da vida e isso começa cedo, por volta dos dois anos de idade, quando a criança começa a ter maior consciência de si e dos outros. Os filhos percebem os pais como sua fonte principal de apoio e segurança e, ao vê-los interagindo apenas entre eles, experimentam um horrível sentimento de perda, mesmo que momentâneo.
Ao contrários dos adultos, as crianças não têm as habilidades necessárias para lidar com esse sentimento, nem a linguagem ideal para expressar o que vivenciam. Fazer birra, chorar e até mesmo bater são formas de extravasar. A sensação frustrante de perceber que não são exclusivas nem uma extensão do pai ou da mãe, bem como a percepção de saber que não ocupam o centro das atenções o tempo inteiro, pode levar as crianças maiores a também apresentarem um comportamento ciumento.
Prejuízo nas relações sociais, excesso de agressividade ou sofrimento intenso são alguns sinais que merecem atenção redobrada -- e até mesmo a consulta com um especialista. Fora isso, as demonstrações de ciúme são normais e tendem a desaparecer conforme a criança for amadurecimento. Até lá, para que pais possam não só namorar em paz, como mostrar aos pimpolhos que eles são muito amados, vale a pena seguir algumas dicas.
Ajude a criança a lidar com o sentimento
Encare as demonstrações de ciúme como uma oportunidade para auxiliar a criança a lidar com o sentimento. É preciso conversar com o filho sobre essa emoção, nomeando-a, e ajudá-lo a compreender que não precisa se sentir ameaçado porque é amado.
"Outra coisa que funciona é mostrar que existem formas mais tranquilas de expressar o ciúme, como estimular a criança a falar em vez de fazer birra. Com o tempo, ela se acalma e vai aprendendo a se controlar", conta a artista plástica Maíra Alves, 32 anos, mãe de Pietro, 4.
Dedique um tempo exclusivo ao filho
O sentimento pode surgir ou se exacerbar se a criança perceber que tem pouco tempo para estar com o pai, com a mãe ou ambos. Então, diante das crises constantes de ciúme e dos comportamentos a ele relacionado, avalie: estou dedicando tempo para meu filho? Ele sente isso?
Procure sair um dia somente com a criança e estimule o par a fazer o mesmo. Assim, seu filho vai se sentir especial com e para cada um de vocês. Isso é mais eficaz ainda se a criança tiver irmãos - cada um pode ter um dia especial com o pai, a mãe ou com os dois juntos. Importante: essa medida não exclui as situações de saírem em família para se divertirem, nem os momentos a dois do casal.
Escute com atenção
Na maioria das vezes, o ciúme desencadeia comportamentos indesejados. Converse com a criança e tente entender as razões pelas quais ela sente ciúme de determinada pessoa. Você provavelmente irá descobrir que talvez lhe falte um pouco de autoestima e confiança e que talvez ela não tenha uma visão tão positiva sobre si mesma. Isso pode fazer com que expresse ciúme de outras pessoas.
Fortaleça os pontos positivos
Os pequenos gostam de ouvir aspectos positivos sobre eles. Isso vai aumentar sua autoestima e diminuirá as crises de ciúme.
Leia livros infantis sobre o tema
Histórias que exemplifiquem a emoção podem ser uma boa ferramenta para ajudar a criança a lidar com o problema. Ao lê-las para a criança, o ideal é que os pais conversem sobre o que o personagem está sentindo ou passando e tentem identificar, juntos, as estratégias usadas para enfrentar a questão.
Não repreenda nem castigue
Os pais nunca devem punir o filho por sentir ciúme, pois trata-se de uma emoção humana natural, que todos os indivíduos experimentam. Não dá para considerar como apenas um capricho ou coisa de criança.
Reafirme seu amor
Reitere que amar o papai ou a mamãe não significa deixar de amar o filho. "Sempre explicamos que existem maneiras diferentes de amar e que é possível gostar de muitas pessoas ao mesmo tempo. Usamos como exemplos os tios, a professora dela e os amiguinhos da escola. Tem dado certo", conta a dentista Patrícia Siqueira, 33 anos, mãe de Isabella.
Ensine a criança a esperar
Quando a criança apelar para a birra ou entrar no meio de um abraço, por exemplo, abaixe na altura dela e diga que aquele momento é da mamãe/do papai e que logo ela terá o abraço que deseja.
Não ceda à chantagem emocional
Os pais não devem aceitar que o filho tome a decisão de que eles não podem estar juntos na sua presença. A criança precisa lidar com a frustração e entender que o pai e a mãe não são exclusivos dela, ao mesmo tempo em que aprende a dividir.
Fontes: Deborah Moss, neuropsicóloga especialista em comportamento infantil e mestre em Psicologia do Desenvolvimento pela USP (Universidade de São Paulo); Monica Pessanha, psicopedagoga e psicanalista infantil e de adolescentes, de São Paulo (SP), e Tatiana Serra, neuropsicológa pelo Núcleo de Estudos Prof. Dr. Fernando Gomes Pinto e pelo Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo (SP), e especialista em orientação familiar e atendimento de crianças e adolescentes
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