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Falar sobre sexo com os filhos? Pai e mãe podem (e devem!) conversar juntos

Getty Images
Imagem: Getty Images

Heloísa Noronha

Colaboração para o UOL

07/09/2017 04h00

Até pouco tempo atrás, era comum a mãe responder às dúvidas sobre sexo da filha, enquanto o pai se encarregava de orientar o menino. As conversas aconteciam discretamente, entre sussurros e altos níveis de teor didático. Hoje em dia, com a evolução dos costumes e a quebra cada vez frequente de tabus, felizmente não precisa ser mais assim. Segundo especialistas, é interessante que pais e mães, juntos, batam um papo esclarecedor com os filhos, por várias razões:

  • A criança se sente confiante e à vontade para tratar suas questões. Ela entende que sempre poderá conversar com ambos sem ser julgada ou discriminada, o que a torna mais segura.
     
  • É importante e saudável para a criança receber o ponto de vista materno e paterno. Isso abre espaço para a família discutir abertamente sobre atitudes sexistas, como apontar que alguns comportamentos são de meninos e outros de meninas, e machistas, como orientar os garotos de forma mais liberal do que as garotas.
     
  • Toda criança nasce livre de preconceitos - e o ideal seria que se tornassem adultos que respeitam as escolhas e os direitos de cada um. Quando o pai e a mãe sentam juntos para dialogar com o filho, têm a oportunidade de explicar que existem muitos jeitos de ser mulher e de ser homem e que as pessoas podem ter diferentes tipos de orientação sexual.
     
  • O fato de manter um canal aberto de comunicação permite que os filhos se sintam amados e livres para falar abertamente com os pais em outros momentos da vida, sobre quaisquer assuntos.
     
  • Ter as dúvidas sanadas em família permite que se entre contato com o assunto sexo sem tantos tabus ou mitos. Uma pesquisa realizada em 2011 pela Universidade de Montreal, no Canadá, apontou que crianças esclarecidas tendem a ser mais responsáveis e adiar o início da vida sexual até que se sintam maduras e preparadas. E mais: em lares onde a sexualidade é discutida abertamente, os adolescentes são menos propensos a transar sem proteção.
     
  • O diálogo em família também evita que a criança se sinta confusa ao ouvir informações - muitas vezes erradas e prejudiciais ao seu desenvolvimento - de coleguinhas de escola, primos, crianças mais velhas e/ou vizinhos de condomínio.
     
  • Com a troca de ideias com os filhos, principalmente os adolescentes, os pais podem rever seus conceitos e repensar ideias antiquadas como “homem é assim mesmo, tem que pegar todas, ou “existe mulher pra casar e pra farrear”.
     
  • O tema pode ser abordado de forma descontraída e natural quando a família está reunida na sala, vendo um filme, ou dividindo alguma tarefa doméstica. Ao agir assim, o filho percebe que sexo não é um assunto proibido ou que precisa ser abordado às escondidas.
     
  • Caso os pais sejam separados e a criança faça a pergunta para apenas um dos dois, é importante que aquele que ouviu a questão a compartilhe com o outro, para que estejam afinados ao dar as informações. Em se tratando de casais homoafetivos, a recomendação é que a pessoa que se sente mais segura puxe o papo ou esclareça as dúvidas.
     
  • Em geral, as crianças costumam fazer perguntas conforme vão crescendo. Se a curiosidade não surgir espontaneamente até os 12 anos, os pais podem, se preferirem, provocar a conversa a fim de conscientizar o jovem e, ao mesmo tempo, mostrar que estão abertos para qualquer assunto.

 

Fontes: Deborah Moss, neuropsicóloga especialista em comportamento infantil e mestre em Psicologia do Desenvolvimento pela USP (Universidade de São Paulo); Denise Dias, musicoterapeuta, pedagoga, psicopedagoga com experiência em entidades como Creative Children Therapy, Children’s Health and Educational Management Inc, na Flórida (EUA), e autora dos livros "Filhos perdidos" e "Produção independente"; (Matrix Editora); Juliana Chayla Hanftwurzel, orientadora educacional da Escola Morumbi, em São Paulo (SP), e Luciana Barros de Almeida, presidente da ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia)