Manual para dar um basta em relacionamentos enrolados
“Uma semana depois da primeira conversa pelo Tinder, marcamos de nos encontrar. Conversamos e, na volta, demos o primeiro beijo. Passamos a nos ver praticamente toda semana. Ele conhecia meus amigos e, só uma vez, eu vi uns três amigos dele. Ele propôs não apresentar famílias, mas chegou a viajar com a minha turma, que sempre perguntava quando íamos assumir o namoro. Mas, depois de uma dessas viagens, ele terminou comigo. Disse que não conseguiria ser o que eu queria (um namorado). Dois meses depois, veio atrás de mim e voltamos no mesmo esquema. A gente sempre se deu bem, mas nunca rolou um pedido, um status, uma foto, uma satisfação. E não havia conversa sobre ciúme, era proibido. Aí, no meu aniversário deste ano, dois anos depois que nos conhecemos, ele disse que me amava e queria me assumir, desde que eu segurasse a barra de ter um relacionamento poligâmico.” Clara, 23.
Pergunte-se: é isso que eu quero?
Relacionamento enrolado, como o da Clara, todo mundo já teve, pelo menos uma vez na vida. Pode durar meses ou anos. Se for o que os dois querem, tudo bem. Se não, vale refletir sobre os motivos que te fizeram cair nessa. “Algumas vezes, a solidão assusta mais que a indefinição. Então seria melhor do que estar sozinho, enquanto se procura um de verdade”, explica o psicólogo clínico Artur Cortez.
Como todo relacionamento começa com algum sentimento ou atração, não há como prever que será algo enrolado. Isso a gente só vê ao estar dentro da história, pondera Marcelo Santos, professor de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas (SP).
Saiba que a ansiedade pode ser uma constante
Tudo é muito incerto nesse status de “em um relacionamento enrolado”, o que pode fazer da ansiedade uma companheira fiel. Essa indefinição pode causar sofrimento, caso você não esteja confortável com a situação. “Em geral, lidamos muito mal com a rejeição e nos culpamos, e isso destrói a autoestima”, diz Cortez.
Cuidado ao criar expectativa
“Eu sempre achei que viraria namoro”, diz Sarah, 23, que viveu um relacionamento enrolado por 11 meses. O cara avisou que não queria namorar naquele momento, mas aceitou um pacto de fidelidade. Sarah, é claro, criou esperança. “Combinamos que íamos ficar só a gente, sem poder beijar outras bocas, mas sem sermos namorados também. Hoje eu vejo que isso já era uma doideira. Daí, descobri que ele estava ficando com uma outra menina. Resolvemos nos separar. Uma semana depois, ele estava namorando”, conta.
Perceba os sinais da enrolação
Quando a pessoa diz “tá bom assim, pra que vamos assumir algo?” as cartas já estão na mesa, você entra no jogo se quiser -- sem acusar ninguém de enrolação. Mas existem outros sinais dados por quem não joga tão limpo: sumiços, ausências, uma fila interminável de desculpas e imprevistos, pouca vontade de fazer concessões razoáveis e zero participação na sua vida.
Intimidade não existe apenas na vida sexual, mas também em partilhar problemas, lugares e pessoas. Se há uma demora em conhecer familiares ou outras pessoas importantes, como amigos próximos, isso também é sinal de enrolação.
Como sair dessa
Se você decidir confrontar o par, é preciso ter controle emocional. “O que acontece, frequentemente, nessas relações é pisar em ovos, mas isso só prolonga a angústia”, explica o psicólogo Nicolau Maluf. Ao fortalecer a autoestima, fica mais fácil dizer tchau e enfrentar o sofrimento pelo término. Clara procurou terapia para se sentir forte o suficiente para romper de vez. “Terminei por WhatsApp. Mandei uma mensagem gigantesca, explicando o que eu queria em um relacionamento, e que ele não atendia meus objetivos”, conta.
Para Sarah, a melhor maneira de não se enrolar é deixar bem claro o que quer, desde o início. Quer namorar? Não tenha medo de falar. “E se perceber que o cara está adiando a decisão, caia fora!”, completa.
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