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Vai fazer a Ivete Sangalo e ter gêmeos depois dos 40? Saiba como se cuidar

Ivete Sangalo anuncia gravidez de gêmeos, ela já é mãe de Marcelo, 7 anos - Reprodução/Instagram/ivetesangalo
Ivete Sangalo anuncia gravidez de gêmeos, ela já é mãe de Marcelo, 7 anos Imagem: Reprodução/Instagram/ivetesangalo

Amanda Serra

Do UOL, em São Paulo

13/09/2017 15h36

Ivete Sangalo sacudiu o Brasil ao anunciar que está grávida de gêmeos aos 45 anos, na última terça-feira (12). E ela não é a única. A gestação gemelar após os 35 anos se tornou mais comum nos últimos 30 anos. De acordo com Wagner Rodrigues Hernandez, obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz, cerca de 20% de suas pacientes têm gravidezes múltiplas e uma das principais razões é o fato das mulheres decidirem o momento em que elas pretendem ser mãe. "Pesquisas globais mostram que essa é uma tendência, pois houve um aumento de 100% na chegada de gêmeos no mundo". 

“Com as técnicas avançadas de reprodução (fertilização in vitro e inseminação artificial), muitas mulheres estão optando por congelarem os óvulos e postergarem a gestação para depois dos 35 anos. Assim, o número de gêmeos dobrou no consultório. As mulheres já esperam por uma gravidez gemelar. Vale lembrar que durante o processo de fertilização geralmente são usados até três embriões para aumentar as chances de sucesso”, explica o ginecologista, que vê uma mudança comportamental. “O foco da nova geração tem sido na carreira, em aproveitar mais a vida ainda na juventude. A maternidade vem em uma idade mais madura, em que a vida está mais estável”.

Se preparando

Claro que nem tudo são flores e os cuidados precisam ser maiores. Uma gestação entre 40 e 45 anos aumenta os riscos de o bebê ter algum problema genético, como síndrome de down, por exemplo. “Conforme o tempo passa, a reserva do ovário das mulheres cai e a qualidade genética dos óvulos também diminui. Não é que uma mulher de 20 anos não possa ter um bebê com down, mas com 40 os índices são 10 vezes mais altos em comparação. Teoricamente, o corpo feminino foi feito para se reproduzir dos 20 aos 35 anos”, teoriza Hernandez.

Para diminuir a ameaça de doenças genéticas, o ideal é que a mulher congele os óvulos ainda na juventude como fez Ivete. Além disso, hoje em dia é possível identificar geneticamente a qualidade de um embrião, ver se ele será um bebê saudável ou não.

Outra complicação da gravidez gemelar é o parto prematuro, aquele que ocorre antes das 37 semanas. “É importante reduzir a carga de trabalho, fazer atividade físicas, de preferência na água, por conta da sustentação, não ficar em pé por muito tempo. A alimentação além de saudável, precisa ser reforçada”, afirma o médico.

Ah, e ao que tudo indica a nossa rainha do Carnaval ficará de fora da festa no próximo ano. “Se estiver tudo bem com o colo do útero dela, talvez ela possa adaptar a apresentação e cantar, mas sem muito esforço. Pular está fora de cogitação”, alerta Wagner.

Passo a passo para curtir a gestação sem imprevistos

1. Consulta de pré-natal e ultrassom com intervalos menores

As visitas ao médico serão mais frequentes, pelo menos uma vez por mês ou a cada 15 dias é necessário fazer um ultrassom. Em média são 10 avaliações, o dobro comparado a uma gestação única.

2. Readaptação da rotina

O estilo de vida precisa mudar. Diminuir carga horária de trabalho, melhorar o condicionamento físico, ficar mais tempo sentada e evitar exercícios de impacto.

3. Demanda nutricional maior

Mães de gêmeos têm mais risco de anemia, pressão alta e diabete, por isso é preciso se alimentar mais e melhor. Está dentro do esperado engordar entre 15 e 20 quilos.

4. Gravidez gemelar não é impeditivo para parto normal

Claro que requer prática e treinamento, já que a incidência de sangramento é maior, mas isso não é impeditivo para o parto normal. “É tão seguro quanto na gestação única. Inclusive, como os bebês são menores as lacerações perineais são menores (cortes na saída da vagina)”, afirma Hernandez que costuma realizar cerca de 50% a 70% de partos normais.

5. Grávida de gêmeos não recusa ajuda!

A depressão pós-parto costuma ser mais comum. Tanto por conta da queda de hormônios que é maior, quanto pela questão estética – a pele fica mais flácida, há um aumento das estrias também, fatores que contribuem para baixo autoestima nesse período inicial. E claro, o excesso de afazeres também podem desencadear tristeza. “Se a pessoa não tiver uma estrutura familiar bacana para auxiliar nas tarefas é complicado. Por isso vale aceitar toda contribuição oferecida”, finaliza o médico.