Mulheres contam as maiores culpas que surgiram com a maternidade
Por mais injusto que possa parecer, o sentimento de culpa é algo que chega junto com a maternidade. Os motivos vão dos mais comuns, como os planos de parto e amamentação não saírem como o desejado, até aqueles que surgem depois do período de licença, como o fato de deixar o filho para voltar ao trabalho.
Cada uma segue e lida com suas dores de uma forma. E é bom que seja assim. Segundo Anna Mehoudar, psicanalista do Gamp 21 (Grupo de Apoio à Maternidade e Paternidade), ser mãe [e pai] é um aprendizado contínuo, que não termina no primeiro mês ou ano dos filhos.
"No começo da vida materna, a mulher precisa lidar com a ambivalência de ter nos braços algo que sempre quis (ou não necessariamente) e sofrer por tê-lo. O conflito psíquico está presente. Nesses momentos, o entendimento de que a figura dela como pessoa não se desfez com a chegada do bebê é essencial."
Além disso, a especialista cita a pressão da sociedade, que idolatra a infância e faz a mãe se sentir culpada por não cuidar da criança da forma "ideal". "É perfeitamente aceitável que os pais queiram dar tudo do bom e do melhor, mais do que tiveram e o famoso discurso de não cometer os erros daqueles que os criaram. Entretanto, não é possível ter controle de tudo e, muitas vezes, os planos não saem como previstos e o filho está 'muito bem, obrigada'".
Diante de todos esses embates, é preciso procurar ajuda, seja especializada, na terapia, ou em grupos para que encontre semelhantes.
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A seguir, conversamos com cinco mulheres sobre as culpas que as acompanham na caminhada da maternidade.
Terapia me fez entender que não posso fazer o papel do pai
"Desde que meus filhos tinham 2 e 3 anos, sou separada do pai e me sinto muito culpada pela responsabilidade de cria-los sozinha. Preciso responder pela educação, valores e tudo o que tange a formação deles como ser humano, e não sinto que faço com excelência. Tento dividir esses conflitos com meu ex-marido, que só convive com as crianças de 15 em 15 dias, mas sou ignorada. Além dessa falta de apoio do pai deles, conto com a cobrança dos familiares. Quando me vi sem ânimo, paciência e descontando nos meus filhos toda essa frustração, comecei a fazer terapia. Estava enxergando o meu papel como 'o chato' da vida deles, mas, hoje, também com a ajuda de grupos relacionados à maternidade, consegui ampliar minha visão sobre o assunto. Sigo sem apoio e reconhecimento, mas entendi que não posso deixar de fazer o meu papel de mãe, mas que não sou o pai. A responsabilidade é dele e não devo me culpar pela atitude dos outros", Daniela, 34, mãe de duas crianças, de 7 e 8 anos.
Minha filha estava abaixo do peso por minha culpa
Não senti nada quando vi meu filho pela primeira vez
Não consegui criar a sonhada rotina e me culpo por isso
Deixei minha filha morando com a avó para voltar a estudar
"Minha filha nasceu quando eu tinha 18 anos. A maior culpa que sinto é de ter parado de amamentar quando ela tinha 1 ano e 4 meses. Precisei deixa-la morando com a avó e fui estudar e trabalhar em uma cidade que fica cerca de 100 km de distância. Não tive o apoio do pai, que só aparecia em casa à noite, quando nós duas já estávamos dormindo. Foi muito triste passar por esse processo, ver minha filha chorando porque queria meu peito. Mas eu tinha que seguir a outra parte da minha vida. Nunca deixamos de conviver, sempre que é possível, estamos juntas. Entretanto, tenho que lidar com o sentimento de que eu deveria ter deixado tudo para trás para poder ficar com ela", Camila, 23, mãe de uma menina de cinco anos.
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