Por que algumas pessoas sentem ciúme mesmo quando não há motivo?
Há quem, ainda que de forma inconsciente, adore inventar pretextos para sentir ciúme. Funciona até como uma espécie de combustível para a relação. Mesmo que não haja um rival em potencial rondando o relacionamento, essas pessoas inventam um terceiro imaginário para alimentar o drama. O resultado? Sofrem e fazem o par sofrer sem motivo. Para enfrentar essa mania e viver um romance saudável, o primeiro passo é tentar investigar o que existe por trás dela. Veja algumas hipóteses:
Medo de fazer papel de trouxa
O receio de se tornar alvo de uma traição e, assim, sofrer uma humilhação pública é um dos grandes temores dos ciumentos. O pavor de levar chifre é tamanho que a pessoa não dá trégua ao par: vive controlando cada passo, quer saber com quem falou, como foi o dia, quem viu ou deixou de ver, etc. Mais do que amor, é o orgulho e a honra que estão em jogo.
Baixa autoestima
Quem não consegue gostar de si costuma acreditar que os outros também não são capazes de fazer o mesmo. Assim, ser trocado por alguém "melhor" - mesmo que esse ser só exista num plano imaginário - vira o fantasma da relação. Em vez de dar assas à imaginação, que tal usar a criatividade para trazer as próprias qualidades à tona?
Competição afrodisíaca
Esse é um fator bastante comum. A necessidade de incluir um terceiro na relação funciona como um estímulo. Ao imaginar que o par é alvo de olhares, cantadas e tentações na rua, a pessoa, inconscientemente, o vê como alguém mais interessante. Seu objeto de desejo, na verdade, atrai o desejo de outros também, mas é você quem o tem. Mais do que servir como um componente afrodisíaco, essa ânsia em triangular a relação pode acabar por envenená-la, pois ninguém quer se ver na mira de cobranças e ciúmes por motivos inexistentes.
Vontade de chamar a atenção
A cada demonstração de ciúme, é como se a pessoa gritasse: "Ei, eu existo! Olhe para mim! Eu sou mais interessante do que qualquer um por aí!".
Necessidade de provas de amor
Ciúme não é sinônimo de amor, paixão, cuidado. Muitas pessoas gostam de armar uma cena só para marcar território ou mostrar ao par que se preocupam com a relação, nem que seja às custas de um rival inexistente. Testar os sentimentos alheios o tempo todo só vai cansa e afastar quem você ama.
Mente fantasiosa
Lembre-se: o que você pensa a respeito de traição é problema seu, assim como a insegurança ou medo que sente também são de sua alçada. Não jogue questões suas nas costas do par, achando que a pessoa vai agir ou pensar como você. Aprenda a discernir fatos concretos de viagens da sua imaginação.
Fantasmas da infância
Carências não supridas no relacionamento com os pais ou com os cuidadores na época de criança costumam vir à tona na idade adulta na forma de crises de ciúme. Reflita se o seu medo de ser alvo de enganação, substituição ou abandono não são, na. verdade, ecos do passado.
Projeção da vontade de trair
É como se você estivesse diante de um espelho, embora se julgue diante de uma vidraça. Explicando melhor: você se recusa a reconhecer a própria vontade ou tendência de trair (e até de encontrar um terceiro imaginário para sacudir a SUA vida) e, por isso, a atribui ao par.
Inveja velada
Em muitos casos, a inveja costuma se entrelaçar ao ciúme. Isso ocorre, por exemplo, quando alguém introvertido ou inseguro se ressente da personalidade cativante e divertida do par. Inventar um rival imaginário para intoxicar a relação é uma forma de enredar o outro, que provavelmente vai se esforçar para provar sua fidelidade, e minguar tudo o que ele tem de interessante aos olhos alheios.
FONTES: Alexandre Bez, psicólogo especializado em relacionamentos e autor do livro "Inveja – O inimigo oculto" (Ed. Juruá), e Iara Camaratta Anton, psicóloga, terapeuta de casais e autora do livro "Homem e mulher - Seus vínculos secretos" (Ed. Artmed)
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