Sexta-feira 13 é dia de alerta para os protetores de animais. Veja por que
O histórico de maus-tratos a animais e uso deles em rituais religiosos forçam muitas instituições a diminuir ou vetar as doações nas sextas-feiras 13.
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"Não abrimos para adoções nesse dia, nem na semana seguinte, em Halloween ou feriados religiosos", conta Juliana Bussab que, há 15 anos, criou a ONG Adote um Gatinho, ao lado de Susan Yamamoto.
"Foi uma necessidade que veio com o tempo. A gente ainda não tinha essa experiência, mas logo no nosso primeiro ano, encontramos um gatinho preto com os olhos costurados em frente ao cemitério da Vila Mariana [bairro de São Paulo]. Foi quando começamos a não doar mais nessas datas", conta.
Ao contrário do que muitos pensam, as vítimas não são apenas os gatos pretos - tradicionalmente associados a essas práticas. Outros bichanos, com atenção especial a outras cores como cinza, branco e amarelos, também são usados em rituais, como conta Graziela Santolia, da Bicho Brother - que não veta as doações no período, mas faz uma seleção ainda mais criteriosa nesses dias, desde o começo, em 2014.
Não é só uma questão "felina"
A restrição não é relacionada somente aos gatos. ONGs e o Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo também interrompem as doações de cães na sexta-feira 13 e em outras datas que representem perigo para os animais.
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Fernanda Barros, fundadora e Vice-Presidente do Projeto Segunda Chance, conta que os cães também são ameaçados. "Infelizmente, já vimos casos terríveis de sacrifícios de animais em rituais religiosos, de violência e atrocidades contra bichos pretos abandonados. Preferimos não arriscar", conta.
Desde que começaram o trabalho de proteção, há 14 anos, as doações contam com atenção redobrada nas datas próximas a feriados e datas comemorativas.
"Entramos em alerta pelo menos um mês antes da sexta-feira 13, redobrando os cuidados nos processos de adoções, e interrompemos a adoção de cães e gatos pretos 15 dias antes da data. Para adotar, nos casos de animais pretos, além de toda a checagem normal, somente entregamos o animal após a sexta-feira 13".
Superstição resiste
Se os gatos pretos são, muitas vezes, o principal alvo de rituais, no resto do ano são os que mais "encalham" nas baias das ONGs pela ideia de que dão azar.
"A gente bate na mesma tecla, cria campanhas, divulga, batalha, mas a realidade é que escolhem primeiro os amarelinhos e branquinhos”, conta Juliana. Todas as sextas-feiras - com exceção das que caem dia 13, obviamente -, a Adote Um Gatinho promove a "Black Friday", quando divulga somente felinos pretos para adoção.
"Temos notado, infelizmente, que a 'bola da vez' do preconceito tem sido os frajolinhas (gatos preto/branco têm sido os menos adotados)", completa Graziela, que acredita que isso ocorra porque é o tipo de pelagem mais comum e, por consequência, menos procurada. "Aqui no Brasil, é menos comum o gato amarelo, como o Garfield, mais comum nos Estados Unidos. Então aqui as pessoas ficam loucas por um mais 'raro'", diz.
Sociedade mais alerta
A impressão geral é de que a realidade de maus-tratos existe, mas, se não diminuiu, pelo menos está mais visível e condenada pela sociedade. "Hoje, tudo é filmado, reportado, por isso teve uma queda grande. Além disso, há uma conscientização natural, principalmente vinda das crianças", diz Juliana.
Graziela concorda. "Na minha infância, vivida nos anos 1980, por exemplo, vi muita molecada maltratar gatos, cobras, sapos etc. E isso não indignava as pessoas como hoje. Nossa consciência está mudando".
Apesar da maior repercussão dos casos de maus-tratos e o trabalho dos protetores ser mais divulgado graças às redes sociais, as ONGs não têm previsão de quando será possível "relaxar" em relação às datas religiosas.
Você tem os outros dias todos para adotar...
... e as ONGs estão de braços abertos. Veja como levar um novo bichinho para casa ou ajudar quem realiza o trabalho de resgate e doação de cães e gatos.
Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo
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