Em SP, mulheres se reúnem na lua cheia para ritual de bênção do útero
Em uma casa de classe média alta, em uma vila fechada na zona Sul de São Paulo, cerca de 30 mulheres – com idades entre 16 e 70 anos – reúnem-se, em uma noite de lua cheia, para o ritual chamado Bênção Mundial do Útero.
No jardim da residência, onde também funciona um espaço de ioga, elas --usando lenços sobre a cabeça-- cantam, dançam e fazem uma meditação guiada, ao redor de uma fogueira, em meio a flores e velas.
“O propósito é acordar as energias femininas”, explica Mariana de Paula Mourão, 41, que é “Moon Mother” (Mãe da Lua, em tradução do inglês), uma espécie de coordenadora desses encontros. No grupo, apenas um homem, levado até lá pela namorada. “Homens também podem participar. A energia do feminino não tem a ver com gênero.”
Problemas femininos
Apesar de parecer um ritual místico, muitas das mulheres que procuram a bênção buscam solução ou alento para problemas bastante comuns.
A estudante de arquitetura Mariane Bona, 34, por exemplo, resolveu participar do encontro por causa de um mioma no útero. “Estou acompanhando com meu médico para ver se vou ter de operar e tirar o órgão. Ando bastante preocupada com isso”, fala ela, que foi à Bênção com a mãe, a coach Christine, 64. “Achei uma experiência poderosa e que conversa com um lado da minha religião, a umbanda, a ancestralidade feminina.” Para as duas, era a primeira vez no ritual.
A administradora Karen Cristina, 36, foi outra “estreante” na Bênção do Útero. “Uma amiga me convidou para vir e me pareceu uma coincidência. Estou há nove meses tentando engravidar. Já fiz todos os exames e não foi constatado nenhum impedimento físico.”
No início da Bênção, Karen conta que se sentiu tímida diante dos convites para cantar e dançar. “Depois que você se entrega, é muito prazeroso se voltar a si mesma.”
Sexualidade como tema
A própria “Moon Mother” Mariana fala que foi um problema físico que a levou para o estudo do Sagrado Feminino. “Fiquei doente no meu feminino. Tive endometriose e fui buscar maneiras de me curar, para além da cirurgia que tive de fazer.”
Em busca dessa “cura”, Mariana deixou o trabalho como executiva de projetos em uma multinacional, em 2015, e assumiu como atividade profissional a terapia ayurvédica (medicina tradicional indiana) e as aulas de ioga, assuntos pelos quais já se interessava e estudava.
Como o tema do encontro era sexualidade, durante as quase duas horas de duração, também houve espaço para mensagens sobre a importância de se libertar de inseguranças em relação ao corpo e aos relacionamentos. “Aproveita para se empoderar da sua sexualidade e sensualidade” foi uma das falas da “Moon Mother”, entre uma etapa e outra do ritual.
Ritual em 150 países
Mariana recebeu o título de “Moon Mother” após passar por um treinamento com a britânica Miranda Gray. Estudiosa do Sagrado Feminino –conjunto de práticas e saberes que prega o autoconhecimento feminino, partindo, entre outras coisas, do entendimento do ciclo menstrual--, a escritora e “terapeuta menstrual e espiritual” percorre o mundo treinando mulheres como Mariana para atuarem tanto individualmente quanto em grupo (caso da Bênção).
Para participar do ritual, é preciso se inscrever pelo site de Miranda, o que é gratuito, e estar disponível nas quatro faixas de horário estipuladas pela inglesa, com o objetivo de contemplar a troca de energia entre mulheres do mundo todo. O ritual pode ser feito em grupo ou individualmente.
Segundo o site de Miranda Gray, mais de 165 mil mulheres, de 150 países, participaram da Bênção de 5 de outubro, que foi o quarto e penúltimo do ano. O último acontecerá em 3 de dezembro, outra noite de lua cheia.
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