Mães contam por que deixaram a guarda dos filhos com os pais
Gravidez precoce, fim de relacionamentos, desemprego ou, simplesmente, por que o pai também tem obrigações. Não importa o motivo. Para uma mãe, deixar seu filho ser criado longe dela é sempre uma escolha difícil, carregada de culpas, dúvidas e saudades. Leia as histórias de algumas mulheres que decidiram deixar a guarda dos filhos com os ex.
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Foram eles que pediram
"Tenho dois filhos gêmeos de 11 anos, que há um ano moram com o pai, em São Bernardo do Campo (SP). Foram eles que me pediram para morar com o pai, de quem estou separada. Foram passar uns dias na casa dele e voltaram com essa ideia. Eles me avisaram que quando quisessem voltar a morar comigo, voltariam. No começo, fiquei surpresa, mas depois de conversar bastante com os meninos e com o pai deles, achei que deveria deixá-los ir. Acredito que seja uma boa solução para os garotos, pois o pai tem mais condições financeiras do que eu e pode dar uma vida melhor para eles. Além disso, tenho mais um filho de 4 anos e estou grávida novamente. Meus familiares não falam nada, mas até hoje sou julgada por outras mães quando conto a história. Muitas dizem que lugar de filho é ao lado da mãe. Até acontecer comigo, eu também pensava assim. Mas, hoje, já encaro esse tipo de situação de modo diferente. Acredito que tanto o pai como a mãe têm as mesmas obrigações para com os filhos". Patrícia Ferreira, 26, doméstica.
Não queria que ele passasse dificuldades
“Eu tive o primeiro filho aos 14 anos. O pai dele foi embora. Depois, tive mais duas meninas de outro relacionamento sem futuro. O cara era casado e eu não sabia. Desempregada, fui parar na casa da minha mãe com três crianças. Daí, engravidei novamente. Fiquei um ano junto com o pai do último filho e me separei. Quando ele tinha cinco anos, arrumei um emprego para trabalhar à noite. E como eu dormia de dia, não tinha quem cuidasse dele, pois minha mãe sempre trabalhou fora. Entreguei meu menino para o pai, então, para que não passasse dificuldades como os irmãos. Sempre me relacionei bem com a família do meu ex-marido. A mãe dele, que não trabalhava fora, ficou tomando conta do meu filho. Hoje, ele tem 15 anos e não quer morar comigo de novo. Eu entendo, pois lá é a casa dele. Eu sempre o chamo para a gente se ver, mas não insisto, porque penso que não tenho esse direito. Fico com medo de forçar a barra”. Solange Maria, 33 anos, desempregada.
Ele não me obedecia
“Sou mãe, solteira e tenho dois meninos e uma menina. Os dois garotos são filhos do mesmo pai. O mais velho, com 11 anos, mora com ele há um ano. Fui eu quem pedi que ele fosse para casa do pai. Ele não me obedecia mais e a situação só piorava. Cada vez que chamava sua atenção, ele me enfrentava. Quando percebi que estava fora de controle, o levei para morar com o pai, mesmo contra a vontade dele, porque o pai é mais severo do que eu. Eu sinto muito a falta dele, mas acho que fiz a melhor escolha. Mantenho contato com ele, pois acredito que filho sempre precisa do carinho de mãe. Felizmente minha família nunca me julgou, pois todos viam minha luta para manter a família unida. Mas também acredito que estava na hora de o pai fazer alguma coisa pelo nosso filho. E aquela foi a oportunidade”. Juliana Malveira, 29 anos, auxiliar de cozinha.
Acham que eu os abandonei
“Tenho três filhos: um de 11 anos, uma menina de 10 anos, e um de 7 anos, que moram com seus pais biológicos há três anos. Tive o primeiro aos 13 anos. Depois, a menina, com 15 e o terceiro aos 17. Nem cheguei a morar de verdade com o pai dos mais velhos. Só engravidei dele e tive as crianças. Com o pai do Ruan, morei três anos, mas nos separamos há seis. Quando passei a guarda das crianças, minha vida estava a maior confusão. Estava me separando do meu ex-marido, me envolvendo com outro, desempregada e morando com três crianças na casa da minha sogra. Não tive escolha. Fiz isso para que meus filhos não passassem fome. O pai dos mais velhos entrou na justiça. Eu entreguei as crianças numa boa, mas na hora de assinar os papéis, ele armou a maior confusão. A guarda do mais novo foi amigável, e eu sempre pego meu filho para passar o dia comigo. Mas os mais velhos não querem saber de mim, ficaram com raiva. Acham que os abandonei por causa de homem. Faz um ano que não os vejo. Meu sonho é abraçar os dois e passar um dia com eles. Eu amo demais meus filhos e daria a vida por eles, mas não tive escolha. Minha família, amigos e conhecidos me julgam até hoje. Eles falam que mãe que é mãe nunca abandona seus filhos. Mas eu não os abandonei. Só não quis que passassem fome”. Jaqueline Araujo, 26 anos, cuidadora.
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