Vai dar mesada para o seu filho? Veja os prós e contras dessa escolha
Dar uma quantia fixa ao seu filho, todos os meses, pode ajudá-lo em diversos aspectos, não só financeiramente. Ele aprende a ter, entre outras coisas, responsabilidade, autonomia e até a se planejar para o médio e longos prazos. Por outro lado, dependendo de como os pais lidam com esse recurso, os resultados podem ser opostos. Alguns pontos, relacionados a seguir, merecem atenção.
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PRÓS
A mesada educa sobre a vida prática
Ao dar mesada, os pais podem supervisionar a forma com que os filhos usam o dinheiro, dando algumas orientações que valerão para a vida toda. “A criança poderá perceber como é importante conferir se o valor do troco está certo, por exemplo, aplicando conceitos da matemática em seu dia a dia, de forma prática”, conta André Felipe Queiroz, professor de Administração Financeira do Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande (MS).
Permite poupar desde cedo
Mas, para isso, os pais devem incentivar e ainda dar o exemplo. “Fiz uma poupança específica para a minha filha mais velha, que tinha o sonho de viajar para o exterior quando fizesse 15 anos. Fizemos um plano, ela economizou por meses, e, depois disso, vibramos juntos pela conquista”, conta Rodrigo De Souza Marin, professor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), do curso de pós-graduação de MBA em Gestão Estratégica de Negócios.
Ensina a fazer planos
É fundamental dar autonomia, sem interferir demais nas escolhas que o filho fará – e é previsível que ele cometa alguns erros, como gastar impensadamente, principalmente no início. “Com o tempo, as crianças aprenderão a efetuar planos mas, para isso, os pais têm que deixar os filhos lidarem com suas finanças. Como os pais serão a fonte dos recursos, eles terão o controle da situação, mas de forma indireta”, explica André.
Incentiva o espírito empreendedor
O comportamento empreendedor é útil mesmo para quem pretende atuar como funcionário de uma empresa. A mesada pode ajudar a trabalhar, desde cedo, a visão de futuro e a boa gestão do dinheiro, aspectos fundamentais para quem quer empreender e também para o crescimento profissional, em qualquer área.
Ensina a lidar com a frustração
Em algum momento da vida, todo mundo precisa aprender a lidar com os prazeres e as frustrações relacionadas ao dinheiro. Ao dar mesada, os pais têm a oportunidade de antecipar essa experiência, preparando os filhos para a vida adulta, quando erros de administração financeira poderão trazer consequências mais graves. Ao gastar todo o seu dinheiro em um brinquedo caro, por exemplo, a criança provavelmente vai se chatear ao perceber que ficou sem recursos para custear todas as suas outras despesas. Porém, é esperado que aprenda com a falha e, na próxima, pense melhor antes de decidir.
CONTRAS
A criança achar que o dinheiro estará sempre garantido
Como ela está acostumada a receber uma quantia fixa todo mês, pode entender que, no futuro, será sempre assim. Para evitar essa impressão errada, a criança deve estar sempre ciente da situação da família. “É importante conscientizar os filhos de que isso pode mudar em algum momento”, diz Rodrigo De Souza Marin. E se, por acaso, o orçamento doméstico precisar ser enxugado, a mesada também deve acompanhar a variação. Assim, a criança entenderá que, na vida real de um adulto, oscilações poderão acontecer e que o dinheiro será sempre proporcional ao trabalho realizado no período.
Pensar que o dinheiro vem fácil
A criança pode fazer essa associação se os pais derem dinheiro extra toda vez que a mesada acabar. O ideal, para não gerar esse efeito indesejado, é fazer um acordo prévio com os filhos e segui-lo à risca. “Quando os pais dão a mesada, devem deixar claro que aquele é todo o dinheiro que a criança terá para as suas despesas naquele mês. Agindo dessa forma, sem fornecer extras depois, a criança não criará expectativas falsas”, alerta Mauro Calil, especialista em investimentos do Banco Ourinvest.
Entender o dinheiro como a única forma de reconhecimento
O risco está relacionado à forma como os pais gerem os recursos da mesada. O que os especialistas não indicam é que ela esteja atrelada à realização de tarefas domésticas, ao rendimento escolar etc. Da mesma forma, não deve ser retirada como um castigo, quando a criança não cumpre os combinados. Estudar, por exemplo, é uma responsabilidade da criança, pela qual ela não precisa ser remunerada, basta receber um carinho ou um elogio. ”Se a criança for presenteada com mais dinheiro sempre que fizer algo bom, ou se perder o direito de recebê-lo por castigo, seu planejamento será comprometido. Assim, os pais vão inviabilizar o aprendizado sobre gestão financeira e econômica”, explica André.
FONTES: André Felipe Queiroz, mestre em Administração e professor de Administração Financeira do Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande (MS). Mauro Calil, especialista em investimentos do Banco Ourinvest. Rodrigo De Souza Marin, professor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), do curso de pós-graduação de MBA em Gestão Estratégica de Negócios. Elisabeth Cupertino da Silva Benedetti, psicóloga clínica. Deborah Moss, mestre em psicologia do desenvolvimento infantil pela USP.
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