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Mães que amamentam filhos com mais de um ano contam suas experiências

Getty Images
Imagem: Getty Images

Rita Trevisan e Veridiana Mercatelli

Colaboração para o UOL

08/11/2017 04h00

“Ainda amamentando? Esse leite já virou água!”. “Você não acha que essa criança está grande demais para mamar?”. Quem continuou investindo no aleitamento materno após o primeiro ano de vida do bebê provavelmente teve que responder a esse tipo de provocação várias vezes.

Só que esses não são os únicos comentários que as mamães que seguem a recomendação da OMS – de amamentar seus filhos até pelo menos os dois anos – têm que ouvir.

Apesar de serem admiradas por outras mães que, por algum motivo, não conseguiram amamentar seus bebês o quanto gostariam, no geral o que elas mais ouvem são críticas. E lidar com elas nem sempre é fácil. Confira os depoimentos de quem já passou ou está passando por isso.

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“Quando minha filha mais nova nasceu, eu ainda amamentava a mais velha, que tinha 1 ano e 7 meses. Ouvi de várias pessoas que iria faltar leite para a mais nova, que deveria dar meu leite apenas para a bebê. Continuei amamentando as duas até a mais velha completar três anos e ainda doava leite para o Hospital Geral. O que mais incomodava é que comentários do tipo ‘seu leite não serve para mais nada’ eram feitos na frente das crianças. Até que um dia esguichei leite em uma dessas pessoas que, claro, não deve ter gostado, pois nunca mais abriu a boca para me criticar. Hoje, eu nem comento que ainda amamento uma criança de cinco anos. Assim, poupo a mim e à minha filha também.”
Morgana Xavier, 28 anos, professora

“Já fui muito criticada porque minha filha mamou até 1 ano e 10 meses. Escutei bobagens do tipo ‘seu bebê é magro porque ainda mama e não se alimenta do que precisa’.  As críticas me irritavam muito. Às vezes, ficava calada, mas muito sem graça. Em outras oasiões, apenas dizia que ia parar quando ela tivesse dois anos. Parei um pouco antes porque fiquei grávida. Agora que está perto de o bebê nascer, as mesmas pessoas já começaram a me perguntar se vou amamentar como fiz com o primeiro filho.”
Thaís Cerri, 28 anos, designer de sobrancelha

“Amamento minha filha de 2 anos e são raras as pessoas que não me olham indignadas por isso. Foram seis meses de amamentação exclusiva, o que incomodou mais ainda quem me criticava. Entretanto, o mais chocante, para mim, é ouvir comentários sem fundo científico de profissionais da saúde. Fico profundamente chateada com quem é da área e não conhece nada sobre amamentação ou que se vende para a indústria farmacêutica e alimentícia que produz as fórmulas. Sou bem direta nas minhas respostas às críticas. Digo que sigo as instruções da Organização Mundial de Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria. Assim, os do contra ficam sem argumentos.”
Marcia Araujo, 39 anos, bióloga marinha

“Meu filho tem 2 anos e 4 meses, ainda mama e eu sou sempre questionada se não está na hora de parar. O que não entendo é porque os outros se acham no direito de definir o que é melhor para o meu filho. Fico irritada porque acho que esse assunto diz respeito apenas a mim e a ele. Ninguém deveria interferir. Escuto bastante que é muito feio criança no tamanho dele ainda estar mamando. Eu discordo, mas nunca discuto, e decidi continuar até quando quiser. Amamentar, para mim, é um ato de amor, uma forma de carinho, vai muito além de apenas fornecer alimentação.”
Cilene Aparecida Calado Keocheguerians, 35 anos, assistente de recursos humanos

“Amamentei meu filho até 2 anos e 2 meses e o comentário mais pesado sobre isso partiu da professora dele, que veio falar da importância de desmamar para que meu filho ganhasse autonomia. Respondi a ela que não existe estudo científico que prove que uma coisa tem relação com a outra. Também já ouvi de pediatra que a recomendação da OMS para amamentação até dois anos é feita, principalmente, para os países pobres, pois os bebês não têm outra fonte de alimentação a não ser o leite materno. Ele também disse que criança brasileira não precisava mamar tanto porque por aqui tem comida. Percebi que o médico estava querendo dar vitaminas com ferro e respondi que concordava se ele provasse com exames que meu filho estava precisando.”
Mariana Clara, 27 anos, doula

“Já ouvi que, por preguiça, eu achava mais cômodo amamentar o tempo todo em vez de preparar algo saudável para o meu filho. Até tentei desmamar mais cedo, mas não consegui. Quando ele estava com sono ou com o dente para nascer, ele só queria o peito. Não aceitava chupeta nem mamadeira. Aí eu escutava que era manha, frescura, ou até vício. Isso porque ele mamava sempre que queria. Ele pedia e eu dava, não importava onde estivesse nem a hora. No ônibus, as pessoas olhavam torto, diziam que era falta de respeito. Eu não me incomodava. Hoje, com seis anos, ele é uma criança supersaudável, que nem gripe pega. Fiz bem em não dar ouvidos a comentários, pois acredito na importância do aleitamento materno e em respeitar o tempo de cada criança. Meu filho deixou de mamar por si só, com pouco mais de dois anos, sem maiores problemas”.
Carla Silva, 29 anos, pedagoga