Vale a pena se declarar para o melhor amigo? Veja prós e contras
Há até pouco tempo, vocês eram somente bons amigos. Mas, de uns tempos para cá, ele tem se tornado mais interessante, a ponto de você não parar de falar e pensar no sujeito quando estão separados. Sim, você se apaixonou pelo seu melhor amigo. E agora? Em primeiro lugar, nada de pânico, porque é natural se interessar por alguém tão próximo. “Os dois passam bastante tempo juntos, compartilham experiências e, por vezes, não percebem o momento em que a amizade vira paixão. Mas é compreensível que isso aconteça com duas pessoas que se entendem tão bem”, conta a psicóloga Ellen Moraes Senra.
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Medo faz parte
Porém, quando a ficha cai, pode não ser tão simples decidir o que fazer com o sentimento que chegou sem avisar e tomou conta do pedaço. O maior medo é que a relação, depois de declarada a paixão, mude completamente. Mas, segundo os especialistas, de maneira geral, as chances de uma relação dar certo quando já existe uma amizade anterior são grandes. “A afinidade, o respeito e a compreensão mútuos podem ajudar a relação a evoluir”, conta a psicóloga clínica Fabiana de Laurentis Russo. Mas existe o outro lado da moeda. “A partir do momento em que o status da relação muda, outros problemas e desgastes podem acontecer, como em qualquer relacionamento. Por isso, a maturidade, a escuta e a compreensão precisam prevalecer”, acrescenta a psicóloga. Então, amizade prévia não é garantia de amor eterno. Mas pode ser, sim, de grande ajuda para fazer o relacionamento engrenar.
Os sinais, sempre eles
Isso não significa que você deva terminar de ler essa matéria e já mandar uma mensagem para se declarar, abrindo o coração. Segundo os especialistas, é interessante dar uma sondada no terreno, até para saber qual é a melhor maneira de abordar o outro, se decidir fazer isso. Existem sinais não verbais de que ele também está a fim, como trocas de olhares mais demoradas e demonstrações de ciúmes quando outra pessoa se aproxima, por exemplo. Também é fundamental avaliar os próprios sentimentos, para perceber se está realmente a fim do seu amigo ou se está só passando por um momento de carência, que a fez ficar meio confusa. “A própria intensidade do sentimento vai dar o tom do status da relação, se é amizade ou se já é muito mais do que isso”, diz Fabiana.
“Precisamos conversar”
Se você decidir que vale a pena falar o que sente, a psicóloga Chirliane Maria do Nascimento sugere procurar o momento e o local adequados para entrar no assunto. “Seja o mais transparente e natural possível. Mas tenha em mente que o outro, talvez, não esteja apto, no momento, a corresponder às suas expectativas”, diz. O namorado da estudante de direito Claudia Duarte, 23 anos, não só esperou o momento certo para se declarar, como foi, aos poucos, dando sinais de sua paixão. “Sempre fomos amigos e crescemos juntos. Quando eu tinha 17 anos, a gente era superpróximo, mas ele não falava que era a fim de mim. Até que uma pessoa próxima falou para eu prestar atenção no jeito que ele me olhava. Passei a reparar e tudo começou a fazer sentido. Ele fez uma festa de 18 anos para mim e, um pouco depois, disse que estava apaixonado, mas que travava quando era para tomar alguma atitude. Começamos a namorar logo depois que ele se abriu”, diz. Mesmo durante o período em que a Claudia ficou fora do país, em um intercâmbio que durou 13 meses, o namoro seguiu firme e forte, à distância. “Foi duro, mas permanecemos juntos. Foi nessa época que a gente decidiu que iria se casar”, conta.
Paixão secreta
Guardar o sentimento para si, sem se arriscar a perder o amigo, também é uma possibilidade. Foi essa a decisão da publicitária Denise, de 32 anos. “Eu morria de ciúmes porque ele vivia me falando sobre outras mulheres. Então, achei que não tinha a menor chance. Para não estragar o nosso relacionamento, resolvi ficar quieta”, conta. Depois de um tempo, a paixão de Denise foi diminuindo e ela acabou namorando outras pessoas. “Acho que ele até percebeu meu interesse, na época, mas fingiu que não sabia. E passou. Até hoje somos amigos e nunca tocamos no assunto”, diz. Mas ela confessa que, às vezes, ainda se pergunta se agiu da melhor forma. “Ficou na minha fantasia, por muito tempo, aquela história do ‘e se eu tivesse tentado?’. Mas vou morrer com a dúvida”, conclui.
FONTES: Ellen Moraes Senra, psicóloga, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental. Fabiana de Laurentis Russo, psicóloga clínica, especialista em Neuropsicologia. Guilherme Siqueira Arinelli, psicólogo. Roberto Debski, psicólogo do programa ANDE (acompanhamento para Ansiedade, Depressão e Estresse). Chirliane Maria do Nascimento, psicóloga.
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