Dani Suzuki faz filme sobre crianças sírias: "Me fizeram repensar a vida"
Foi na internet que a atriz Dani Suzuki se comoveu com uma realidade muito distante da sua: a das crianças sírias refugiadas. "Eram vídeos de meninos e meninas pedindo socorro por causa da guerra. Neles, essas crianças diziam que estavam sozinhas, que suas famílias e vizinhos tinham sido assassinados; que faltava tudo, comida e água", ela lembra.
O impacto dessas imagens fez a atriz perder o sono. Dani pensava em como podia ajudar. "Uma angústia enorme tomou conta de mim, não conseguia nem dormir. Comecei a estudar e a entrar em contato com quem podia me ajudar a ajudar."
Em poucos meses, Dani se viu na Turquia, no Líbano e na Síria, negociando com gente dos governos locais e com o brasileiro, tentando construir pontes entre eles. "Nesses países, vi crianças sendo sequestradas pelo exército islâmico, levadas para casar aos quatro anos de idade... Outras desaparecidas, outras viraram escravas sexuais. Crianças que viram suas vilas serem destruídas, seus próximos torturados. Crianças da idade do meu filho [Kauai, o filho da atriz, tem seis anos] cuidando de bebês abandonados. Tive que repensar toda minha vida, meu lugar no mundo."
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Em Novembro de 2016, a atriz se juntou a organizações que já olhavam para os pequenos refugiados, as ONGs Aldeias Infantis SOS Brasil e o Instituto da Criança. Em janeiro de 2017, Dani conseguiu a autorização do governo brasileiro para trazer crianças que estão em campos de refugiados na Síria para cá. "Queremos dar a elas um novo recomeço, um novo lar". A princípio, serão 40. A prioridade é trazer as mais jovens, que estão na primeira infância, e as em situação de risco extremo. É fundamental ainda que os menores reassentados no Brasil venham acompanhados de algum ente familiar adulto. “Assim é muito mais fácil que eles se desenvolvam aqui. Trazê-los desacompanhados dificulta muito".
Documentário em curso e apoio de outros atores
Por conta das frequentes viagens ao Oriente Médio, Dani decidiu botar a câmera em punho e filmar seu primeiro documentário. "É um jeito das pessoas de fato saberem o que está acontecendo com essas crianças do outro lado do mundo. Estamos passando pela pior crise humanitária da história. O Oriente Médio está se desfazendo com as guerras. A Europa está cheia de refugiados; os Estados Unidos levantando seus muros; e nós aqui muito à parte disso tudo por uma questão de continente, porque estamos longe demais."
O apoio de amigos famosos foi outra forma encontrada pela atriz de disseminar a causa entre a população brasileira. "Temos mais de 150 atores envolvidos nesse projeto, trabalhando na conscientização do refúgio. Muitas pessoas ainda acham que refugiado é fugitivo. Pensam que se é de outro país então o problema é só dele. O problema é nosso também! Para mim, cada criança que está em situação de perigo, não importa a nacionalidade, o país, a origem, deve ser socorrida imediatamente."
Os atores Paulinho Vilhena, Alessandra Maestrini, Paloma Bernardes, Márcio Garcia, Maytê Piragibe, Thaila Ayala e Paolla Oliveira são alguns dos nomes comprometidos com Dani.
"As pessoas precisam despertar. Esses refugiados não vêm pra cá pra causar problemas ou tirar nossos empregos. Vêm pra somar, têm muito a ensinar e a gente muito a aprender."
Muitas pessoas ainda acham que refugiado é fugitivo. Pensam que se é de outro país então o problema é só dele. O problema é nosso também!
Por que o Oriente Médio se o Brasil pede socorro?
Por que devemos mover forças para ajudar crianças de fora se tem tantas no Brasil precisando também? Esse questionamento passou pela cabeça de Dani algumas vezes e só foi cessar quando a atriz chegou em Alepo, cidade no norte da Síria completamente destruída pela guerra. "As crianças não tem pra onde correr. Nem pedir nas esquinas por comida elas podem, porque só sobrou pó, está tudo desfeito. A situação é muito grave. É guerra, é terra de ninguém. É diferente de uma criança que cresce na favela. Porque essa já cresce inserida em um cenário violento e aprende a se virar ali. Uma criança em um cenário de guerra tinha um padrão de vida confortável, ia pra escola e de repente tudo se explode, ela perde de forma violenta toda sua família e fica na rua sozinha vagando."
Para colaborar com a causa de Dani, acesse: aldeiasinfantis.org ou institutodacrianca.org
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