Ela teve um bebê com 750g e batalhou sozinha pela vida dela e da filha
Foi um ano e meio tentando até que a professora Gisele Mafra, 27 anos, conseguisse engravidar de Diana, a primeira filha. A gravidez corria tranquila quando, na 23ª semana, sua pressão arterial começou a subir. Com 27 semanas, veio o diagnóstico de pré-eclâmpsia. A menina nasceu cinco dias depois, de cesárea, pesando 750 gramas e medindo 34 cm.
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Começava uma batalha pela vida de Diana, que teve parada cardíaca, enfrentou duas infecções e quase teve falência renal. Foram 80 dias na UTI neonatal, 12 na semi-intensiva e mais dez dias no quarto até ter alta.
Nesse meio tempo, Gisele passou por duas cirurgias, por complicações no parto, e viu o casamento de quatro anos terminar. “Meu ex-marido foi embora porque disse que, apesar de amar a gente, era muita responsabilidade para ele.” Veja a seguir a íntegra da história de mãe e filha
“Queria ser mãe, mas preferia esperar terminar a faculdade de pedagogia. Meu marido insistiu, cedi e começamos a tentar. Um ano e meio depois, engravidei. Foi tudo bem até a 23ª semana, quando a minha pressão arterial começou a subir. Um pico de pressão, 20 por 12, fez com que eu fosse internada.
Cinco dias depois, tive de me submeter a uma cesárea, porque um exame constatou que a minha filha estava em sofrimento fetal. Diana nasceu com 750 gramas e 34 cm. Mal pude vê-la quando saiu da minha barriga. De longe, a médica me mostrou o rostinho dela e falou: ‘Mãe, sua filha está muito mal. Temos de levá-la para a UTI’.
Nada funcionava sozinho
Ela nasceu com Apgar [teste utilizado para avaliar a vitalidade da criança] zero. Foi praticamente ressuscitada e registrou sete, no segundo minuto de vida. Coração, pulmões, circulação... Nada funcionava sozinho. Foi entubada. A primeira vez que ela chorou, não pude segurá-la no colo, por causa de todos os aparelhos em que estava ligada.
Diana estava no hospital há 18 dias quando meu marido disse que, embora nos amasse, era muita responsabilidade para ele. Foi embora e nunca mais voltou. Pediu demissão do emprego, pegou o dinheiro que tínhamos, vendeu nossos móveis e sumiu.
No dia seguinte que isso aconteceu, cheguei para visitar a Diana e um médico falou: ‘Sua filha está muito mal, com uma infecção, medicamos e não há mais nada que possamos fazer. Precisamos ver se ela reage’. Só pensava que ia perder a minha filha.
Apoio de outras mães
Mas os prematuros são fortes. Foi muito importante também contar com o apoio das outras mães da UTI. Diana resistiu a duas infecções, uma parada cardíaca e a quase falência renal.
Com 65 dias, ela estava estável, precisando apenas engordar. Foi muito emocionante ouvir isso dos médicos. É uma vitória. Na UTI, vi muitas mães perdendo seus filhos.
Foram 80 dias na UTI, mais 12 na semi-intensiva e dez dias no quarto até ter alta. Mas antes desse dia chegar, eu passei por duas cirurgias, além da cesárea, e dois períodos de internação, no mesmo hospital que a minha filha.
Mãe passou por duas cirurgias
Treze dias depois de ela nascer, descobri que estava com um hematoma de parede, uma complicação da cesárea. Significava que estava com sangue acumulado no abdome. Foram drenados quatro litros da minha barriga.
Vinte dias depois dessa operação, descobri que era alérgica aos fios usados para me costurar na cesárea e na cirurgia seguinte. Estava tudo infeccionado e tive de passar por nova operação.
Por causa desse último procedimento, fiquei 17 dias sem ver minha filha e contei com a ajuda de familiares para visitá-la, porque a essa altura o meu ex-marido já havia ido embora.
Hoje, Diana tem sete meses, mas tem o desenvolvimento de uma criança de quatro, por causa da idade corrigida [tempo que ainda faltava para completar a gestação]. Está aprendendo a sentar, rola, presta atenção nas pessoas ao redor... Graças a Deus, não ficou com sequela alguma.”
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