Ato contra prédios de Silvio Santos reúne atores, políticos e até bruxas
Um protesto a favor da criação do Parque do Bixiga, na região central de São Paulo, reuniu atores e ativistas, neste domingo (26), em apoio ao projeto encabeçado pelo dramaturgo José Celso.
Nas últimas semanas, voltou à tona o já antigo pé de guerra entre o artista e o grupo Silvio Santos pelo futuro do terreno em volta do Teatro Oficina, no Bixiga. Silvio é proprietário da localidade ao redor do Oficina, que é dirigido por Zé. Ali, o dono do SBT pretende instalar duas torres com 100 metros de altura. Já Zé, defende a criação de um parque aberto ao público.
Zé Celso comandou a passeata em cima do carro de som
Domingo no Parque
Batizado como “Domingo no Parque”, em referência a uma música do cantor Gilberto Gil, o ato foi apoiado por nomes como Alexandre Borges, 51, que conquistou papéis em telenovelas após atuar na peça “Hamlet”, de William Shakespeare, montada no Teatro Oficina, em 1993. “Essa luta é de toda a classe artística”, disse. A atriz Denise Fraga, 53, o vereador Eduardo Suplicy (PT-SP), 76, o músico Otto, 49, o apresentador e jornalista Marcelo Tas, 58, e as diretoras Daniela Thomas, 58, e Monique Gardenberg, 59, também compareceram ao ato ao lado de grupos culturais da cidade.
Houve uma cerimônia ecumênica, com a presença de representantes do candomblé, seguida por uma mensagem de um rabino, um padre e uma bruxa wicca. “Nesse terreno havia uma sinagoga, a primeira de São Paulo, que foi destruída pela especulação imobiliária. Isso não pode prosseguir. Destruíram muito de nosso patrimônio”, disse o rabino Alexandre Leone. Nas redes sociais, usuários criaram a hashtag #ficaoficina. Ao final do ato, já no início da noite, os artistas e os moradores do bairro levantaram uma nova questão: a arte sobreviverá?
Parque do Bixiga
O projeto de lei para a criação do Parque do Bixiga é do vereador Gilberto Natalini (PV-SP). Em sua justificativa, ele alega que o terreno entre as ruas Jaceguai, Abolição, Japurá e Santo Amaro "tem potencial de destinação, justa de um terreno situado na área central da cidade e, que, pelo contexto geográfico, histórico e cultural o local pode rever criticamente o processo de urbanização em andamento em São Paulo, e reinventar a relação cidade/natureza, movimento já discutido e praticado".
O Bixiga tem, hoje, 900 imóveis tombados, correspondendo a pelo menos 1/3 de todo o patrimônio cultural protegido em São Paulo. O terreno em disputa soma 10.823,06 m², e só no seu entorno há 47 imóveis tombados a nível municipal, cinco tombados por órgãos do estado e mais três pela União.
No último dia 17, Silvio Santos conseguiu reverter o tombamento da área em volta do Oficina pelo Condephaat, órgão estadual de tombamento e preservação que deu vitória à Sisan, empresa do apresentador. Neste mês, o teatro comemorou cinquenta anos da primeira montagem da peça “O Rei da Vela”, do escritor Oswald de Andrade.
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