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Gagliasso e Ewbank denunciam racismo contra Titi; relembre casos de famosas

Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank durante o batizado de Titi - Manuela Scarpa/Brazil News
Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank durante o batizado de Titi Imagem: Manuela Scarpa/Brazil News

do UOL, em São Paulo

28/11/2017 12h28

Titi, filha de Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, é o mais novo alvo de racismo nas mídias. A pequena de 4 anos foi discriminada pela brasileira residente dos EUA Day McCarthy, que se apresenta como socialite, em um vídeo postado nas redes sociais neste fim de semana. 

Na gravação, ela questiona de maneira ofensiva por que internautas criticam sua aparência por não ter traços finos e elogiam a beleza da menina, que é negra. O ator Bruno Gagliasso foi Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), no Rio, nesta segunda, 27, para registrar queixa contra Day

"Ela é uma criminosa, precisa pagar pelo que ela fez. Estou aqui porque ela disse que está em outro país. Conversando com a delegada, ela disse que é muito importante fazendo isso porque é crime em qualquer lugar do mundo e ela vai responder por isso", disse o ator à imprensa no local. 

Titi e seus pais, no entanto, não estão sozinhos. Nos últimos anos, muitas famosas se tornaram alvo de comentários racistas nas redes sociais e vieram a público falar sobre o assunto. 

Depois de publicar em suas redes um ensaio em que aparece exibindo a barriga de gravidez no começo do mês, a Miss Beleza Negra 2016 Ediane Caetano foi vítima de ataques racistas na internet em setembro de 2017. De acordo com o "Rádio Jornal Pernambuco", ela registrou boletim de ocorrência na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM) em Rio Branco, no Acre, por causa das agressões que rotulam seu cabelo como "bucha" e contestam sua beleza.

Em agosto, a Miss Brasil Be Emotion 2017 Monalysa Alcântara disse à "Folha de S.Paulo" que tinha planos de denunciar o racismo que experimentou na internet quando foi anunciada a mulher mais bonita do Brasil. "Tem cara de empregada", escreveu um dos internautas no perfil de Monalysa em uma rede social.

Ao UOL, a própria Monalysa reconheceu que ela mesma chegou a internalizar o preconceito da sociedade. “Já rejeitei ser negra. Essa palavra me machucava. Se eu não me reconhecia na TV, nas revistas, em lugar algum, então ser negro era ruim no Brasil. Por que me descreveria assim? Preferia ser ‘morena’".

A cantora Ludmilla passou por uma situação ainda mais impactante (e comentada) por ter sido exibida em rede nacional. Em janeiro, o apresentador Marcão "Chumbo Grosso", da Record Brasília, chamou a apresentadora de "macaca" durante o quadro "Hora da Venenosa" do "Balanço Geral DF". 

 

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"Infelizmente, ainda existem pessoas que não compreendem que a discriminação racial é crime", lamentou Ludmilla na época. Sua assessoria confirmou ao UOL que ela procuraria ações legais cabíveis através de seus advogados. O apresentador, que foi demitido da Record por causa da afirmação, acabou contratado pelo SBT, que considerou o episódio um "problema pessoal".

Outra famosa a experimentar o preconceito da internet foi Gaby Amarantos. Em novembro de 2016, ao compartilhar a imagem da capa da revista "Boa Forma", que estampava, recebeu um comentário que afirmava que ela era negra e, por isso, "seu lugar era na África". O mesmo perfil atacou Titi, a filha de Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, chamando a de "feia", entre outros. O ator incentivou a cantora a prestarem queixa juntos.

Em julho do ano passado, foi a vez de Preta Gil se manifestar contra agressões que recebeu nas redes sociais. A cantora também foi chamada de "macaca" por usuários do Facebook e desabafou: "Uns atacaram minha cor, meu trabalho, meu corpo, outros tentando fazer piadas de péssimo gosto apenas para tentar me denegrir ou magoar. Eles assinaram todos os posts com uma # agiram em bando, são organizados e cruéis. Saibam que esse tipo de ataque só me fortalece, eu conheço o meu valor".

Depois do longo desabafo na mesma plataforma, a filha de Gilberto Gil decidiu levar o caso à polícia, prestando queixa na Delegacia de Repressão a Crimes de Internet, no Rio, como contou ao UOL.

O ataque sofrido por Negra Li também em julho de 2016, no entanto, foi mais ousado. A cantora teve seu site hackeado e as imagens substituídas por de macacos. Em entrevista ao programa de Fátima Bernardes, o "Encontro", ela comentou: "A gente está sujeita a isso. É um preço que se paga pela fama. Estou bem. Qualquer um que passa por preconceito pode prestar queixa... Mas graças a Deus, o caso está resolvido. A gente ainda vai fazer o B.O (Boletim de Ocorrência) porque estava com agenda cheia esta semana. A coisa tomou uma proporção maior do que eu dei. A pessoa quis mais chamar atenção. Ele chegou a ligar para o meu empresário... Não me abala mais. Quando era criança eu chorava muito", declarou a artista.

Em novembro de 2015, tanto Taís Araújo quanto Cris Vianna foram vítimas de violência e racismo online. Taís recebeu um comentário que dizia "me empresta seu cabelo para eu lavar louça", enquanto Cris teve ofensas ainda mais pesadas publicadas em sua página, mas todos reforçando que ela era de origem africana. 

Taís procurou a polícia imediatamente para uma denúncia que, como no caso de Maju Coutinho (a seguir), resultou em prisões. Já Cris escreveu um desabafo em sua página:

"Não posso me calar. Se meu trabalho me permite alguma expressividade, usarei minha voz por muitos que sofrem esse tipo de ataque racista diariamente e voltam para casa calados, cansados de não serem ouvidos, para chorar sozinhos. [...] A vergonha e a tristeza que sinto hoje são por essas pessoas pequenas, pobres de espírito e de coração vazio, que, em 2015, ainda insistem em reproduzir pensamentos há muito ultrapassados e desde sempre absurdos. São covardes com mentes limitadas, incapazes de enxergar e aceitar que somos todos, com as nossas diferenças e peculiaridades, dignos do mesmo respeito. A essa minoria cega e burra, minha pena", disse.

Em julho do mesmo, Maju Coutinho, a apresentadora da previsão do tempo do "Jornal Nacional", foi vítima de comentários preconceituosos na própria página do programa no Facebook. A reação de fãs da jornalista e de outros famosos como Adriane Galisteu e William Bonner foi imediata, repercutindo a agressão e pedindo um basta para o racismo através a hashtag #SomosTodosMaju. O Ministério Público apresentou denúncia contra quatro pessoas, acusadas de atacar Maju, que estão respondendo a processo na Justiça e podem ser condenados a até 20 anos de prisão por falsidade ideológica, injúria, racismo, entre outros crimes.