Um é bem carinhoso, o outro é distante: essa relação pode dar certo?
As diferenças de personalidade e comportamento costumam dar um tempero nas relações: é comum ver casais em que os dois são bem diferentes um do outro, mas usam as desigualdades para se complementarem. Em se tratando de demonstrar o amor, no entanto, os modos distintos podem causar algumas rusgas no relacionamento.
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Se um gosta de beijar, abraçar e encher o outro de mimos, por exemplo, pode se ressentir se não receber a mesma dose de afeto. Já para uma pessoa mais contida e reservada o excesso de ternura pode soar meio over. Então esse romance está condenado ao fracasso? De jeito nenhum. Com algumas dicas, é possível entrar numa espécie de acordo que vai satisfazer a ambos. Veja só:
Sugestões para os dois:
Sim, vocês podem dar certo, desde que invistam em um diálogo sincero e produtivo. “Conversar sobre as situações que geram desconfortos e saber resolver essas questões é de extrema importância. Não adianta só discutir, o fundamental é buscarem juntos uma solução que seja boa para os dois”, diz Yuri Busin, psicólogo e diretor do CASME (Centro de Atenção à Saúde Mental Equilíbrio), de São Paulo (SP).
Segundo Poema Ribeiro, psicóloga e sexóloga, de São Paulo (SP), a vida amorosa não é um “balcão de trocas”, onde o que é dado tem que ser recebido na mesma intensidade ou quantidade. Ter uma natureza carinhosa precisa ser compreendido como parte da personalidade, que é composta por tantos outros elementos. Por outro lado, a parte mais introvertida do casal deve mostrar ao par todos os prismas da convivência a dois, para que o carente de carinho dê valor a outros pontos positivos que compensem a falta da tão desejada “efusão” amorosa.
Se é você quem demonstra mais carinho:
"O primeiro passo é refletir: o fato de a pessoa não manifestar as emoções e reações como você significa que ela não as tem? Caso você responda ‘sim’, quer dizer que seu par é insensível? Então, todo mundo que não é igual a você nessa questão é insensível?”, sugere Lissandra Cristine Bassi, terapeuta e coaching, de São Paulo (SP). Essas perguntas são importantes para reavaliar a sua maturidade para lidar com as diferenças, bem como a importância que dá às generalizações.
Busque respeitar os limites do par e ir construindo devagarinho uma relação mais aberta de conversas – assim, aos poucos, você pode ir ensinando como se desenvolve essa troca de carinho e ir inserindo esse comportamento na dinâmica do casal. É preciso entender como a pessoa funciona. Lembre-se, por exemplo, que muita gente sente constrangimento em receber carícias em público.
Se você gosta de receber muito carinho e não tem recebido, é importante que converse sobre isso e mostre ao par o quanto isso é importante para se sentir feliz. “Mostre à pessoa caminhos e formas de dar o carinho que você valoriza. Verbalize aquilo que deseja, em vez de simplesmente esperar que o outro se dê conta das suas necessidades”, fala Yuri.
"Lembre-se: a manifestação de afeto, embora isoladamente não seja algo que possa dar a medida do amor, é muitas vezes encarada como se fosse”, afirma Poema Ribeiro. Tente driblar essa lógica se lembrando de várias coisas legais que o par faz por você que, apesar de não serem tão carinhosas quanto gostaria, são fofas o bastante para demonstrar amor: preparar o café e deixar você dormir mais tarde nos fins de semana, comprar o seu doce favorito sem que seja preciso pedir, assistir o seriado no Netflix que você escolheu, etc.
Cobrança nem sempre resolve. O que ajuda é conversar e tentar compreender melhor o porquê de tanta retenção das emoções. “Ao se aproximar com delicadeza, talvez dê para perceber que o que é visto como distanciamento trata-se somente de um jeito de ser. E, que por trás de um jeito distante, há sentimentos fortes e profundos”, conta Poema.
Se você é a parte contida do casal:
Para certas pessoas, entrar em contato com as emoções é algo muito complicado. Muitas encaram isso como um sinal de fraqueza ou um processo dolorido, devido a traumas anteriores. Caso se identifique com esse quadro, tente em primeiro lugar entender o que acontece dentro de si: faça uma autorreflexão sobre o tema e tente descobrir os motivos. Não hesite em buscar ajuda profissional de um psicólogo, se notar a necessidade.
Converse com o parceiro e explique suas limitações, sem medo de julgamentos. “Mostre que tem dificuldade de se expressar emocionalmente e diga que isso não tem a ver com o quanto você gosta da pessoa. Isso vai transmitir segurança ao par”, declara Yuri.
Para Márcia Sando, psicóloga, coach de relacionamentos e terapeuta sexual, de São Paulo (SP), é importante deixar bem claro que a sua funcionalidade emocional retraída não tem nada a ver com desamor – nem mesmo com pouca dedicação de atenção. Procure apresentar exemplos práticos que provem a força dos seus sentimentos e a vontade que sente em fazer a relação dar certo.
Que tal investigar se a sua maneira de se colocar nesse relacionamento é resultado do que viveu nos anteriores? Decepções, infidelidades e quebras de compromisso podem deixar marcas profundas. Com receio de sofrer, a pessoa opta por se fechar – assim, se o romance não der certo, pelo menos ela não investiu pesado. Não vire refém dessa ideia. Pense que cada pessoa e cada relação são únicas. Não é porque você teve uma experiência negativa no passado que ela vai se repetir novamente – a não ser que você se esforce para isso. Supere o medo e entregue-se ao que deseja viver.
Também é bom se livrar de crenças ultrapassadas, fruto de uma possível educação repressora. Exemplos? “Quem se expõe demais não se dá valor”, “Quanto mais você pisa numa pessoa, mais ela corre atrás”, “Mulher tem que saber se comportar”, “Homem que é homem não demonstra suas emoções” etc. Siga seus instintos.
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