Após morte de bebê, loja devolve dinheiro de móveis do quarto: "É o mínimo"
Renata Senise, 33, foi do céu ao inferno em 2017: viveu a felicidade do nascimento da filha Isabella, mas também o luto pela morte da bebê, aos 10 dias de vida. Cinco meses após a perda, a história trágica ganhou ares mais leves quando a loja que vendeu os móveis do quarto da criança ofereceu ajuda à família e emocionou Renata.
"Só o cheiro (dos móveis) me fazia sonhar. Era o cheiro da Bella chegando. Só que ela nunca veio. E aquele cheiro virou cheiro de saudades. Aquele quarto já não fazia mais sentido, pois ele jamais seria ocupado por sua dona. Eu nem conseguia entrar nele direito. Tão lindo. Tão vazio", escreveu Renata em seu Facebook.
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Por intermédio da arquiteta contratada para fazer o quarto, a loja que vendeu o berço e outros móveis quis fazer algo pela cliente. Propuseram, então, duas alternativas: a desmontagem, retirada e a devolução do dinheiro ou desmontar e remontar quando família decidisse, sem cobrar nada por isso.
Renata escolheu pela desmontagem e devolução dos móveis. "Abrir a porta (do quarto) e sentir aquele cheiro me desmontou inteira. Segurei o choro no fundo da garganta. Um dos moços que veio foi o mesmo que montou tudo pra mim. E eu vi neles uma tristeza de estarem fazendo isso. Eles foram a gentileza em pessoa", relatou. "No meio desse mundo frio, duro e egoísta, vejo cores e bondade e amor", contou Renata, emocionada.
"É o mínimo que a gente pode fazer"
A publicação, feita no último dia 30, data da desmontagem do quarto, viralizou e deixou muita gente encantada com atitude da empresa. Em entrevista ao UOL, Luciana Raunaimer, criadora da Ameise Design, contou que não há uma política fixa na empresa de como agir em situações como essa, mas que a orientação de pós-venda é oferecer auxílio aos clientes.
"É o mínimo que a gente pode fazer, não é nada extraordinário. Pra gente é normal: se não tem um bebê, o que você vai fazer com o berço? Quer devolver, quer guardar, como a gente pode te ajudar? A perda é muito dolorosa e, além de tudo, ter que pensar 'como que eu vou desmontar esse berço', 'onde que eu vou guardar' já é demais", diz Luciana, que está contente e surpresa com tamanha repercussão da história.
Ela explica que cada família lida com o luto de um jeito muito particular: há quem não queira desmontar o quarto e quem precisa de um tempo a mais para processar a perda, por exemplo. Por isso, a loja não aborda diretamente a família em casos como esse. "A gente só faz isso também se existe uma abertura, se alguém nos aciona. Não vamos ligar para cliente para falar 'oi, tudo bem? Quer desmontar seu quarto?'. A gente toma muito cuidado, porque é uma fase muito sensível. Não consigo nem imaginar o que é perder um filho".
Em sua página oficial no Facebook, a loja não propagandeou nada sobre o auxílio prestado à família de Isabella. Todas as últimas postagens, no entanto, foram recheadas de comentários positivos e de parabéns, feitos espontaneamente por quem conheceu a história de Renata.
"Estamos muito felizes pelo reconhecimento, mas, ao mesmo tempo, é uma situação superdelicada. A gente não se sente confortável de divulgar (a história na página)", diz Luciana, explicando que tem receio de expor os clientes.
A designer diz que desde sexta-feira a página tem recebido muitas mensagens positivas. "Começou com uma mensagem ou duas na sexta. Agora estou com 4 pessoas aqui para responder aos comentários e agradecer as mensagens que a gente está recebendo. Não estamos dando conta, mas fazemos questão de pelo menos agradecer a cada um que nos aciona", explica.
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