Pais tomarem banho com os filhos pequenos é bom ou ruim para as crianças?

Há pais que tomam banho com o filho porque é mais prático - assim, a molhadeira acontece uma vez só e ainda aproveitam para ensinar às crianças como se lavarem direito. Outros, entretanto, não se sentem à vontade com esse costume. A melhor opção, dizem os especialistas, é a que deixa cada família mais confortável. 

As temíveis perguntas

Os pais se preocupam em saber até quando podem tomar banho com os filhos sem ouvir perguntas constrangedoras. Resposta: até os 4 ou 5 anos da criança. “É nessa idade que começam os questionamentos a respeito do corpo dos pais”, diz o psicólogo Yuri Busin. Thays Lorraine, 20 anos, administradora, tem um filho de 1 ano e 8 meses. Ela percebe que ele, apesar de não falar nada, repara nas diferenças entre os dois e aponta para o que chama a sua atenção. “Pretendo tomar banho com ele até os 3 anos. Tenho também dois enteados e antes tomava banho com eles. Mas o mais velho já faz muitas perguntas. Por isso, agora tomam banho com o pai”.

Fale com naturalidade

Tomar banho com o filho é uma boa oportunidade para explicar a diferença entre homens e mulheres. E mais: “É um momento em que se pode falar um pouco de preservação sexual, dizendo que ninguém pode tocar no ‘piu piu’, por exemplo, mostrando quais os limites do corpo para si e para os outros”, conta Busin. Mas não precisa se estender no assunto e dar uma aula sobre reprodução humana. Basta responder o que ele quer saber e pronto. “Explique em uma linguagem que a criança entenda, sem entrar muito em detalhes”, sugere o psicólogo Marcelo Quirino. Simone Bispo, 29 anos, dona de casa, não vê problemas em tomar banho com os filhos, um de 10 meses e outro de 3 anos. “Até hoje o mais velho não fez perguntas. Como estão acostumados comigo desde recém-nascidos, acho que nem percebem as diferenças. Sei que um dia as perguntas virão e se forem respondidas pelos pais, melhor”.

Aceitação do próprio corpo

Outra grande vantagem de tomar banho com os filhos é poder ensiná-los a gostar do próprio corpo desde cedo, dizem alguns especialistas. “Ter contato com o próprio corpo fortalece a segurança da criança”, diz Yuri Busin.

A gerente de treinamento Luciana Boscolo, 37 anos, tem uma filha de 4 anos e arrumou uma maneira de não se antecipar em explicar determinados fatos da vida que sua pequena ainda não saberia entender direito. “Ela já pergunta sobre as partes do corpo e as diferenças entre nós. Eu explico que, quando ela for grande, será igual à mamãe. Mas não tomo banho junto quando estou menstruada”.

Só é preciso cuidado para não passar certas noções que, eventualmente, possam complicar a autoaceitação do corpo deles mais tarde, principalmente no caso das meninas. Falar mal dos próprios pelos ou tratar algo natural do corpo com nojo, por exemplo, pode criar uma ideia errada sobre o que deveria ser normal.

Não force a barra

Se você é do time que não gosta de ficar nu na frente das crianças, não há motivo para agir diferente. Em algum momento, a criança vai perceber o constrangimento dos pais na situação e pode criar, no futuro, uma imagem negativa sobre a nudez. Para quem se sente desconfortável, pode ensinar que cada membro da família deve ter um momento de privacidade. Você continua a ajudar o filho que não toma banho sozinho, mas vestido.

Já sou grande

Cada família tem sua própria dinâmica e vai saber até quando tomar banho com os filhos. Mas, aos 4 ou 5 anos, quando a criança passa a ter maior consciência corporal, também pode desenvolver o sentimento de vergonha e não querer mais ajuda no banho, no banheiro, nem para trocar de roupa. Normal. “Se perceber que a criança está incomodada em tomar banho com os pais ou em tocar no assunto sobre as diferenças entre homens e mulheres pode ser que ela esteja querendo ter mais independência e privacidade”, diz Busin. Quando chegar esse momento, pode ser a hora de os adultos deixarem a criança encarar o chuveiro por sua própria conta.