Bianca Bin aponta machismo na tevê: "Também ganhamos menos que os homens"
No ar como a Clara de "O Outro Lado do Paraíso", Bianca Bin colhe os bons frutos da dedicação de 11 horas de trabalho diárias à protagonista — uma personagem que envolveu o país desde o início de sua jornada como sobrevivente de abusos físicos, emocionais e sexuais do marido, e que dá a volta por cima.
Retratar, no entanto, dores tão intensas tem seu impacto na vida da intérprete, que já lidou com a síndrome do pânico no passado. "As cenas exigem muito emocionalmente. O corpo não entende que é de mentira e solta muita adrenalina”, diz, sobre os abusos sofridos por Clara na trama. “É difícil não misturar, fico confusa, à flor da pele. Preciso meditar para me desligar quando chego em casa", contou à edição de janeiro da revista "Glamour".
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A atriz de 27 anos se revelou à publicação uma adepta do que chama de "medicina da floresta". Ela usa, ocasionalmente, rapé — um pó resultante de folhas de tabaco torradas e moídas, e se entrega a sessões de litoterapia, prática que usa a energia de pedras e cristais para combater males físicos e emocionais. "Sou meio bruxa", diz.
O contato de Bianca com as terapias alternativas começou em 2012, durante suas férias da tevê após concluir "Cordel Encantado", novela das 6 que protagonizou ao lado de Cauã Reymond. "Saí de um ritmo frenético de gravações e entrei numa entressafra pacata. Com a cabeça vazia, pirei".
Comecei a ter muitas crises de ansiedade. Sentia que ia vomitar em quem estivesse na frente, principalmente em teatros, pré-estreias de filmes e eventos cheios de fotógrafos e jornalistas. Sentava sempre na ponta porque tinha medo de ficar presa. Fui procurar ajuda e descobri que era o início de uma síndrome do pânico", relembra.
Bianca, no entanto, não se deu bem com a medicina tradicional. "Saí da psiquiatra com uma receita de Rivotril. Tomei, mas parei porque a ressaca do remédio me deixava pior. Sentia bugs no cérebro, ficava confusa. O que me salvou foi a microfisioterapia, uma técnica francesa de reprogramação celular por meio do toque. Embora viva equilibrada, sei que não tem cura. Estou sempre alerta e, quando vejo que o padrão do pânico está se repetindo, busco parar, respirar e me reconectar comigo mesma, com a minha essência".
O espírito de justiça de Clara: "Nasci feminista; quero igualdade"
Nesta essência da atriz, revela, está a personalidade combativa de Clara. "Nasci feminista porque fui criada de forma machista. Meu irmão [Marcus, dois anos mais velho que Bianca] sempre saiu sem dar satisfação, sem ter hora para voltar. A luta começou dentro de casa, porque sempre me posicionei. Tenho um espírito revolucionário, combativo, de guerrilha. Quero igualdade e justiça.
Ela ainda toca na questão da diferença salarial entre homens e mulheres — uma discussão que atrizes de Hollywood como Jennifer Lawrence e Meryl Streep também já fizeram questão de levantar. "Trabalho em um universo masculino e preciso me colocar. Ali dentro a gente também ganha menos que os homens. Não tem como não tocar nesse assunto".
Apesar de afirmar que se entendeu como mulher "desde sempre", Bianca pontua que esta consciência não aconteceu sem conflitos. Ela conta que morreu de vergonha quando menstruou pela primeira vez, aos 12 anos. "O que era para ser um processo bonito e feminino foi traumático. Fiquei horas trancada no banheiro. Hoje passou, ainda bem! Sempre agradeço por esse sagrado feminino e planto a minha lua".
Sobre a prática, ela explica: "Plantar a lua é devolver o sangue para a terra. Uso o coletor menstrual e coloco o sangue nas plantas, diluído em água. É uma forma de fechar o ciclo. Isso mudou minha relação com meu corpo e com me entender mulher. O universo é uma grande potência feminina e é com essa força que busco me conectar sempre", conclui.
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