'Só vi meu filho no enterro', diz mãe que perdeu bebê no parto
Em 2014, com 36 semanas de gestação, a auxiliar administrativa Vanessa Evangelho, 36, viu o sonho da chegada do primeiro filho ruir. Por causa de uma complicação no parto, Enthony nasceu sem vida.
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“Só vi o rostinho do meu bebê no enterro. Ainda hoje fecho os olhos e me lembro dele, perfeitinho.” Abaixo, ela relembra a dor da perda do menino e como foi, cinco meses depois da morte dele, descobrir-se grávida da filha, Alicya, hoje com dois anos e quatro meses.
“Eu e meu marido, Valter, ficamos muito felizes quando descobrimos que eu estava grávida. Fiz o pré-natal e todos os exames indicavam que eu e o bebê estávamos bem. Mas, a partir do quarto mês, minha pressão começou a oscilar. Ia para o pronto-socorro toda vez que ela subia, fazia exames, tomava remédio e voltava para casa. Nesse vai e volta, fiz mais de 20 ultrassons.
Estava na casa de uma amiga quando comecei a sentir uma dor muito forte na barriga. Liguei para o meu marido e fomos para o hospital. Chegando lá, a médica me examinou e tentou ouvir os batimentos do coração do Enthony. Da primeira vez, ouviu bem fraquinho, mas, depois, não escutou mais nada. Após os exames, ela disse que ele estava em sofrimento fetal e que eu ia ter de fazer uma cesárea de emergência. Estava com 36 semanas.
No parto, eu não conseguia parar de tremer. No momento em que a médica tirou o bebê da minha barriga, ficou um silêncio na sala.
Perguntei: ‘Por que ele não está chorando?’
Ela me pediu calma e disse que estavam levando ele para limpar.
Foram momentos de desespero. A enfermeira voltou e disse: ‘Mãezinha, você tem de ter calma, infelizmente, seu bebê não sobreviveu’. Fiquei em choque e comecei a chorar. Lembro de ter falado para o meu marido: ‘Mô, não consegui trazer o nosso filho’.
A médica explicou que o Enthony não resistiu porque teve falta de oxigênio e, se tivesse sobrevivido, poderia ter tido sequelas. Fui levada para a sala de recuperação e depois para o quarto, sem ver meu filho.
Pedi ao meu marido para tirar uma foto dele, queria ter uma recordação, mas meu irmão não deixou. Ele disse que eu ia ficar me remoendo. Fiquei com muita raiva, porque ninguém tinha o direito de me privar disso. Mas depois acabei entendendo a preocupação dele.
Fico triste por nunca ter carregado o meu filho no colo
No dia do enterro, pedi para abrirem o caixão dele, queria vê-lo por completo. Coloquei a mão nele e, nessa hora, senti uma dor insuportável. Ainda hoje, quando fecho os olhos, lembro dele perfeitinho, o rosto, o nariz, a boca. Cantamos uma música para ele e nos despedimos.
No início, foi muito difícil. Só chorava e me culpava. Achava que não prestava para ter filho. Meu marido me apoiou muito, assim como a minha família. Para surpresa geral, cinco meses depois de todo esse sofrimento, descobri que estava grávida. Fiquei feliz, mas tinha medo de acontecer tudo de novo.
Minha gestação foi tranquila, reforcei os cuidados com a saúde e, quando completei 38 semanas, fiz uma cesárea. Estava insegura. Só fiquei aliviada quando ouvi o choro da minha filha. Foi a melhor sensação do mundo. O choro pelo qual esperei tanto e não ouvi na primeira gravidez.”
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