Orgulhe-se de sua acne no Instagram, mas não negligencie cuidados
#AcneIsBeautiful (acne é bonito, em tradução livre) ou #AcneIsNormal (acne é normal) são hashtags de um movimento que tem crescido nas redes sociais, especialmente no Instagram. Nele, espinhas, cravos, manchas e cicatrizes na pele do rosto não são mais motivo de vergonha, mas acontecimentos comuns na vida de qualquer um e, por isso mesmo, marcas que não precisam ser escondidas ou disfarçadas.
O fotógrafo Peter DeVito, 20, é um dos precursores das hashtags. A fim de desmistificar a carga negativa atribuída ao problema, ele clicou uma série de fotos na qual mostra rostos com acne sem maquiagem ou retoques. O jovem, que vive em Nova York, contou à versão americana da revista "Elle" que usou a própria experiência como inspiração para o trabalho, já que, durante muito tempo, não conseguia compartilhar imagens de si mesmo sem aplicar filtros corretivos.
Veja também
- Jovem usa redes sociais para mostrar difícil jornada contra a acne
- Garota com acne deixa maquiagem de lado e dá lição de autoestima
- Mitos e verdades sobre validade de maquiagem e cosméticos
“Tenho lutado contra a acne há anos e, recentemente, ela só tem piorado. Por isso, decidi retratá-la em fotografia com um olhar mais positivo. Quero ao menos tentar mostrar que ter acne é normal”, escreveu em um de seus posts.
A "causa" da normalização da acne tem sido abraçada, inclusive, por celebridades. Caso de Kendall Jenner, modelo mais bem paga de 2017, que apareceu, no Globo de Ouro, no início de janeiro, com uma maquiagem leve, que deixava ver seu rosto cheio de espinhas. Ao ter sua atitude elogiada pelos seus seguidores no Twitter, Kendall aproveitou para dar um recado: "Nunca deixe uma bobagem como essa te segurar". Engrossam a lista outras famosas como Selena Gomez e Bella Thorne.
Acne (também) é doença
Dermatologistas ouvidos pelo UOL dizem que, sim, a acne deve ser encarada como um evento comum. Aliás, ela pode ser mais do que um problema passageiro da adolescência e aparecer também na idade adulta. Estudos recentes apontam que mais de 40% dos indivíduos adultos sofrem com ela, principalmente mulheres.
No entanto, apesar de ser um evento frequente na vida das pessoas, é uma doença séria e deve ser encarada como tal. “Estamos falando, ainda mais quando ocorre na idade adulta, de uma disfunção das glândulas sebáceas, que pode indicar outras doenças. O movimento #AcneIsNormal é saudável e muito positivo quando tenta tirar da acne o estigma de que se trata de ‘sujeira’ ou ‘de que pode ser contagiosa’, mas não pode afastar as pessoas do tratamento nem da oportunidade de diagnóstico de outros males, como doenças endocrinológicas. No mais, mesmo quando há escolha pelo não tratamento, essa precisa ser consciente e embasada em muita informação”, afirma Tatiana Gabbi, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Acne em um reality no Instagram
Há dois anos, Kali Kushner, 21, que vive no Estado de Ohio, nos Estados Unidos, expõe sua história de amor e dor com a acne em seu perfil no Instagram, o @myfacestory. No caso dela, as espinhas e os cravos só apareceram a partir dos 19 anos e, desde então, Kali tentou de tudo para “limpar a pele do problema”. No fim, o que realmente funcionou foi o tratamento com Roacutan, medicamento famoso por combater a acne, mas que tem severos efeitos colaterais, como ressecamento e até depressão.
Durante a jornada de exposição nas redes, a americana nunca deixou de exibir suas marcas na pele e de espalhar mensagens de empoderamento. “Não deixe o estigma da acne impedir você de fazer o que quer.” “Não tenha vergonha de suas marcas.” “A acne não pode te trancar em casa.”
O recado de Kalil é justamente sobre não subestimar nem negligenciar a acne, mas, ao mesmo tempo, não permitir que ela defina a autoestima.
Enquanto isso, nos consultórios de dermatologia
Flavia Ravelli, dermatologista na cidade de São Paulo, comenta que a tendência das redes chegou, de alguma forma, aos consultórios. “As pessoas estão menos preocupadas em esconder a acne e procuram por tratamentos mais brandos.”
No entanto, por mais que a corrente de empoderamento ganhe força, Flavia diz que não podemos ignorar os males sociais e psicológicos que quem tem acne pode sofrer: “A doença mexe com a autoestima. Altera a qualidade de vida, muda a percepção que a pessoa tem de si mesma. Por isso, quando pensamos em acne, o tratamento dermatológico importa, mas tratar o preconceito dos outros também.”
Tatiana completa: “Por mais incrível que pareça, tem gente que ainda pensa que ter espinhas e cravos é questão de desleixo e que o problema pode até passar de pessoa para pessoa. Esses são mitos que, muitas vezes, fazem com que as pessoas que têm acne queiram não sair de suas casas. A vergonha e o constrangimento vêm muito daí.”
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.