Qual o segredo da indiana que tem 2 livros entre os mais lidos no Brasil?
Rupi Kaur é o nome da poeta que há mais de um ano está na lista de autores mais vendidos no Brasil. Em fevereiro deste ano, com o lançamento de seu segundo livro, “O Que o Sol Faz com as Flores” (Ed. Planeta), a escritora conseguiu emplacar dois títulos simultâneos no top 10 dos mais procurados. Mas por que a obra da autora naturalizada canadense, nascida na Índia, é um sucesso?
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A culpa é do Insta
Boa parte dessa repercussão em torno de Rupi se deve à internet. Seus poemas curtos começaram a fazer sucesso por volta de 2014 no Instagram, onde tem 2,4 milhões de seguidores. Rupi recebeu até mesmo a alcunha de ‘Instapoet’ (ou “poeta de instagram”).
O burburinho definitivo por aqui se deu em 2017, com o lançamento da versão em português de “Outros Jeitos de Usar a Boca” (Ed. Planeta), título ainda entre os mais vendidos no Brasil, batendo a marca de 100 mil cópias.
Na obra de poemas curtos são expostos temas como opressão de gênero, sexualidade e machismo. Youtubers, como Jout Jout, passaram a compartilhar e a discutir a obra na rede e em rodas de discussão.
"'Outros Jeitos de Usar a Boca' foi como um grito de tantas mulheres que estava sufocado e Rupi conseguiu botar para fora de uma forma acessível e identificável”, analisa Luiza Lewkowicz, editora do novo livro da poeta.
Busca por escritoras aumentou
Para Luiza, o frisson também é associado a um movimento maior, em que escritoras têm sido mais lidas e respeitadas, como é o caso da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, autora de “Sejamos Todas Feministas” (Companhia das Letras).
A diferença entre o livro de estreia e o título mais recente de Rupi são os temas e também a forma de contá-los.
“‘Outros Jeitos’ é organizado em ‘a dor’, ‘o amor’, ‘a ruptura’ e ‘a cura’. Em ‘O que o Sol Faz com as Flores’ as partes se dividem em ‘murchar’, ‘cair’, ‘enraizar’, ‘crescer’ e ‘florescer’, representando o ciclo de vida de uma flor”, explica Luiza. A infância e a família --em especial, a relação com a mãe-- também ganham cena.
Prós e contras
É verdade que a fama também traz críticas, que são direcionadas à fórmula ‘semipronta' dos poemas. Outras críticas dizem que tópicos, como violência e racismo, são abordados apenas para atingir o efeito viral, deixando de lado a suposta aura autobiográfica.
Para Luiza, porém, a mensagem vai além. “Estamos discutindo construções de processos identitários, questões de gênero e raciais e direitos humanos, ainda que em meio a governos totalitários. Esse movimento [de escritoras feministas] pode e deve ser uma forma de revolução”, conclui.
Ficha técnica
O que o Sol faz com as flores
Rupi Kaur
256 páginas
R$ 34,90
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